MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 31 de agosto de 2020


PGR fecha dez novos acordos de delação premiada que poderão devolver R$ 2 bilhões aos cofres públicos


Charge do Duke (otempo.com.br)
Aguirre Talento e Bela Megale
O Globo
A atual gestão do procurador-geral da República, Augusto Aras, promoveu um novo impulso à negociação de delações premiadas e tem uma lista de dez novos acordos que devem atingir, principalmente, parlamentares do Congresso Nacional e esquemas de corrupção nos estados, incluindo o Poder Judiciário.
Essa retomada de delações premiadas marca uma mudança em relação à gestão anterior, da procuradora-geral da República Raquel Dodge. Durante seus dois anos à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Dodge só assinou dois grandes acordos de colaboração na Lava Jato (do lobista Jorge Luz e do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro) e fez outros acordos menores, principalmente perante o Superior Tribunal de Justiça.
CRÍTICAS – Nenhuma das novas delações é desdobramento das investigações da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Nos últimos meses, Aras tem feito críticas aos procuradores da Lava Jato paranaense, que veem como incerta a prorrogação da atual estrutura da força-tarefa, até que se defina a transição para um novo modelo de trabalho.
A equipe de Aras calcula que os novos acordos totalizam cerca de R$ 2 bilhões a serem recuperados para os cofres públicos, de forma parcelada. Foi nessa linha que a PGR fechou neste mês seu acordo de maior valor, de R$ 1 bilhão com o acionista do grupo Hypera Pharma (antiga Hypermarcas) João Alves de Queiroz Filho, o Júnior.
A negociação inclui mais dois ex-funcionários do grupo, que se tornaram novos delatores: o ex-CEO Cláudio Bergamo e Carlos Roberto Scorsie. Também está prevista no acordo a repactuação da delação premiada do ex-diretor de relações institucionais Nelson Mello, que havia omitido fatos em seu primeiro acordo.
NA MIRA – No total, o acordo dos executivos do grupo Hypera Pharma prevê a recuperação de R$ 1,095 bilhão aos cofres públicos. As delações devem atingir principalmente parlamentares do MDB, acusados de receber repasses, via caixa dois, para favorecer interesses da empresa no Congresso. O material está com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin para homologação.
A lista de Aras também inclui dois novos delatores da Operação Faroeste, que investiga denúncias de venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia. Já denunciados pela PGR, o produtor rural Nelson José Vigolo e o advogado Vanderlei Chilante assinaram delação na qual admitem negociações de propina para processos em andamento.
O acordo ainda não foi homologado pelo ministro do STJ Og Fernandes, relator do caso. Fontes da PGR afirmam que o número de acordos fechados e enviados ao STJ é ainda maior, mas os nomes são mantidos sob segredo.
LAVA JATO FLUMINENSE – Na lista das delações, várias têm o Rio de Janeiro como palco principal dos fatos criminosos e devem abastecer novas frentes da Lava Jato fluminense. O primeiro foi o acordo do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, que foi homologado neste mês pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e recuperou R$ 8,5 milhões, além de ter resultado no afastamento do governador Wilson Witzel, na semana passada. Santos pediu demissão do governo após denúncias de fraude.
A PGR também assinou delação com um ex-assessor do governador em exercício do Rio, Cláudio Castro (PSC) —que assumiu o cargo após o afastamento de Witzel por decisão do STJ —, Marcus Vinícius Azevedo da Silva. O acordo está com o ministro do STF Marco Aurélio Mello para homologação.
NOVOS ESQUEMAS – A expectativa é que as provas trazidas pelo novo delator revelem novos esquemas de corrupção na administração estadual, envolvendo parlamentares federais e nomes do atual governo Witzel. O acordo deve resultar na recuperação de R$ 1 milhão.
Uma terceira delação que mira esquemas no estado é de José Carlos Lavouras, ex-conselheiro da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio). O acordo já foi encaminhado ao ministro Félix Fischer, do STJ, para homologação. Segundo fontes que acompanham a negociação, Lavouras teria relatado fatos criminosos envolvendo aproximadamente dez magistrados do Rio, entre desembargadores do Tribunal de Justiça e juízes de primeira instância.
EIKE BATISTA – Além dessas, a PGR deve finalizar nas próximas semanas ajustes nas cláusulas do acordo de delação do empresário Eike Batista e pedir novamente a sua homologação. Primeira tratativa assinada por Aras, o acordo foi devolvido à PGR pela ministra do STF Rosa Weber, em decisão proferida em maio, que apontou ilegalidades em algumas cláusulas.
Por isso, a equipe de Aras teve que refazer as condições do acordo. O trabalho já está na fase final. Na delação, Eike se comprometeu a devolver R$ 800 milhões aos cofres públicos e relatou fatos envolvendo deputados federais e personagens da política fluminense.
As investigações a partir dessas novas delações, entretanto, ainda não ganharam ritmo. Fora o acordo de Edmar Santos, os demais aguardam a homologação dos ministros responsáveis pelos casos. Só depois é que a PGR pode abrir novos inquéritos e desmembrar os anexos dos acordos para o Ministério Público Federal nos Estados. Aras ainda não teve seu primeiro acordo validado pelo Supremo, já que a delação de Eike foi devolvida.
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OS COLABORADORES

Eike Batista
O empresário se comprometeu a devolver R$ 800 milhões e delatou personagens da política do Rio, incluindo fatos sobre deputados federais. A PGR tenta novamente pedir a homologação do acordo, após o primeiro ser devolvido pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federa (STF).
José Carlos Reis Lavouras
A delação do ex-conselheiro da Fetranspor também pode gerar desdobramentos na investigação do esquema no Rio. Segundo pessoas que acompanham as negociações, Lavouras narrou fatos envolvendo dez magistrados do estado. O acordo está em análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Edmar Santos
As revelações do ex-secretário de Saúde do Rio resultaram no afastamento do governador Wilson Witzel (PSC). Com a delação, a Justiça recuperou R$ 8,5 milhões. A PGR assinou ainda um acordo com um ex-assessor do governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), que está em análise no STF.
João Alves de Queiroz Filho
A Procuradoria negociou um acordo com o acionista do grupo Hypera Pharma no valor de R$ 1 bilhão, o maior registrado pela gestão Aras. A delação mira parlamentares do MDB que supostamente atuaram a favor da empresa no Congresso em troca de caixa dois.
Claudio Bergamo
A PGR também fechou delação com ex-funcionários da Hypera Pharma, elevando a previsão de recuperação para os cofres públicos no caso para R$ 1,095 bilhão. Entre eles está o ex-CEO do grupo Cláudio Bergamo e o ex-executivo Carlos Roberto Scorsie. Caberá a Fachin homologar os acordos.
Nelson Mello
Entre as negociações previstas envolvendo a Hypera Pharma está uma repactuação de acordo firmado pelo ex-diretor de relações institucionais do grupo. Ele admitiu à PGR que omitiu fatos na delação, agora ajustada, com o objetivo de proteger a empresa e João Alves de Queiroz Filho.

Recuperar crescimento da economia fica mais difícil, porque a renda do trabalho caiu 15%


Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge: Salário x Fim do  mês
Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)
Pedro do Coutto
O processo de recuperação da economia, com a retomada do desenvolvimento, tornou-se no final deste mês ainda mais difícil, como destaca a reportagem de Cássia Almeida e Cleide Caralho, edição de hoje de O Globo, a qual acentua que a renda do trabalho no Brasil caiu 15,4% nos últimos doze meses, já descontada a inflação do período em torno de 2,3%.
A pesquisa foi produzida pelo IPEA e coordenada pelo economista Marcos Hecksher. O resultado, claro, torna ainda mais difícil e portanto mais distante a retomada do processo de desenvolvimento econômico traçado pela equipe do ministro Paulo Guedes.
RENDA PER CAPITA – Acrescento que ao longo dos doze meses a população brasileira cresceu na escala de 1%, já descontada a taxa de mortalidade que é de 0,7% ao ano, o que reduz ainda mais a renda per capita.
Quanto à queda da renda do trabalho, está inevitavelmente vinculada ao poder de consumo, que, como costumo assinalar, é a base do aumento da produção, comercialização e da receita de impostos.
Não existe outro caminho concreto e por isso não adianta o Ministério da Economia estimar que a reforma tributária possa causar, por si, elevação dos níveis de consumo.
AJUDA EMERGENCIAL – Para o IPEA, o recuo de 15,4% na renda do trabalho acarretou uma perda da ordem de 34 bilhões de reais. A reportagem acentua que a queda da renda só não foi maior em decorrência do abono de emergência de 600 reais mensais pago a 65 milhões de brasileiros.
Daqui para frente com a redução desse abono, a renda produzida pelos salários vai diminuir ainda mais. Afinal de contas os desembolsos do governo somaram 50 bilhões de reais a cada mês. Com a retração salarial, para o IPEA não há sinal de queda do nível de desemprego.
Mas chamo atenção também sobre 682 mil fraudes que custaram 42 bilhões de reais no trimestre. O sistema revelou-se altamente vulnerável. Até assalariados de classe média formaram nas filas para receber o produto de uma fraude.
O RIO E BOLSONARO – O repórter Felipe Grinberg, também na edição de hoje de O Globo, assinala que o governador interino do RJ, Cláudio Castro, está tentando marcar audiência com o presidente Bolsonaro para tratar do prazo de renovação do regime de recuperação fiscal.
O prazo limite acaba sábado próximo. A prestação a ser paga pelo estado do Rio de Janeiro é de 1 bilhão e 800 milhões de reais. Se o prazo não for estendido o pagamento do funcionalismo fica ameaçado.
Politicamente é uma oportunidade para Bolsonaro estender sua campanha de reeleição no segundo maior colégio eleitoral no país. Portanto, interessa a ele divulgar sua decisão, uma vez que o assunto é vital para a população carioca e fluminense.

Pesquisa da Fiocruz investiga processo de trabalho das equipes de Saúde da Família na covid-19









Serão explorados aspectos como incorporação de novas rotinas de serviços durante a pandemia; formas de atenção prestada a suspeitos e doentes com a covid-19; práticas de promoção da saúde para proteção à doença e práticas de vigilância para seu monitoramento e mitigação.
A Fiocruz lança nesta sexta-feira, 4, a pesquisa nacional Análise do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família na pandemia de covid-19. A investigação toma como ponto de partida a relevância da Estratégia Saúde da Família (ESF), considerada a estratégia primordial para o fortalecimento da atenção primária e coordenadora da rede de cuidados no SUS.
Os profissionais das equipes de ESF atuam no mapeamento do território, na coleta de dados sobre as condições socioeconômicas e de vulnerabilidade das populações e na vigilância epidemiológica. Estão, portanto, na linha de frente da promoção e prevenção da saúde, prestando os primeiros cuidados a pacientes infectados pelo novo coronavírus. O papel das equipes da ESF no controle da pandemia de covid-19 e na mitigação da morbimortalidade é, assim, realçado.
A pesquisa é conduzida pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, em parceria com a Fiocruz Ceará e a Universidade Federal da Paraíba. Serão explorados aspectos como incorporação de novas rotinas de serviços durante a pandemia; formas de atenção prestada a suspeitos e doentes com a covid-19; práticas de promoção da saúde para proteção à doença e práticas de vigilância para seu monitoramento e mitigação. A pesquisa buscará, ainda, conhecer as medidas de proteção individual/familiar/domiciliar e ocupacional dos profissionais das equipes de Saúde da Família.
“Objetivamos também no estudo conhecer o acesso das equipes de Saúde da Família aos equipamentos de proteção individual e à testagem, as formas de uso da saúde digital na comunicação com os usuários, a atuação dos conselhos locais de Saúde e das equipes NASF [Núcleo Ampliado de Saúde da Família], das equipes de consultório na rua, das equipes ribeirinhas e dos programas de residência médica e multiprofissional em saúde da família no contexto da pandemia”, destaca uma das coordenadoras do estudo, a pesquisadora Ivana Barreto, da Fiocruz Ceará.
Os resultados podem subsidiar os formuladores de políticas, nas diferentes esferas de governo, federal, estadual e municipal, bem como os gestores locais, com evidências empíricas sobre como a Estratégia Saúde da Família participa do enfrentamento à covid-19 e como o contexto das práticas no território e as condições de trabalho afetam sua atuação.
A pesquisa e a covid-19
No processo de atenção aos casos suspeitos e confirmados de covid-19, as unidades básicas de saúde (UBS) devem cumprir uma série de cuidados para prestar atendimento e prevenir a transmissão da doença aos profissionais e a outros usuários, além de manter, em paralelo, os demais serviços de rotina, o que representa um desafio para as equipes da ESF e gestores de saúde.
A atenção primária à saúde enfrenta desafios também por conta da atuação em territórios marcados por um quadro de morbimortalidade de elevada carga de doenças infecciosas e prevalência de condições crônicas, além de uma carga importante de causas externas, como a violência.
Entre as medidas necessárias à correta realização do trabalho pelas equipes da ESF, estão equipamentos de proteção individual (EPI) aos profissionais de saúde (máscara cirúrgica, luvas, óculos ou protetor facial e aventais descartáveis), lavagem das mãos com frequência, limpeza e desinfecção de objetos e superfícies tocados e manuseados rotineiramente, oferta de máscara cirúrgica a todos pacientes suspeitos de contaminação pelo coronavírus, logo após reconhecimento pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) ou profissional responsável pela recepção dos usuários, e condução dos casos suspeitos a uma área separada específica, visando ao isolamento respiratório.
Sabe-se, entretanto, que existem várias restrições à realização desses procedimentos nas unidades de saúde, desde a inadequação da estrutura física ao desabastecimento de EPI.
Sobre o público-alvo e a metodologia da pesquisa
A pesquisa dirige-se a todos os profissionais de saúde que atuam nas equipes da Estratégia Saúde da Família, na atenção primária à saúde – médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, técnicos de enfermagem, técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde e profissionais dos núcleos ampliados em Saúde da Família (fisioterapeutas, psicólogos, acupunturistas, fonoaudiólogos, entre outros).
As informações serão coletadas por meio de um questionário on-line, a ser acessado por qualquer dispositivo (computador, tablet ou celular) e que buscará explorar quatro eixos: perfil demográfico e profissional dos trabalhadores; manutenção e novos fluxos e rotinas dos serviços; atenção prestada a suspeitos, doentes e contatos de covid-19; promoção da saúde; vigilância em Saúde; e proteção individual/familiar/domiciliar e ocupacional dos profissionais.
A proposta é buscar a participação do maior número possível de profissionais, não havendo limite para uma amostra, nem cotas pré-definidas.
Sobre a Estratégia Saúde da Família
Criada pelo Ministério da Saúde em 1994, inicialmente, com o nome de Programa Saúde da Família, tem por objetivo promover a qualidade de vida da população brasileira, atuando na prevenção e na promoção da saúde e reduzindo os riscos à saúde, como o sedentarismo, a má alimentação e o tabagismo. Dessa forma, o foco se dá na saúde, não apenas na doença.
A ESF conta com equipe de trabalho multiprofissional, reunindo médicos, enfermeiros, profissionais de saúde bucal, agentes comunitários de saúde, além dos profissionais de seus núcleos de apoio (fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais e fonoaudiólogos, entre outros). Essas equipes fazem o acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada e têm uma relação próxima com a comunidade na qual atuam, podendo orientar o trabalho que realizam pelas características epidemiológicas, demográficas e sociais do local onde os pacientes vivem, oferecendo-lhes, assim, atenção integral.
Para acessar e responder o questionário
Todos os profissionais de saúde que integram equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF), atuando na pandemia de COVID-19, podem participar da pesquisa, respondendo o questionário.
Acesse o link: http://bit.ly/pesquisa-esf-covid
FIOTEC 

Pós UNISAL está com matrículas abertas para turmas de outubro

UNISAL

As especializações disponíveis são nas áreas de Direito, Educação, Engenharia e TI, Gestão e Saúde (Psicologia), com aulas 100% remotas
O Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, está com matrículas abertas para os cursos de Pós-graduação (lato sensu) com aulas 100% remotas e ao vivo com os professores de cada disciplina do curso escolhido.
Os interessados podem realizar a matrícula online diretamente no site www.unisal.br/pos e aproveitar o desconto de 50% na primeira mensalidade do curso escolhido, com pagamento no ato da matrícula.
Com a marca da tradição e da qualidade do ensino salesiano, o UNISAL investe em professores atuantes no mercado de trabalho para potencializar o aprendizado e a formação dos alunos, oferecendo teoria e prática profissional.
Este é um diferencial importante para que os profissionais possam se recolocar no mercado de trabalho, ou ocupar cargos de maior destaque e, consequentemente, salários melhores. Trata-se de uma maneira de aprofundar e atualizar os conhecimentos profissionais.
Conheça as áreas disponíveis para matrícula:

