MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 30 de junho de 2013

Andar de bicicleta requer alguns cuidados com a saúde


Alongamentos e boa alimentação são essenciais para não haver problemas.
Síndrome do piriforme é comum entre os novos ciclistas.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Ciclofaixas já são tradição dos finais de semana e feriados no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Ciclofaixas já são tradição dos finais de semana e feriados no Recife (Foto: Katherine Coutinho / G1)
A existência de ciclofaixas aos domingos já fazem parte da rotina de muitos recifenses, com o número de ciclistas tendo crescido no último ano. Uma pesquisa recente, encomendada pela Secretaria de Turismo e Lazer ao Instituto Maurício de Nassau sobre as ciclofaixas, mostra que 34,4% dos entrevistados utilizam bicicleta há menos de um ano. Além de cuidados com a segurança, com utilização de itens de segurança, os novos ciclistas precisam prestar atenção à saúde antes de investir em uma nova atividade.
O fisioterapeuta Rafael Sales explica que muitas lesões musculares acontecem devido à falta de preparo físico. “A gente é muito imediatista, no geral. Começamos a malhar aqui e em uma semana queremos correr uma maratona. O que mais chega para mim são pessoas que vão fazer atividade física, fazem de qualquer jeito. Como o corpo não está pronto, não é receptivo ao estímulo. A pessoa de repente anda muito de bicicleta, resolve correr, acaba sentido dores”, explica Sales.
Os ciclistas mais recentes tendem a sentir mais as dores devido à facilidade do exercício, que leva a um 'excesso', explica o professor de educação física Roosevelt Menezes. “[Pedalar] é uma atividade leve, onde se aplica pouca força e a própria inércia vai levá-lo cinco metros adiante. Aí se dá mais quatro pedaladas, vai mais dez metros. Então, para o ciclista, dá tempo de recuperar a sensação, mas a musculatura não funciona assim. Por isso que correr é mais difícil, você tem que aplicar a força a cada passada. Bicicleta não, você vai sentir quando estiver bem longe de casa. É onde se acentuam as lesões, você já sentiu os primeiros efeitos quando está a dez quilômetros de casa e vai ter que voltar . Por isso que no dia depois a pessoa sente dores”, aponta Menezes.
Luana Monteiro e Patrícia Vieira estão entre os que adotaram a bicicleta há pouco tempo. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Luana Monteiro e Patrícia Vieira admitem que pegaram a bike sem se preocupar com postura
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
As amigas Luana Monteiro e Patrícia Vieira admitem que pegaram a bicicleta sem se preocupar com a postura. As duas alugaram bicicletas no Parque da Jaqueira, na Zona Norte da Cidade, e pedalaram até a Avenida dos Palmares, percorrendo aproximadamente cinco quilômetros, quase 'sem sentir'. "A gente pretende mesmo repetir a experiência, mas chegamos aqui quase morrendo, e tem que voltar agora", conta Luana.
Uma das reclamações mais comuns é a de ‘dor nas costas’, por vezes confundida com a síndrome do piriforme, músculo estratégico do quadril, que cuida da rotação do sacroilíaco, a última parte da coluna. “Mesmo sendo de baixo impacto, o movimento repetitivo gera desequilíbrio. Não tem estudos que comprovem que todo ciclista desenvolve a síndrome do piriforme, mas, na prática, a gente vê um desequilíbrio da pélvis”, afirma Sales.
Mesmo já tendo ouvido falar da síndrome, Menezes acreditava que as dores que sentia nas costas, há seis anos, eram devido a problemas de coluna. Com medo de lesões, chegou a deixar de viajar com amigos para a Chapada Diamantina, até enfim ter o diagnóstico que o problema era outro.
“Todos os médicos diziam que era coluna. Só tem um ano que descobri que era síndrome do piriforme. O músculo pega de um lado a outro, do sacro ao fêmur. Quando ele é encurtado, ele gira, faz torção na articulação sacroilíaca. Ele joga então a tensão para a coluna lombar, para cima, então acontece uma reação em cadeia - e provoca na maioria das vezes uma travar das costas. Muita gente pensa que tem problema de coluna por causa disso”, explica o professor de educação física, que trata o problema com fisioterapia atrelada à osteopatia, semanalmente.
Fisioterapia com técnicas de osteopatia é uma das alternativas de tratamento. (Foto: Priscila Miranda / G1)Fisioterapia com técnicas de osteopatia é uma das alternativas de tratamento (Foto: Priscila Miranda / G1)
Os tratamentos mais comuns estão relacionados aos antiinflamatórios, com uma reincidência da dor a cada movimento. “A dor é uma conseqüência da inflamação. As pessoas quando estão com inflamação tomam logo o antiinflamatório, mas não perguntam a razão da inflamação. Muitas vezes, do ponto de vista prático, o problema está na distância de onde há a queixa. A pessoa sente dores na cervical, mas o problema está no sacro ou na dorsal, ou seja, uma região não funciona suficientemente bem e faz com que se sobrecarregue outra, gerando dor”, aponta o fisioterapeuta.
