MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Falta luz na abertura do megatemplo de Edir Macedo


Não começou bem a festa de inauguração do Templo de Salomão, principalmente para Dilma Rousseff. Agora há pouco, faltou luz por seis minutos dentro da igreja. A área tomada de autoridades ficou no breu. Sem energia, Dilma teve que encarar três andares de escada, entre a garagem e a sala Vip. Por Lauro Jardim

Teto de sala de aula desaba no interior do Rio Grande do Norte


Acidente aconteceu na manhã desta quarta-feira (30), em Várzea.
Não havia ninguém no local quando o telhado caiu.

Do G1 RN
Teto da escola desabou na manhã desta quarta-feira (30) (Foto: Arian Jackson)Teto da escola desabou na manhã desta quarta-feira (30) (Foto: Arian Jackson)
O teto de uma das salas da Escola Estadual Dom Joaquim de Almeida, em Várzea, interior do Rio Grande do Norte, desabou na manhã desta quarta-feira (30). De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Educação e Cultura (Seec), não havia ninguém no local no momento em que o telhado caiu.
A assessoria também confirmou que uma equipe do setor de engenharia da pasta estava na região e foi na escola pouco tempo depois do desabamento. Entretanto o resultado da perícia feita na estrutura ainda não saiu e ainda não é possível confirmar o motivo do acidente.

O assessor de comunicação da Seec, Eduardo Colin, alertou para a importância de os diretores das instituições de ensino fazerem inspeções periódicas nos telhados das escolas. "A secretária, inclusive, repassou esta informação aos diretores regionais de educação para que eles informem os diretores das instituições", afirma.

Quanto à escola Dom Joaqueim de Almeida Colin garante que a Secretaria vai iniciar nos próximos dias o processo de recuperação do teto.

Grávida e marido vivem há um mês em jazigo ao lado do túmulo da filha


Casal mora em jazigo próximo ao túmulo da filha que morreu em 2013.
Os dois estão no cemitério de Guajará-Mirim há um mês.

Dayanne Saldanha Do G1 RO
Casal está há um mês morando em um jazigo em Guajará-Mirim (Foto: Dayanne Saldanha/G1)Casal está há um mês morando em um jazigo em Guajará-Mirim (Foto: Dayanne Saldanha/G1)
Grávida e sem ter onde morar, Sandra da Silva, de 25 anos, encontrou abrigo no Cemitério Santa Cruz em Guajará-Mirim (RO), município a cerca de 330 quilômetros de Porto Velho. Ela vive junto com o marido, Josiano Cavalcante, de 23 anos, em um jazigo. O casal já está no local há cerca de um mês. Segundo ela, a família, dona do mausoléu, registrou um boletim de ocorrência e pede a saída deles.
Tudo começou quando os dois foram visitar o túmulo da filha que morreu afogada num balde de água em outubro de 2013 e perceberam o jazigo aberto. Com a oportunidade, os dois decidiram fixar moradia ali mesmo porque já estavam há dois dias na vivendo na rua.
Casal diz que irá procurar outro mausoléu caso tenha que sair (Foto: Dayanne Saldanha/G1)Casal diz que irá procurar outro mausoléu caso
tenha que sair (Foto: Dayanne Saldanha/G1)
À época da morte da filha, eles moravam em um barco de uma empresa que faz o transporte de passageiros entre Guajará-Mirim e Surpresa, distrito do município onde moram os pais de Josiano. "Depois do que aconteceu com a nossa filha desanimamos de tudo. Eu rezo quando fico perto da bebê, porque ela está na paz", revela Josiano. Os dois não falam sobre a morte da criança e também não explicam como moravam no barco e nem se trabalham para a empresa.
No jazigo invadido por eles, o casal dorme em um colchão no chão. "Em cima do defunto é desrespeito", enfatiza Josiano que durante o dia sai para catar latinhas. Sandra fica cuidando da "casa" e tenta manter tudo limpo e organizado. Eles usam o túmulo para colocar enfeites. Como o cemitério tem água encanada, eles a usam para beber, lavar roupa e tomar banho. Com uma ferida na perna exposta a moscas, ela termina faxina diária e passa o restante do dia sentada num túmulo cuidando da sepultura de sua filha.
Ele diz que pretende ir para Tangará da Serra (MT), município onde vive a família de Sandra, mas não tem recursos para custear a viagem. "Quero voltar para Mato Grosso, mas as passagens estão cada vez mais caras", lamenta ele. Sandra diz que saiu de lá há cerca de três anos e com o tempo, perdeu o contato
Sem ter feito nenhum exame médico, Sandra acredita que já esteja para completar nove meses de gestação. Ela afirma ter família no Mato Grosso e há cerca de três anos não fala com eles, por falta de condições. Os vizinhos do cemitério ajudam os dois e dizem que a família de Josiano já foi diversas vezes tentar tirar o casal de lá, mas eles se recusam a sair. Alguns vizinhos também afirmam que eles são usuários de droga, mas não incomodam ninguém.
A família dona do mausoléu pede a saída do casal, segundo Sandra. "Se vierem tirar a gente, nós vamos procurar outra sepultura para ficar", afirma Josiano ressaltando que a Polícia Militar já esteve no local e pediu que eles deixassem a sepultura.
A secretária municipal de Trabalho e Assistência Social, Ester Lopes, afirmou que desconhecia a situação do casal, mas garantiu ao G1 que irá tomar providências com urgência.
Jazigo fica próximo a túmulo da filha do casal (Foto: Dayanne Saldanha/G1)Jazigo fica próximo a túmulo da filha do casal (Foto: Dayanne Saldanha/G1)