Direito
Direito Civil e Processo Civil
Direito Trabalhista e Previdenciário
Direito Público
Educação
Psicopedagogia (Y)
Neurociências, Educação e Práticas Pedagógicas (Y)
Inovação e Tecnologia na Educação
Docência no Ensino Superior
Engenharia e TI
Engenharia Eletrotécnica e Sistemas de Potência
Engenharia da Qualidade (Y)
Engenharia da Manufatura e Manutenção
Engenharia de Segurança do Trabalho
Big Data e Ciência de Dados (Y)
Inteligência Artificial e Learning Machine (Y)
Cibersegurança
Gestão
MBA em Gestão Estratégica de Negócios - Formação de Executivos
MBA em Finanças e Controladoria
MBA em Gestão de Pessoas e Leadership
MBA em Gestão de Projetos
MBA em Gestão de Processos – BPM e Lean
MBA em Logística
Saúde
Psicanálise
Terapia Cognitiva-Comportamental
Neuropsicologia

Os coordenadores de Pós-graduação do UNISAL ficam à disposição dos interessados para sanar dúvidas e orientar o melhor curso para cada área profissional. Para enviar uma mensagem aos coordenadores, basta acessar www.unisal.br/pos e clicar em “fale com o coordenador”.


Serviço: Matrículas abertas para Pós-graduação do UNISAL – turmas de outubro
Mais Informações: www.unisal.br/pos   / 0800 77 12345

SOBRE O UNISAL:
O Centro Universitário Salesiano de São Paulo está presente na área educacional desde 1952 e há mais de 20 anos com a marca UNISAL. Conta com Unidades em Americana, Campinas, Lorena, Piracicaba e São Paulo e também a Unidade Virtual/EaD, oferecendo Cursos de Graduação, Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu e Cursos Livres.  A Instituição integra as 93 Instituições Universitárias Salesianas (IUS) presentes em 21 países na América, Europa, Ásia, África e Oceania: www.unisal.br.
Informações à imprensa:
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Contatos: (11) 3254-6464
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Inovação aberta: por que tantas empresas estão delegando a inovação às startups?


Por Alexandre Pierro
Você já ouviu falar em inovação aberta? O termo foi criado pelo pesquisador Henry Chesbrough, em 2003, com o lançamento do livro “Open Innovation: The New Imperative for Creating And Profiting from Technology”. A ideia, segundo o autor, é expandir os limites das organizações e contar com colaboradores externos para que a inovação flua de forma múltipla. Genial, certo? Mais ou menos.
Definitivamente, não sou contra a inovação aberta. Muito pelo contrário. Acredito que o intercâmbio de ideias e principalmente o oxigênio trazido por startups ou mesmo universidades é primordial para o processo de inovação de qualquer empresa. No entanto, tenho visto muitas empresas apostarem todas as suas fichas na inovação aberta, deixando de lado a importância de estimular e valorizar a inovação que é gerada por seus próprios colaboradores.
O estilo startup é mesmo apaixonante, em especial para quem já está cansado das formalidades e burocracias do mundo corporativo. No entanto, cabe destacar que nem tudo são flores nesse universo. Segundo um levantamento da aceleradora Startup Farm, de 2016, 74% das startups fecham após cinco anos de existência. Ou seja, a grosso modo, os projetos desenvolvidos por elas já nascem com uma chance significativa de dar errado.
Em tempos de recursos contados, como boa parte das empresas enfrenta hoje com a crise do novo coronavírus, isso é impensável. E não se trata de um valor baixo, acessível para o mercado. Segundo o estudo 100 Open Startups, o valor médio dos contratos de inovação aberta é de R$ 140 mil. Ou seja: muito dinheiro aplicado e que precisa dar um retorno mensurável!
A pesquisa ACE Innovation Survey 2020, que ouviu empresas de vários portes e segmentos, mostra que quase todas as empresas que faturam acima de R$ 1 bilhão estão trabalhando com startups. Cerca de 44% delas tem um departamento interno responsável pela busca de startups, enquanto 30% afirmaram ter ajuda de consultorias. Metade dessas empresas dizem contratar startups como fornecedores, 25% afirma fazer investimentos nelas e 17% revelam já ter comprado ao menos uma startup. As maiores iniciativas de inovação aberta presente nessas empresas foram hackathons (40,7%) e engajamento de executivos na mentoria de startups (22,2%).
Todas essas iniciativas são válidas, desde que seja levada em consideração a estratégia específica de cada empresa. Contudo, não podemos, em hipótese alguma, apenas delegar a responsabilidade da inovação para as startups, que em sua maioria desconhecem profundamente a cultura e os objetivos da empresa patrocinadora. Mais frustrante ainda é não dar voz e vez ao público interno, que clama por atenção para suas ideias – que muitas vezes são simples, mas com alto potencial de impacto na realização de valor da companhia. Estimular o intraempreendedorismo é tão – ou até mais – importante que a conexão com o mundo exterior.
Uma boa forma de orquestrar e mensurar os resultados tanto da inovação aberta quanto da fechada é por meio da utilização do framework internacional de inovação estabelecido pela ISO – Organização Internacional de Padronização, a ISO 56002. Depois de 11 anos de estudos e um consenso entre 164 países, a ISO formulou um guia de boas práticas em inovação, na qual defende a criação de um sistema de gestão da inovação altamente personalizado e com foco nos resultados.
Ao adotar a ISO 56002 como norteador para os processos de inovação, a empresa define suas metas, política e visão, canalizando todos os esforços para um único objetivo: aumentar a realização de valor. E, um dos capítulos da norma fala justamente sobre a necessidade de criar programas de estímulo à geração de ideias pelas partes interessadas internas e externas. Indo além, a ISO reforça a necessidade de recompensar os inovadores, seja de forma financeira ou não-financeira, a fim de garantir que a inovação venha por todos os lados. Dessa forma, a empresa terá mais quantidade de iniciativas, podendo gerar ainda mais qualidade para suas inovações.
De modo geral, o que a ISO 56002 reforça é a necessidade de desenvolvermos uma direção estratégia, com uma abordagem orientada por processos e indicadores capazes de mostrar se a empresa está no caminho certo ou se precisa fazer algum ajuste de rota. Outro ponto fundamental é o desenvolvimento de uma cultura colaborativa, adaptativa e resiliente, capaz de tornar a instituição mais forte e preparada para lidar com as adversidades. Quem simplesmente aposta todas as suas fichas na inovação aberta, ignora todo o potencial do público interno. A inovação deve ser um processo intrínseco e horizontal para toda a empresa, não devendo ficar restrita a uma área, departamento, laboratório e muito menos às startups. Afinal, santo de casa faz milagre sim. Ele só precisa que a gente se lembre e “reze” por ele.
Alexandre Pierro é sócio-fundador da PALAS e um dos únicos brasileiros a participar ativamente da formatação da ISO 56.002, de gestão da inovação.
Sobre a PALAS:
www.gestaopalas.com.br | (11) 3090-7166
A PALAS é uma consultoria de inovação e gestão pioneira na implementação da ISO 56002. Nossa equipe participou ativamente do processo de formatação dessa norma e conquistou a primeira certificação da América Latina. Somos também a primeira consultoria certificada no Brasil. Oferecemos treinamentos, consultorias e implementação de normas ISO com o propósito de preparar as empresas para o futuro.


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Alexandre Pierro, sócio-fundador da PALAS
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Lais Pagoto


Tel: +55 (11) 97633-4878
Email: lais@informamidia.com.br
www.informamidia.com.br

Live em Museu Catavento promove imersão cultural de maneira divertida

Grupo Forma

Transmissão ocorre no instagram da Forma Conhecer, em 02/09, a partir das 15h
Para levar conhecimento de maneira descontraída e diferente aos estudantes de todo o Brasil, a Forma Conhecer, empresa dedicada a roteiros pedagógicos, realiza live especial diretamente do Museu Catavento, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado. A transmissão ocorre  em 02/09, às 15h, via instagram da empresa.