A osteopatia trabalha com a reorganização de articulação, tanto da parte muscular, quanto da plástica (tendões) e os ossos, sendo uma das opções de tratamento para lesões como essas. “A osteopatia pode organizar seu corpo e você se tornar mais receptivo a algumas situações. Eu reparto as tensões, os trabalhos. Com isso, consigo melhorar rendimento, porque  faço as articulações trabalharem de maneira mais eficiente”, explica Sales.
Alongar é essencial para evitar dores. (Foto: Priscila Miranda / G1)Alongar é essencial para evitar dores, de acordo com o fisioterapeuta Rafael Sales
(Foto: Priscila Miranda / G1)
Uma das formas de diminuir os danos à musculatura é buscar fazer alongamentos. “Quando acaba a atividade, o ciclista deve realizar o relaxamento e distensionamento do grupo muscular que foi superestimulado. É reforçar o óbvio, alongar mesmo, às vezes até eu preciso ser lembrado disso”, admite o educador físico.
Outra conseqüência de se fazer um exercício sem preparo e atenção a pequenos detalhes é a cãibra, que tem como motivos a má hidratação, o excesso de exercícios e a diminuição do potássio no organismo. “O importante é garantir boa hidratação, usando água antes, cerca de 300 mililitros; durante, tomando aproximadamente meio litro a cada hora de pedalada; e logo após o treino. Durante treino de mais de uma hora, deve-se, a partir de uma hora, iniciar o uso de carboidratos e eletrólitos (sódio e potássio), que serão usados como fonte de energia e evitarão desidratação e cãibras. As bebidas esportivas são indicadas nesse caso”, aponta a nutricionista Roberta Costi.
Cuidados
A alimentação é um dos cuidados necessários antes de pedalar. As recomendações das avós de não fazer exercício logo depois de uma refeição pesada são mais do que crenças, ensina a nutricionista. “Fazer exercício com o estomago ‘cheio’ leva a um ‘desvio do fluxo sanguíneo’, significa que ao invés do sangue levar glicose, que nada mais é que energia, para os músculos em exercício, ele também terá que levar energia para o estômago poder fazer a digestão. A consequência é uma diminuição na performance, o ritmo de treino diminui”, avisa Costi.
Sanduíche com suco é opção para antes de andar de bicicleta. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Sanduíche com suco é opção para antes de andar de
bicicleta (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Sair sem comer também não é uma boa ideia. “Nunca deve-se fazer exercício em jejum. Até uma hora antes, você pode fazer uma refeição sólida, como café da manhã, um sanduíche com suco, um iogurte com granola ou uma fruta com leite. Se for almoçar, deve-se esperar pelo menos duas ou três horas para fazer a digestão e treinar. Se só tiver 15 ou 30 minutos para sair para pedalar, use apenas algo leve, líquido de preferência”, ensina a nutricionista.
Aliando cuidados com a alimentação e com o preparo físico, a pessoa tende a perceber uma melhoria na qualidade de vida, acredita o educador físico Roosevelt Menezes. “O efeito mais imediato da atividade física é o sono. No dia que você faz atividade, você dorme bem. Depois, vêm outros efeitos crônicos, como melhora da postura, equilíbrio, marcha, condicionamento geral, força. Depois você vê aumento da massa muscular, melhor disposição. Os [benefícios] psicológicos são segurança física, autoestima”, explica.
O médico Herbert Ferreira, que adotou a bicicleta como hobbie, aponta ainda mais uma vantagem no exercício. “Você vê o outro lado da cidade. Fica uma cidade mais bonita, mais agradável. É redescobrir o potencial da própria cidade, além dos benefícios à saúde”, acredita.
Com alongamentos constantes, Menezes conseguiu pedalar mais de cem quilômetros sem dores. (Foto: Roosevelt de Menezes / Acervo pessoal)Com alongamentos constantes, Menezes conseguiu pedalar mais de 150 quilômetros em uma viagem
(Foto: Roosevelt de Menezes / Acervo pessoal)
Ainda assim, é preciso nunca esquecer o alongamento, alerta o professor de educação física. Em maio, Menezes viajou com o grupo Pedala Mundo para a França, onde pedalou mais de 150 quilômetros. Mesmo sofrendo da síndrome do piriforme, pela primeira vez na vida não sentiu dor alguma. "Eu fui com quatro esquemas de alongamentos. Todos os dias, depois de pedalar, eu deitava na cama e alongava. Não senti nada, faz realmente diferença alongar", avisa.
Antes e depois de pedalar, o ciclista deve alongar quatro músculos: o posterior de coxa, o iliopsoas, o piriforme e o quadrado lombar. "Eles são considerados o pilar do quadril, que é o eixo mais importante do corpo, porque liga as partes inferior e superior. E funciona não só numa direção, ele gira, roda e flexiona, em movimentos independentes", ensina Menezes.
Deitar na cama, alongar os músculus do quadril e relacionados ao movimento de pedalar é essencial. (Foto: Priscila Miranda / G1)Deitar na cama, alongar os músculus do quadril e relacionados ao movimento de pedalar é essencial
(Foto: Priscila Miranda / G1)

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