Único hospital de Camboriú cancela cirurgias devido à crise financeira


Dívidas chegam a R$ 6 milhões e metade dos funcionários pediu demissão.
Fundação Hospitalar de Camboriú tem dívidas de 10 anos atrás.

Do G1 SC
O único hospital de Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, corre o risco de fechar. Devido a uma crise financeira, metade dos funcionários da Fundação Hospitalar de Camboriú pediu demissão, o atendimento de paciente pelo Sistema Único de Sáude (SUS) foi prejudicado e cirurgias foram canceladas. As dívidas trabalhistas e com fornecedores chega a R$ 6 milhões.
Só com a folha de pagamento de funcionários, o hospital deve quase R$ 200 mil. Com os salários atrasados desde maio, metade dos 90 funcionários pediu demissão.
Segundo o hospital, desde o início do mês as cirurgias pelo SUS foram canceladas e a Secretaria de Saúde do Município está remanejado-as para outros hospitais da região. O número de cirurgias caiu de 30 para quatro por dia. Pelo SUS os pacientes podem realizar apenas exames de radiografia.
"O atraso no repasse da Secretaria do Estado da Saúde desde janeiro é que fez o hospital chegar a essa condição. 60% do nosso faturamento é do SUS, e com esses atrasos a gente começou a acumular dívidas, em especial a falta de pagamento dos salários dos funcionários. Fora isso, já tem dívidas mais antigas", explica Pheandro  Rossi Barreto, diretor do hospital de Camboriú.
Segundo a Secretaria de Saúde do Município, a gestão do hospital é mista e a parte pública é de responsabilidade do Estado. A Fundação Hospitalar de Camboriú tem dívidas de água, luz e outros fornecedores de aproximadamente 10 anos atrás. Por esse motivo, a entidade não consegue emitir certidões negativas de débito e, consequentemente, não pode assinar convênios com o Estado.
A Promotoria de Camboriú está analisando a situação e uma auditoria deve ser realizada. "Entendemos que é um serviço essencial à saúde e estamos junto à promotoria vendo uma solução para que o hospital não feche", afirma Márcia Regina Freitag, secretária de saúde de Camboriú.
O pronto atendimento do hospital é mantido pelo município e continua funcionando normalmente. "A gente pede que se resolva essa situação porque a gente precisa mesmo, fica apreensivo, precisa de um recurso", diz Viviane Wippel, auxiliar administrativa.
Posição da Secretaria de Estado da Saúde
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que Fundação Hospitalar de Camboriú tem caráter privado. "Não há atraso nos repasses da Secretaria de Estado da Saúde para a Fundação Hospitalar de Camboriú. O pagamento dos procedimentos ambulatoriais e hospitalares do Mutirão de Cirurgias Eletivas de maio, no valor de R$ 91.447,13, foi realizado terça (29)".

Em relação aos procedimentos SUS realizados pelo hospital, a Secretaria de Estado da Saúde disse que o pagamento do mês de junho será feito na sexta-feira (1º). "Os valores a serem repassados serão R$ 25.947,64 do Sistema de Procedimentos Ambulatoriais (SIA) e R$ 15.712,56 das Autorizações de Internações Hospitalares (AIH)".

Governo federal aprova instalação de fábrica chinesa de caminhões em SC


Montadora de caminhões será instalada às margens da BR-282 em Lages.
Decisão foi confirmada em Brasília durante reunião nesta quarta-feira (30).