A proposta principal da live é promover uma visita mediada virtual passando pelas seções Terra e Vida, abordando assuntos pedagógicos, explorando os ambientes, além de contar um pouco sobre as curiosidades do Museu.

O Museu Catavento, localizado em São Paulo, foi inaugurado em março de 2009 e tem mais de 250 instalações divididas em quatro seções (Universo, Vida, Engenho e Sociedade). Cada seção foi elaborada com uma expografia que contribui para criar atmosferas únicas e envolventes.
Serviço:
“Live roteiro virtual no Museu Catavento”
02/09, quarta-feira, às 15h
Duração: 50 minutos aproximadamente


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Museu Catavento
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Divulgação Forma Conhecer
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Museu Catavento
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Press à Porter

Luisa Marques
Analista de Comunicação
luisa@pressaporter.com.br
(11) 3813-1344 Ramal 31

Salário mínimo para 2021 ficará em R$ 1.067


A queda da inflação fez o governo reduzir o reajuste do salário mínimo para o próximo ano. Segundo o projeto do Orçamento de 2021, enviado hoje (31) ao Congresso, o mínimo subirá para R$ 1.067 em 2021. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, enviado em abril, fixava o salário mínimo em R$ 1.075 para o próximo ano. O valor, no entanto, pode ser revisto na proposta de Orçamento da União dependendo da evolução dos parâmetros econômicos. Segundo o Ministério da Economia, a queda da inflação decorrente da retração da atividade econômica impactou o reajuste do mínimo. Em abril, a pasta estimava que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) encerraria 2020 em 3,19%. No projeto do Orçamento, a estimativa foi revisada para 2,09%. A regra de reajuste do salário mínimo que estabelecia a correção do INPC do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) de dois anos antes perdeu a validade em 2019. O salário mínimo agora é corrigido apenas pelo INPC, considerando o princípio da Constituição de preservação do poder de compra do mínimo.

Grandes bancos da China se preparam para riscos da pandemia


Cinco instituições anunciaram aumento de provisões contra dívidas inadimplentes

Redação
BAHIA.BA
Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook

Visando se preparar contra perdas futuras devido ao impacto global da pandemia do novo coronavírus, quatro dos cinco maiores bancos estatais da China informaram que aumentaram suas provisões contra dívidas inadimplentes.
Segundo a Reuters, as instituições relataram as maiores quedas nos lucros em pelo menos uma década e anunciaram aumento nos empréstimos inadimplentes, ao anunciar os resultados semestrais nesse domingo (30) e na semana passada.
Os resultados destacam o impacto da pandemia e da desaceleração econômica sobre os bancos chineses, que no primeiro trimestre contrariaram a tendência global, com lucros maiores e estabilidade nos empréstimos inadimplentes.

Brasil e OMS: acordo garante vacina a 20% da população brasileira, mais de 40 milhões de pessoas


Governo brasileiro confirmou à Organização Mundial da Saúde que participará da aliança mundial de vacinas contra a Covid-19

Redação
BAHIA.BA
Foto: Reprodução/Youtube
Foto: Reprodução/Youtube

O governo brasileiro confirmou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que participará da aliança mundial de vacinas contra a Covid-19. Mas irá manter flexibilidade para ajustar seu engajamento com os acordos bilaterais que já fechou com multinacionais do setor farmacêutico.
De acordo com o portal UOL, Brasília se compromete a fazer parte do consórcio internacional da agência, solicitando produtos para imunizar 20% da população do país, mais de 40 milhões de pessoas. A OMS havia permitido que governos solicitassem doses para cobrir até 50% de sua população.
Para atingir a proporção solicitada pelo país, o investimento terá de ser de mais de R$ 4 bilhões. Tal percentual cobriria profissionais de saúde, idosos e doentes crônicos.
Por enquanto, o acordo não é vinculante e, se nas próximas semanas não houver um acordo sobre o pagamento e condições, o governo ainda pode desistir do projeto.

Fome pode matar mais que coronavírus em 2020, revelam algumas projeções


Situação ocorre em uma época de enormes superávits globais de alimentos

Redação
BAHIA.BA
Foto: Reprodução/Getty Images
Foto: Reprodução/Getty Images

O número de pessoas que passam fome em 2020 pode ser até 132 milhões maior do que se estimava anteriormente, segundo algumas projeções. Devido a pandemia, há dificuldade na cadeia de abastecimento de alimentos, economias debilitadas e menor poder de compra do consumidor.
A tendência é que até o fim do ano, a Covid-19 cause um número maior de mortes diárias devido a fome, do que pela infecção do vírus. Isso acontece em uma época de enormes superávits globais de alimentos. As projeções são alarmantes até mesmo para países que tinham relativa estabilidade nos indicadores de segurança alimentar.
Em Nova York, por exemplo, as pessoas estão aguardando em média oito horas na fila de espera por uma cesta básica, enquanto agricultores destroem plantações de alface na Califórnia e deixam frutas apodrecendo nas árvores no estado de Washington.
Na Uganda, bananas e tomates estão se acumulando nas feiras livres. Mesmo reduzindo os preços, não há estímulo suficiente para as vendas, devido ao alto número de desempregados. Filipinas, China e Nigéria sofrem com os congestionamentos logísticos, que já fizeram os países a deixarem cargas de arroz e carne em portos no início do ano.
Na América do Sul, a Venezuela sofre com a fome generalizada. A situação também é grave na Argentina, região rica em agricultura e que exporta alimentos para o mundo, lidera o aumento da fome neste ano, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU.
De acordo com as estimativas da Oxfam Internacional, ao final do ano, até 12.000 pessoas podem morrer diariamente de fome causada pela Covid-19, potencialmente mais do que o número de mortes causadas pelo próprio vírus. O cálculo é baseado em um salto de mais de 80% na população sujeita a fome crítica.

Nota de R$ 200 começa a circular nesta quarta, diz Banco Central


Instituição ainda não divulgou foto da nova nota, e desenho só será conhecido no lançamento. BC encomendou 450 milhões de unidades da cédula até dezembro

Tribuna da Bahia, Salvador
31/08/2020 16:43 | Atualizado há 1 hora e 50 minutos
   
Foto: Reprodução / Banco Central
O Banco Central informou que lançará, às 13h30 da próxima quarta-feira (2), a nova nota de R$ 200. A cédula, com a imagem do lobo-guará, começa a circular no mesmo dia.
A imagem da foto, no entanto, permanece sob sigilo. O desenho, a cor e as informações de segurança só serão revelados na quarta-feira, quando a cédula entrará em circulação.
Essa será a sétima cédula da família de notas do Real. O Banco Central encomendou à Casa da Moeda a produção, até dezembro, de 450 milhões de cédulas do novo valor.
Essa será a primeira cédula de um novo valor da família do real em 18 anos. A última cédula, a de R$ 20, tinha sido lançada em 2002.
Um ano antes, em 2001, surgiu a nota de R$ 2. No meio tempo, houve a aposentadoria da nota de R$ 1, em 2005.
Em comum, os lançamentos de cédulas têm um mesmo objetivo: diminuir as transações feitas com dinheiro vivo, economizando com impressão de papel moeda.
Outro motivo apontado é a necessidade de fazer frente ao pagamento do auxílio emergencial – estimado em mais de R$ 160 bilhões considerando as cinco parcelas aprovadas.
Boa parte dos beneficiários, sobretudo os de menor renda, preferiu sacar o benefício em espécie. Apenas segundo números da Caixa Econômica Federal, mais de 20 milhões de saques foram feitos até essa quarta-feira.
Lobo-guará
O animal escolhido para a nova nota, o lobo-guará, foi o terceiro colocado em uma pesquisa feita pelo Banco Central em 2000. A instituição perguntou à população quais espécimes da fauna gostariam de ver representados no dinheiro brasileiro.
O primeiro lugar foi a tartaruga marinha, usada na cédula de R$ 2. O segundo, o mico leão dourado, incorporado na cédula de R$ 20.

