A criação de um cursinho preparatório para alunos de escola pública compõe o projeto, uma resposta ao programa lançado pelo governo
Paulo Saldaña
A proposta, aprovada ontem pelo Conselho de Graduação, representa o abandono quase total do plano do governador Geraldo Alckmin (PSDB), lançado em 2012 ao lado dos reitores da USP, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Um dos pontos mais polêmicos – um curso semipresencial que parte dos cotistas faria – foi descartado.
De acordo com o novo texto, um aluno negro ou indígena que cursou a educação básica na rede pública poderá ter um bônus de até 25% na nota. Sem o critério racial, o bônus para a escola pública será de até 20%. O acréscimo máximo era de 15% na nota até este ano.
Apesar de a proposta votada ontem ser resultado do posicionamento das 42 unidades da USP, ela tem de ser aprovada no Conselho Universitário para valer no próximo vestibular.
O prazo para as metas de inclusão também são diferentes do que o governo havia proposto. O documento elaborado pelo Conselho de Graduação diz que a USP só teria condições de alcançar 50% de inclusão de alunos de escola pública em 2018, não em 2016, como previa o plano de Alckmin, o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Paulista (Pimesp).
O novo projeto não fala em cotas, só em metas. No evento de apresentação do Pimesp, Alckmin falou em reserva de vagas de forma gradual, até 2016. “Será automático: 35% das vagas vão para esses alunos. Eles entrarão pelo vestibular tradicional, se não passar, terão pontuação acrescida”, disse Alckmin em dezembro.
A USP sempre teve um perfil elitista de alunos. Apesar de a escola pública abrigar 85% das matrículas do ensino médio, a grande maioria dos alunos da universidade saiu de escolas privada, é branca e tem bom nível econômico.
Entre 2012 e 2013, o porcentual de alunos de escola pública passou de 28% para 28,5%. Levando em conta apenas as dez carreiras mais concorridas, só 19% dos matriculados vieram dessa rede. Nesses dez cursos, metade dos ingressos é das classes A e B (com renda acima de R$ 6.220). E só quatro pretos conseguiram se matricular.
Não há menção para que as metas sejam atendidas por curso. Também não existe previsão de ação para o caso de não atendimento às metas.
A oferta de um cursinho pré-vestibular é outra aposta. O curso de reforço, para mil alunos, será oferecido anualmente, com duração de dez meses. As vagas são destinadas a quem estudou na escola pública e prestou a Fuvest, mas não passou no vestibular.
A primeira edição, de caráter experimental, será oferecida a partir de agosto, com duração de cinco meses. As aulas serão ministradas por alunos de Licenciatura, sob a supervisão de estudantes de pós-graduação, somente na Cidade Universitária, zona oeste da capital.
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