Do G1 SC
A instalação de uma montadora da Sinotruk, fabricante chinesa de caminhões, em Lages, na Serra catarinense, foi aprovada pelo governo federal nesta quarta-feira (30). A decisão foi confirmada durante uma reunião no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em Brasília. A unidade de Lages será a primeira fábrica do grupo fora da China (veja vídeo).
A unidade catarinense da empresa será construída no Polo Industrial de Índios, em Lages, ao lado da BR-282. O terreno, com cerca de 150 hectares, foi adquirido como parte de um acordo de cooperação técnico institucional firmado entre a SC Par, Secretaria da Fazenda e Prefeitura de Lages, para a implantação do polo.
A expectativa da Sinotruk é iniciar os trabalhos de terraplanagem no local nos próximos dias. O investimento total na fábrica deve chegar a R$ 300 milhões com a criação de pelo menos 180 empregos diretos. No primeiro ano de operação, a previsão é de que sejam montados 400 caminhões da linha pesada, com mais de 25 toneladas, em cada turno. Posteriormente, a capacidade de produção pode chegar a cinco mil veículos por turno a cada ano.
De acordo com o presidente da SC Participações e Parcerias, Paulo César da Costa, a Sinotruk deve iniciar a produção de veículos em solo catarinense em até dois anos, como prevê o acordo do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto).
"O acordo abrange o benefício do Inovar-Auto, que isenta o pagamento de 30% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um pacote de benefícios do estado em áreas do Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (PRODEC) e do Pró-Emprego, além de incentivos municipais", afirmou Costa.

Ave encontrada em praia de Pirambu é reabilitada e devolvida à natureza


Mandrião-do-sul foi encontrada debilitada no dia 14 de julho.
Animal  foi solto na quarta-feira (30).

Do G1 SE
Ave encontrada em praia de Pirambu é reabilitada e devolvida à natureza (Foto: Bruno Almeida / FTP)Ave encontrada em praia de Pirambu é reabilitada e devolvida à natureza (Foto: Bruno Almeida / FMA)
Mandrião-do-sul foi reabilitado e devolvido à natureza pela equipe de aves do Programa de Monitoramento de Praia da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), diante do convênio mar, reabilitou mais um animal, fazendo a sua liberação na natureza na quarta-feira (30)
Ao ser encontrada debilitada na praia de Pirambu no último dia 14 de julho, a ave foi resgatada e encaminhada ao centro de reabilitação para receber todos cuidados necessários. O animal foi identificado como pertencente à espécie stercorarius maccormicki, popularmente conhecida como mandrião-do-sul ou gaivota rapineira.
De acordo com o médico veterinário da FMA, Saulo Daniel França, a ave apresentava sinais de anemia grave.

“Depois de diagnosticada, o tratamento clínico deu início e no último dia 26 saiu o resultado final dos exames, ficando constatada a normalização dos índices", informa, reforçando que antes de realizar a soltura do animal no habitat, os dados são criteriosamente analisados.
Com esta confirmação, o animal foi anilhado pelo ornitólogoarinho e coordenador científico da FMA, Bruno de Almeida, que liderou as atividades da equipe pertinentes para que pudesse, em seguida, fazer sua liberação na natureza.
As atividades de reabilitação da ave envolveram etapa fisioterapêutica na praia, estimulando as ações de mergulho e treino de voo, com o intuito de avaliação comportamental e recuperação de tônus muscular. Segundo o médico veterinário Saulo Daniel, estas práticas favorecem o retorno do animal ao seu ambiente natural, nesse caso, o mar – onde a ave alça voo e define sua rota migratória.
Mandrião-do-sul foi encontrada debilitada no dia 14 de julho em Pirambu (Foto: Bruno Almeida / FTP)Mandrião-do-sul foi encontrada debilitada no dia 14 de julho em Pirambu (Foto: Bruno Almeida / FMA)

Características
O mandrião-do-sul ou gaivota rapineira mede de 55 a 59 centímetros, tem uma envergadura de 132 centímetros e seu peso médio é de 1,45 kg. Alimenta-se, principalmente, de peixes, em sua reprodução na patagônia, geralmente colocando dois ovos em novembro e dezembro. No inverno, o mandrião-do-sul alcança os oceanos pacífico, índico e atlântico.
Convênio Mar
O Convênio Mar foi criado em janeiro de 2014 entre o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e a FMA ao firmar parceria, prospectando seus valores e ideais em prol do desenvolvimento tecnológico aliado à conservação do meio ambiente no Brasil.