O Nobel na família Curie

BLOG  ORLANDO  YAMBOSI
Ensaio do professor Carlos Alberto dos Santos, publicado pelo Estado da Arte:

Conforme mencionei no ensaio anterior, havíamos previsto uma série de ensaios sobre alguns ganhadores do Prêmio Nobel (PN), e quando se trata de PN, é inescapável a lembrança da família Curie. Marie, Pierre, Irène e Frédéric ganharam cinco PN, caso único na história desse prêmio. O lançamento recente do filme Radioactive deu visibilidade popular ao casal Marie e Pierre Curie, com muitas resenhas do filme e reportagens jornalísticas. Tive o cuidado de ler todos os textos que apareceram no meu radar da Internet, para elaborar este ensaio a partir de fatos históricos pouco conhecidos do grande público e não abordados nesses textos que li. Todavia, para bem definir o contexto no qual farei minha narrativa, algumas informações familiares bem conhecidas devem ser aqui também apresentadas.

De toda a literatura que conheço sobre Marya Salomea Sklodowska, ou Marie Curie, nome que adotou depois do casamento, ou Marie Curie-Sklodowska, como consta em seu túmulo no Panteão de Paris, ou Madame Curie nome que a consagrou como cientista, há dois livros que aprecio mais do que todos, mesmo tendo em conta a importância documental do livro de sua filha, Ève Curie [1]. Refiro-me aos livros de Françoise Giroud [2] e Susan Quinn [3]. Excetuando casos muito especiais, todo o conteúdo deste ensaio é baseado nesses dois livros.

Marya Salomea Sklodowska

Nasceu em Varsóvia, em 7 de novembro de 1867. Caçula de cinco filhos de Wladyslaw e Bronislawa Sklodowski. Ele, professor de física e matemática de um colégio masculino, e ela diretora de uma das melhores escolas privadas para meninas, em Varsóvia. Marya fez seus estudos primários na escola Sikorska, onde destacou-se como aluna aplicada e inteligente, com as melhores notas em todas as matérias, e aos quinze anos conclui o ginásio com medalha de ouro, mas não pode ingressar na universidade, que naquela época não estava aberta às moças. Para ajudar nas economias da família, Marya dá aulas particulares de aritmética, geometria e francês. Aos 18 anos aceita um emprego de preceptora em uma rica família de advogados de Varsóvia. Precisa ganhar dinheiro para ajudar a irmã mais velha, Bronia, em seus estudos de medicina em Paris. Depois, a irmã a ajudaria a mudar-se para a cidade-luz. Do primeiro emprego parte para um com salário melhor, ainda como preceptora na família Zorawski, produtores de beterraba em Sluski, a três horas de trem de Varsóvia. Casimir, o primogênito da família, estudante de engenharia agronômica em Varsóvia, apaixona-se por Marya. É sua primeira decepção amorosa. O rapaz sucumbe à objeção de seus pais e abandona Marya, mas ela permanece no emprego por quatro anos. A necessidade financeira é maior do que a humilhação. Findo o contrato de quatro anos, ela vai trabalhar na casa de ricos industriais de Varsóvia, e no outono de 1891, aos 24 anos, desembarca em Paris, na gare du Nord.

Marie Curie nasceu no prédio à esq., com balão, na Av. Freta.
Três anos depois, Marya que agora se chamava Marie, concluiu seu curso de física em primeiro lugar. Um ano depois gradua-se em matemática, em segundo lugar. Naquela época os avanços científicos na França eram bem menos relevantes que aqueles em curso na Alemanha e na Inglaterra, mas Marie teve bons e famosos professores na Sorbonne; o físico Gabriel Lippmann, que ganharia o Prêmio Nobel de Física (PNF) de 1908, e os matemáticos Paul Painlevé, que seria Primeiro Ministro da França por dois meses, em 1917, e Paul Appell, que seria reitor da Universidade de Paris, a Sorbonne, entre 1920 e 1925. E, o mais famoso entre os acadêmicos, o físico-filósofo-matemático Henri Poincaré. Com dois títulos universitários debaixo do braço, Marie estava pronta para exercer o magistério na sua amada Polônia. Mas, em algum dia da primavera de 1894, ela foi apresentada a Pierre Curie, e a história da física tomou um novo rumo. É ela quem relata o dia em que viu Pierre pela primeira vez [2]:
Quando entrei, Pierre Curie estava no umbral de uma porta-janela que dava para o balcão. Pareceu-me jovem, apesar de na época ter trinta e cinco anos. Fiquei impressionada com a expressão de seu olhar límpido e com uma ligeira aparência de displicência em sua alta estatura. Sua fala um pouco lenta e reflexiva, sua simplicidade, seu sorriso ao mesmo tempo sério e jovem inspiravam confiança. Logo iniciamos uma conversa amigável; o assunto eram questões de ciências, sobre as quais eu estava contente por pedir sua opinião; a seguir, passamos a questões sociais e humanitárias, pelas quais nós dois tínhamos interesse. Entre sua concepção das coisas e a minha, apesar da diferença de países de origem, havia uma proximidade surpreendente, sem dúvida em parte por uma certa semelhança de atmosfera moral dos nossos meios familiares.
Pierre Curie

Nasceu em Paris, em 15 de maio de 1859, descendente de uma modesta família burguesa da região alsaciana, nas proximidades do rio Reno, que terminou por gerar médicos e cientistas de prestígio. Seu pai, Eugène Curie, era médico. Sua mãe, Sophie-Claire Depoully Curie, era filha de comerciantes da região de Lyon. Pierre tinha um irmão mais velho, Paul-Jacques, que também graduou-se em física. Os dois irmãos inventaram um equipamento, que anos depois seria crucial nas descobertas de Marie e Pierre.

Pierre gradua-se em física em 1877, e no ano seguinte começa a trabalhar como preparador adjunto no laboratório de física da Faculdade de Ciências. Dois anos depois apresenta, à Academia de Ciências de Paris (ACP), seu primeiro trabalho científico, em colaboração com Paul Desains. No mesmo ano, os irmãos Curie apresentam o trabalho sobre a descoberta da piezoeletricidade. Em 1882, Pierre ocupa o posto de professor na recém-criada Escola de Física e Química Industrial. Entre 1882 e 1886, utilizando a propriedade piezoelétrica do quartzo, os irmãos Curie inventam a balança de quartzo, um eletrômetro de quadrante e um manômetro piezoelétrico. É com esses equipamentos que Marie e Pierre vão descobrir, em 1898, os elementos radioativos polônio e rádio.

A partir de 1891, Pierre inicia uma série de estudos sobre magnetismo, pelos quais é mais conhecido na história da física. Descobriu a temperatura abaixo da qual os materiais como ferro e cobalto, entre outros, tornam-se ferromagnéticos. Essa temperatura é hoje conhecida como temperatura de Curie. Em 1895 ele conclui sua tese de doutorado e casa-se com Marie Sklodowska. A lua de mel é uma viagem de bicicleta, que o casal faz explorando a floresta da região de Chantilly.

O casal Curie em lua de mel, na região de Chantilly.
1898, o ano miraculoso de Marie Curie

Todo grande cientista tem em sua história um ano que se costuma denominar de ano miraculoso, ou, no casto latim, annus mirabilis. O de Newton foi 1666, durante a Grande Praga de Londres, quando ele inventou o cálculo e fez grandes descobertas sobre as leis do movimento, a ótica e a gravitação. O de Einstein foi 1905, quando ele publicou quatro trabalhos que revolucionaram a física, entre os quais, a teoria da relatividade especial e a equação do efeito fotoelétrico, pela qual ganhou o PNF de 1921. Não há a menor dúvida que 1898 é o ano miraculoso de Marie Curie.

No final de 1897, Marie publica seu primeiro trabalho, no assunto que seu marido dominava, o magnetismo, mas tem que pensar em seu tema de tese de doutorado. Toma conhecimento de um intrigante fenômeno descoberto por Henri Becquerel, em seu laboratório do Museu de História Natural. Dois meses depois da descoberta dos raios-X, exatamente em fevereiro de 1896, Becquerel submeteu amostras de um sal de urânio à luz solar. Sob a amostra havia uma chapa fotográfica protegida da luz solar. A ideia do experimento era verificar a hipótese de que os raios-X eram emitidos em consequência de um processo de fluorescência. O sal de urânio era fluorescente. Becquerel supunha que excitando-o com a luz solar ele emitiria raios-X, que sensibilizariam a chapa fotográfica. De fato, isso ocorria, mas um dia, quando Becquerel se preparava para fazer nova observação, o Sol não deu o ar de sua graça no céu parisiense. E assim ficou durante dois dias. Becquerel resolveu revelar aquela chapa fotográfica que estava guardada em alguma gaveta do laboratório, totalmente protegida da luminosidade. Se a hipótese da fluorescência estivesse correta, a chapa fotográfica não apresentaria mancha, ou se apresentasse seria muito tênue. Para sua surpresa, a chapa apresentou uma intensa mancha escura, como se tivesse sido fortemente atingida por um feixe de raios-X. Becquerel atribuiu a sensibilização a uma longa permanência do estado de fluorescência naquele sal de urânio. Ou seja, em algum momento anterior, o material teria sido excitado pela luz solar e assim permanecido por um longo tempo em seu estado fluorescente. Becquerel chegou a denominar o processo de fluorescência invisível com longo tempo de permanência.

Outros pesquisadores seguiram o mesmo caminho de Becquerel, mas ninguém conseguia justificar os resultados experimentais com base no fenômeno da fluorescência. Entre as conclusões equivocadas de Becquerel destaca-se aquela segundo a qual o urânio metálico era o primeiro metal puro que apresentava o fenômeno da fluorescência. Um metal puro não pode ser fluorescente. Quando ele observou a radiação penetrante emitida pelo urânio metálico, em maio de 1896, ele deveria ter-se dado conta de que aquilo se tratava de um fenômeno diferente, e não de fluorescência ou fosforescência. A partir desse trabalho de maio de 1896, Becquerel se desinteressa pelo assunto e deixa de publicar sobre o mesmo, sem conseguir estabelecer a natureza das radiações emitidas, nem a natureza subatômica do processo [4].

O fenômeno era interessante, deve ter avaliado Marie, e sua explicação encontrava-se em aberto. Fazia quase dois anos que aquela área de pesquisa estava praticamente estagnada. Não há circunstância melhor do que essa para uma tese de doutorado. Já em abril de 1898, Marie apresenta seu primeiro trabalho sobre o fenômeno que ela denominaria de radioatividade. Foi apresentado à ACP pelo seu velho professor Gabriel Lippmann. Ela mesma não podia fazer a apresentação porque não era membro da Academia. Intitulado Rayons émis par les composés de l’uranium et du thorium, ela apresentava no artigo os primeiros resultados mostrando que além de urânio, o tório também era radioativo. Coincidentemente, este resultado foi obtido na mesma época na Alemanha, por Gerhardt Carl Schmidt.

O sucesso obtido por Marie nesse trabalho e nos que se seguiram, deve-se em grande parte ao uso do equipamento desenvolvido por Jacques e Pierre Curie. Foi um verdadeiro pulo do gato metodológico. Sabia-se que, assim como os raios-X, as radiações urânicas ionizavam o ar. Então, em vez de usar o impreciso método fotográfico de Becquerel, Pierre deve ter sugerido que ela medisse a ionização produzida pela radiação fazendo uso de uma balança de quartzo acoplada a um eletrômetro de quadrante e uma câmara de ionização. Até hoje nenhum método é mais preciso para medir corrente elétrica do que o método utilizado naquele equipamento inventado pelos irmãos Curie. O material radioativo era colocado na câmara de ionização, e a corrente produzida era medida pelo eletrômetro de quadrante. Com a balança de quartzo eles quantificavam a intensidade da radiação. Foi assim que Marie conseguiu detectar quantidades ínfimas de materiais radioativos presentes em amostras minerais. Foi assim que analisando uma amostra de pechblenda (óxido de urânio), Marie desconfiou que havia algum material desconhecido na amostra. Com a colaboração de Pierre ela submete a amostra de pechblenda a processos químicos de purificação até obter uma amostra com bismuto associado ao material ativo. Eles não conseguiram separar os dois materiais pelos processos químicos da época. No artigo que publicam em julho de 1898, o casal Curie sugere [5]:
Cremos, portanto, que a substância que retiramos da pechblenda contém um metal ainda não identificado, vizinho do bismuto por suas propriedades analíticas. Se a existência desse novo metal for confirmada, propomos dar-lhe o nome de polônio, nome do país de origem de um de nós.

Na presença de Pierre Curie (ao centro) e do químico Gustave Bémont, Marie manipula o equipamento com o qual realizou seus experimentos sobre a radioatividade.
Na última reunião da ACP de 1898, Becquerel apresenta o trabalho de Marie Curie, Pierre Curie e Gustave Bémont, no qual descrevem a descoberta de um novo elemento radioativo, quimicamente semelhante ao bário, extraído também de pechblenda, ao qual denominam rádio.

Em 1899, com o título de Les rayons de Becquerel et le polonium, Marie publica na Revue Générale des Sciences, a síntese e a conclusão da área de estudo pela qual ela ganhou seu primeiro PN, o de física de 1903:
Os raios urânicos foram frequentemente chamados de raios de Becquerel. Pode-se generalizar esse nome, aplicando-o não apenas aos raios urânicos, mas também aos raios tóricos e a todas as radiações semelhantes.
Chamarei de radioativas as substâncias que emitem os raios de Becquerel. O nome de hiperfosforescência que foi proposto para o fenômeno parece-me dar uma falsa ideia de sua natureza.
Esse foi o momento do batismo da radioatividade. Ao contrário de Becquerel, que foi pioneiro na observação do fenômeno, e sobre ele trabalhou durante três meses sem conseguir caracterizá-lo como um fenômeno subatômico, preso que estava à ideia da hiperfosforescência, Marie Curie compreendeu que se tratava de um fenômeno novo, originado na estrutura subatômica da matéria, ou seja, no núcleo, e apresentado por determinados materiais, que ela denominou radioativos, e batizou o fenômeno como radioatividade.

A partir de 1990, Roberto de Andrade Martins publicou uma série de artigos argumentando que ao contrário do que consta na literatura didática e historiográfica, foi Marie Curie, e não Becquerel quem descobriu a radioatividade. Seu primeiro artigo sobre o assunto tem um título bem sugestivo: Como Becquerel não descobriu a radioatividade [6]. Seus anos de estudo sobre o tema foram reunidos em um livro, em 2012, premiado com o terceiro lugar no Prêmio Jabuti de 2013, na categoria Ciências exatas, tecnologia e informática [4].

Todavia, parte da comunidade científica tem outros critérios para avaliar a paternidade das descobertas científicas, que não aqueles baseados unicamente em análises epistemológicas. Há critérios sociais não muito claros, sobretudo no que se refere às indicações ao PN (ver ensaio anterior). Em seu livro, La fondation des Prix Nobel scientifiques: 1901-1915, Elisabeth Crawford faz uma boa discussão a esse respeito [7]. Por exemplo, no capítulo 4 ela analisa o sistema de indicações e sua influência sobre a escolha dos laureados. É importante ter em conta que o Comitê Nobel (CN) não é obrigado a seguir as recomendações dos cientistas responsáveis pelas indicações. Há inúmeros casos em que o CN não escolheu os mais indicados pela comunidade científica. Além disso, a decisão final não é do CN; é da Real Academia Sueca de Ciências (RASC). E nem sempre a recomendação do CN é totalmente aceita pela RASC.

Os PNF e PNQ de 1903 revelam um aspecto de disputa entre comunidades científicas muito interessante e que se manifestam até hoje no ensino dessas duas ciências da natureza. A que área pertence a descoberta da radioatividade e seus desdobramentos? Essa questão emergiu claramente na concessão do PNF e do PNQ daquele ano, mas continuou nos anos seguintes. Por exemplo, quando o PNQ de 1908 foi concedido a Rutherford, por suas investigações na desintegração dos elementos, e a química das substâncias radioativas, parte importante da comunidade científica considerava que essa era uma área predominantemente da física. Essa ambiguidade se transferiu para o sistema educacional básico em praticamente todos os países. No ensino médio, costuma-se abordar o modelo atômico nas disciplinas de química, apesar de que os avanços nessa área do conhecimento, no início do século 20, tenham sido apresentados por físicos. Os químicos da RASC consideravam uma temeridade conceder o PNF a Becquerel e ao casal Curie, porque isso poderia fazer com que os físicos passassem a considerar a radioatividade e as descobertas de novos elementos químicos radioativos como uma área da física, e não da química.

Se considerarmos os argumentos de Roberto A. Martins [4], podemos questionar a concessão do prêmio a Becquerel, porque sua única contribuição foi ter feito o experimento que mostrou a existência do fenômeno. Foram infrutíferas todas as suas tentativas de explicar o processo pelo qual os compostos de urânio emitiam aquela radiação. A explicação veio dois anos depois, com as investigações de Marie Curie. De fato, entre os três ganhadores do PNF de 1903, Becquerel, Pierre e Marie Curie, talvez esta seja a que mais mereceu o prêmio. É verdade que o uso do equipamento inventado pelos irmãos Curie foi fundamental, mas tudo indica que os experimentos foram conduzidos e analisados por ela. A participação de Pierre não é clara. Talvez este seja um caso em que critérios sociais tenham sobrepujado critérios puramente científicos, ou por desconhecimento dos principais votantes, ou por respeito ao status acadêmico de Becquerel, o único entre os três a fazer parte da ACP e da RASC. Aliás, Marcellin Berthelot, também membro das duas academias foi o único a indicar Becquerel para o PNF de 1901, repetindo a indicação em 1902 e 1903, quando outros cientistas já indicavam a divisão do prêmio entre Becquerel e o casal Curie.

A RASC decidiu conceder a metade do prêmio a Becquerel e a outra metade ao casal Curie. Se houvesse justificativa científica para incluir Becquerel, o mais justo seria 1/3 do prêmio para cada um. Consta no anúncio que o prêmio foi concedido a Becquerel em reconhecimento de seus extraordinários serviços pela descoberta da radioatividade espontânea, e a Pierre Curie e Marie Curie em reconhecimento aos extraordinários serviços prestados por eles, com as pesquisas sobre o fenômeno da radiação descoberto pelo Professor Henri Becquerel.

Uma situação inteiramente assimétrica aconteceu na premiação de 1935, envolvendo outros dois membros da família Curie, Irène, filha de Marie e Pierre, e seu marido Frédéric Joliot-Curie. De acordo com o anúncio da RASC, o PNF de 1935 foi concedido a James Chadwick pela descoberta do nêutron. Este é o registro mais popular que se tem dessa importante descoberta. Embora não se possa contestar a premiação de Chadwick, o registro puro e simples de que o nêutron foi por ele descoberto cristaliza uma injustiça aos trabalhos precursores de Irène Joliot-Curie e Frédéric Joliot-Curie, entre outros. Essa descoberta deu-se num contexto histórico que bem caracteriza, em toda sua dramaticidade, a complexidade do trabalho científico e o estresse emocional a que estão sujeitos os profissionais da área, quer seja pelo alto nível de competição, ou pela necessidade de reconhecimento pela descoberta.

Ernest Rutherford foi pioneiro no estudo dos núcleos atômicos a partir de bombardeio com partículas alfa. Foi assim que ele propôs, em 1911, o modelo atômico que seu auxiliar Niels Bohr desenvolveu e que abriu as portas para o desenvolvimento da física quântica. Em 1919, Rutherford bombardeou átomos de nitrogênio com partículas alfa e descobriu o surgimento de oxigênio. Ou seja a reação nuclear resultante do bombardeio produzia oxigênio e prótons. Foi a primeira vez que se falou em transmutação nuclear. Desde então, vários laboratórios, especialmente na Alemanha, França e Inglaterra passaram a realizar experimentos similares com bombardeio de partículas alfa.

Por volta de 1930, o físico alemão Walther Bothe bombardeou películas de berílio e observou o surgimento de átomos de carbono e uma radiação tipo raios gama com alta energia. Em seguida, o casal Joliot-Curie repetiu o experimento de Bothe e obteve o mesmo resultado, mas levantaram a hipótese de que aquele raio gama de alta energia talvez pudesse produzir transmutação. Repetiram o experimento, colocando vários materiais na frente dos raios gama. Em 18 de janeiro de 1932, eles relataram que prótons eram ejetados de materiais ricos em hidrogênio, como a parafina, com energia da ordem de 5 MeV (cinco milhões de eletronvolt). Concluíram que esse resultado vinha da interação entre os raios gama energéticos e os núcleos de hidrogênio. Para que isso ocorresse, o raio gama deveria ter energia da ordem de 50 MeV, algo impensável para muitos cientistas da área.

Tão logo leu o artigo do casal francês, Chadwick relatou os resultados para Rutherford, seu ex-orientador, que, serenamente disse: não acredito nisso. Repita o experimento e explique o resultado supondo que em vez do raio gama, o que há é uma partícula neutra, com massa similar à do próton. Um mês depois, Chadwick publica seu artigo com resultados idênticos aos de Irène e Frédéric Joliot-Curie, mas com interpretação completamente diferente. Aquilo que se pensava ser um raio gama, era uma partícula neutra que seria denominada nêutron. Em seus cálculos, Chadwick mostrou que o nêutron teria energia da ordem de 4,5 MeV, suficiente para espalhar prótons com 5 MeV.

O casal Joliot-Curie usou o modelo nuclear da época para explicar seus resultados. De acordo com esse modelo, o núcleo era constituído de prótons e elétrons. No caso do berílio, seriam 9 prótons e 5 elétrons, de modo que o núcleo poderia emitir raios gama de até 70 MeV. No entanto, em 1932, esse modelo já era muito contestado pelas contradições de vários resultados experimentais. Para interpretar seu resultados Chadwick criou outro modelo, no qual o núcleo de berílio é composto de 4 prótons e 5 nêutrons.

Como afirmei no ensaio anterior, se o CNF usasse a mesma lógica da premiação de 1903, onde a primazia pela descoberta da radioatividade foi compartilhada por Becquerel e o casal Curie, Chadwick e o casal Joliot-Curie deveriam compartilhar a primazia pela descoberta do nêutron. Mas, não foi isso que aconteceu. Neste caso parece que a polêmica envolvendo os dois comitês (CNF e CNQ) foi mais séria do que o caso de 1903. Há uma história folclórica, que corre nas alamedas dos campi e nas animadas conversas de botequins, segundo a qual Rutherford teria viajado a Estocolmo para obrigar o CNF a dar o prêmio apenas a Chadwick, pois o comitê estava propenso a premiar o casal Joliot-Curie. Jamais vi essa bravata escrita em textos da literatura pertinente.

O que os documentos confiáveis [8] registram é o seguinte. Em 1934, Irène obteve 9 indicações para o PNF, Frédéric obteve 6, e Chadwick 7. O comitê não conseguiu se definir a quem premiar. O curioso é que Otto Stern obteve 15 indicações, entre as quais algumas de gente muito importante, como Niels Bohr, Max von Laue e Max Planck. Stern seria premiado em 1943. Neste caso, tudo indica que foi uma questão de atribuição à importância do tema. Ou seja, o CNF estava convencido da importância superior da descoberta do nêutron. Então, teria sido mais simples se o comitê tivesse seguido o procedimento de 1903, quando premiaram Becquerel e o casal Curie. Ao invés disso, não conseguiram superar o impasse e deixaram de conceder o PNF em 1934.

Não conheço na literatura uma discussão detalhada sobre essas polêmicas em torno das premiações em 1934 e 1935. Não sei qual a razão, mas naquele ano de 1934, Rutherford não participou da nomeação de candidatos ao PNF. Obviamente que ele era o mais influente defensor de Chadwick, mas não sei qual era sua argumentação contrária ao compartilhamento do PNF entre seu pupilo e o casal Joliot-Curie. Essa sugestão tinha sido apresentada em 1934 por Reinhold Fürth e Hantaro Nagaoka. Werner Heisenberg tinha feito a mesma sugestão, mas esqueceu de enviar a carta para o comitê. Em 1935 ele repetiu a sugestão.

O fato é que Rutherford conseguiu convencer os comitês de física e química a premiarem, em 1935, respectivamente Chadwick pela descoberta do nêutron, e o casal Joliot-Curie pela descoberta da radioatividade artificial, ou, dito de outro modo, pela síntese de novos elementos radioativos. Em defesa de Chadwick ele escreveu uma carta com quatro páginas, endereçada ao Comitê de Física, com o seguinte parágrafo final [9]:
Todo o trabalho de Chadwick é caracterizado pela originalidade do método, precisão da medição e julgamento na interpretação dos resultados. Ele desempenhou um papel notável na abordagem pioneira à propriedade dos núcleos e à transformação dos elementos.
Não sei se Rutherford estava se referindo aos equívocos de interpretação do casal Joliot-Curie quando mencionou precisão da medição e julgamento na interpretação dos dados. Embora ao final tenha tido sucesso na sua sugestão, parece que isso não veio sem estresse. Por exemplo, no CNQ o casal Joliot-Curie obteve apenas três indicações, uma delas do próprio Rutherford. Outros candidatos tiveram mais indicações: Walther Norman Haworth teve cinco indicações, Paul Karrer e Robert Robinson, quatro cada um. Os dois primeiros dividiram o PNQ de 1937, e Robinson foi premiado em 1947.

No Comitê de Física a sugestão de Rutherford também deve ter enfrentado alguma oposição. É bem verdade que com 12 indicações, Chadwick era o preferido do comitê. Contudo, Rutherford era o único físico de renome a defender a premiação unicamente a Chadwick. Outros sete cientistas de menor expressão o seguiram. Entre as seis indicações de compartilhamento do prêmio entre Chadwick e outros candidatos, podem ser destacados: Louis de Broglie, Heisenberg e Maurice de Broglie que indicaram o compartilhamento entre Chadwick e o casal Joliot-Curie, e Bohr que indicou o compartilhamento entre Otto Stern e o casal Joliot-Curie.

James Chadwick e o laboratório onde realizou experimentos;Irene e Fréderic Curie
Voltemos ao PNF de 1903. Se fossem apenas pelas indicações, provavelmente Marie Curie não estaria entre os premiados. O CNF, sob influência de membros da ACP, tendia a indicar apenas Becquerel e Pierre. Elisabeth Crawford acha que sua indicação se deve ao esforço do matemático sueco Magnus Gösta Mittag-Leffler, membro do CNF. Mas, se o CNF inicialmente hesitou em premiar Madame Curie, a imprensa mundial não se cansou em elogiar seu sucesso científico, transformando-a em uma figura lendária. Na verdade, o PNF de 1903 transformou a imagem pública da ciência. É provável que muito dessa imagem midiática do início do século 20 esteja representada nesse filme recém-lançado, Radioactive, que ainda não tive a oportunidade de assistir.

É curioso que a imprensa não menciona Becquerel em suas matérias. Tudo concentra-se no casal Curie, ou na pessoa da Madame Curie, eventualmente com algum exagero [7]:
Finalmente encontramos o movimento perpétuo, o sol eterno, a força suprema e inesgotável, graças ao gênio criativo de Monsieur e Madame Curie, a quem o Prêmio Nobel cairá como uma luva.
Em 1906 Pierre é atropelado por uma carruagem e morre instantaneamente. Marie continua a pesquisa sozinha, dirigindo um grande grupo de pesquisa, e vai progressivamente sendo reconhecida pela comunidade científica internacional. Em 1911, é uma das 20 personalidades da comunidade científica internacional convidada para o primeiro congresso Solvay, em Bruxelas. Logo depois é laureada com o PNQ, pela descoberta dos elementos rádio e polônio, pelo isolamento de rádio, e pelo estudo da natureza desse notável elemento e seus compostos. Esse prêmio é quase como uma homenagem a toda a vida científica de Marie Curie. É provável que esse sentimento para sempre tenha tomado conta da comunidade científica. O ano de 2011 foi designado pela UNESCO como o Ano Internacional da Química, para celebrar o papel das mulheres na química e o centenário do Prêmio Nobel de Química de Marie Curie.

Sua conferência Nobel, proferida em 11 de novembro de 1911, é um extraordinário e comovente testemunho de quem sempre esteve à frente de uma área de pesquisa contemporânea, ainda em sua adolescência [10]:
Há 15 anos a radiação de urânio foi descoberta por Henri Becquerel, e dois anos depois o estudo deste fenômeno foi estendido a outras substâncias, primeiro por mim, e depois por Pierre Curie e por mim. Esse estudo rapidamente levou à descoberta de novos elementos, cujas radiações eram semelhantes à de urânio, porém mais intensas. Denominei radioativos todos os elementos que emitiam esse tipo de radiação, e a nova propriedade da matéria revelada nessas emissões, denominei radioatividade.
[…]
Desde então, vários cientistas dedicaram-se ao estudo da radioatividade. Permita-me relembrar um deles […] Rutherford, que veio a Estocolmo em 1908 para receber o Prêmio Nobel.
[…]
Antes de abordar o assunto desta palestra, devo lembrar que as descobertas do rádio e do polônio foram feitas por Pierre Curie em colaboração comigo. Também somos gratos a Pierre Curie pela pesquisa básica no campo da radioatividade, que realizou sozinho, ou em colaboração com seus alunos.
O trabalho químico para isolar o rádio no estado de sal puro e caracterizá-lo como um novo elemento foi feito especialmente por mim, mas está intimamente ligado ao nosso trabalho comum. Sinto, portanto, que interpreto corretamente a intenção dos Academia de Ciências ao assumir que a atribuição desta elevada distinção a mim é motivada por este trabalho comum e, portanto, presta homenagem à memória de Pierre Curie.
O que mais além do Nobel?

Aos 44 anos e dois PN debaixo do braço, Marie ocupava, como poucos, posição destacada no Olimpo da ciência, mas não era mulher de ficar por aí à toa, apenas satisfeita com os louros da glória. Desde sempre Marie esteve comprometida com sua responsabilidade social. Ainda adolescente ministrava aulas clandestinas em polonês, discutindo a cultura de seu país, às escondidas do regime russo que controlava a Polônia com mão de ferro. Com o advento da I Guerra Mundial, resolveu instalar equipamentos de raios-X em caminhonetas e foi para a frente de batalha trabalhar com médicos e enfermeiras, ao lado de sua filha Irène, recém-saída da adolescência. Irène será sua dedicada aprendiz, e sucessora como diretora do Institute du Radium, criado em 1909.

Sua filha mais nova, Ève, não seguiu a carreira científica de seus pais e de sua irmã. Resolveu ser escritora, pianista/concertista, crítica musical e jornalista, mas possibilitou que a família fosse, pela sexta vez premiada com o Nobel. Em 1965, seu marido, Henry Richardson Labouisse Jr., recebeu, em nome da UNICEF o Prêmio Nobel da Paz.

Algum leitor poderá alegar que deixei de abordar o caso de amor de Marie Curie e o ex-aluno de Pierre, Paul Langevin, entre 1910 e 1911. Para contornar a possibilidade de que o assunto se transformasse em anticlímax no contexto deste ensaio, seria necessário um espaço muito maior do que o aqui recomendado. Em um curto espaço nada poderia acrescentar ao que consta na literatura que aqui apresentei, especialmente os livro de Françoise Giroud [2] e Susan Quinn [3].

Notas:

[1] E. Curie, Madame Curie (Gallimard, Paris, 1938).
[2] F. Giroud, Marie Curie (Martins Fontes, São Paulo, 1989).
[3] S. Quinn, Marie Curie. A Life (Addison-Wesley, Reading, 1995).
[4] R. de A. Martins, Becquerel e a Descoberta Da Radioatividade: Uma Análise Crítica (Eduepb / Livraria da Física, Campina Grande, 2012).
[5] A. Villani, C. A. dos Santos, J. M. F. Bassalo, and R. A. Martins, Da Revolução Científica à Revolução Tecnológica: Tópicos de História Da Física Moderna e Contemporânea (Livraria da Física, São Paulo, 2019).
[6] R. de A. Martins, Cad. Catarinense Ensino Física 7, 27 (1990).
[7] E. Crawford, La Fondation Des Prix Nobel Scientifiques 1901-1915 (Belin, Paris, 1984).
[8] Nobel-Prize-Org, Nobel Prize Organ. (2020).
[9] A. Brown, The Neutron and the Bomb. A Biography of Sir James Chadwick (Oxford University Press, Oxford, 1997).
[10] M. Curie, Radium New Concepts Chem. (1911).
[11] N. Loriot, Irène Joliot-Curie (Éditions Presses de la Renaissance, Paris, 1995).

Agradeço ao professor Luiz Fernando Ziebell, do Instituto de Física da UFRGS, pela cuidadosa leitura do manuscrito.

Carlos Alberto dos Santos é professor aposentado pelo Instituto de Física da UFRGS. Foi Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNILA e pesquisador visitante sênior do Instituto Mercosul de Estudos Avançados. Premiado com o Jabuti em 2016 (3º. Lugar na categoria Ciências da Natureza, Matemática e Meio Ambiente), atualmente é professor visitante no Instituto de Física da UFAL.