*Com informações da FMA

Dia Nacional do Selo terá oficinas e exposição em Aracaju


Mostra terá mais de 600 selos, com imagens e de orquídeas.
Selos da emissão especial trazem Machu Picchu, no Peru.

Do G1 SE
Nesta sexta-feira (1º), a agência dos Correios, no Centro de Aracaju oferece programação especial a partir das 9h30 com a tradicional mostra da história da coleção de selos postais e materiais relacionados.  Além de oficina de selos e palestra para estudantes.
A mostra terá dois temas: ‘Flora – Orquídea’, montada pelo colecionador de selos Luiz Barreto e ‘Primeiros selos comemorativos do Brasil’, de José Emílio Reis. A primeira reúne mais de 600 selos, com imagens de orquídeas de diversos países. Já a segunda faz um passeio em quase um século de história, com selos sobre Rui Barbosa, Barão do Rio Branco, 1ª Estrada de Ferro do Brasil, entre outros. A exposição fica aberta ao público durante todo o mês agosto.
Lançamento
Os selos da emissão especial trazem Machu Picchu, no Peru, e a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, por meio de suas famosas paisagens turísticas. Considerados patrimônios da humanidade, o santuário histórico do Peru e o Cristo Redentor integram a lista das sete novas maravilhas do mundo moderno.
Cada selo possui tiragem de 300 mil unidades e custa R$ 2,20.

Pacientes são atendidos em macas em Hospital de Diadema


Prefeitura diz que prédio pertence ao INSS e que não pode fazer reformas.
Governo federal disse que irá comprar o prédio e ceder ao município.

Do G1 São Paulo
O Hospital Municipal de Diadema, no ABC, referência no atendimento de vítimas de acidente de trânsito nas rodovias da região, tem funcionado em situação precária. Pacientes são atendidos em macas nos corredores e os banheiros não possuem papel higiênico ou sabonete, como mostrou o Bom Dia São Paulo. O secretário municipal de Saúde reconheceu que o hospital não funciona em boas condições.
Imagens feitas por uma paciente mostram pacientes aguardando o atendimento em macas nos corredores.
O movimento é intenso no hospital. Na recepção não havia uma cadeira sobrando no início da manhã desta quinta-feira (31). Em busca de atendimento, os pacientes chegam antes das 6h.
Pacientes reclamam da demora no atendimento. Uma mulher relatou ao Bom Dia São Paulo que aguardava havia 12 horas para que sua mãe pudesse conversar com um médico.
Um homem que está com a clavícula quebrada teve que voltar ao hospital nesta quinta-feira na tentativa de receber o atendimento necessário. Ele observou que os médicos costumam atender rapidamente. “Você entra na sala do médico e fica 5 minutos com o médico dando atenção para você”, relatou.
O centro médico tem pouco mais 150 leitos. A última reforma no hospital foi há 24 anos e não há um prazo para uma nova intervenção acontecer. As obras custariam cerca de R$ 58 milhões.
“Às vezes, eu acho que estamos em uma operação de guerra. Numa guerra o hospital está sendo bombardeado e a gente está lá atendendo as pessoas, cuidando das pessoas”, afirmou o secretário da Saúde do município, José Augusto Ramos.
O secretário disse ainda que a administração não pode fazer reformas já que o imóvel pertence ao INSS.
O instituto, porém, informou que a Prefeitura poderia fazer obras de manutenção e só não poderiam interferir na estrutura do edifício. O INSS informou ainda que, de acordo com a lei, não pode ceder ou doar o prédio à Prefeitura de Diadema.
O Ministério da Saúde disse que assinou um termo de compromisso com a Prefeitura de Diadema e o Ministério da Previdência Social no começo dessa semana. O governo federal deve investir R$ 14,5 milhões para comprar o prédio e ceder ao município. O prazo não foi informado.

Falta de médicos afeta hospital gerido pela Santa Casa no Jaçanã


No período noturno, em ao menos dois dias da semana não há clínico geral.
Nesta quarta, pronto-socorro adulto tinha mais seguranças do que médicos.

Lívia Machado Do G1 São Paulo
Três seguranças escoltam a porta de entrada do pronto-socorro do Jaçanã  (Foto: Lívia Machado/G1)Três seguranças escoltam a porta de entrada do pronto-socorro do Jaçanã (Foto: Lívia Machado/G1)
Na noite desta quarta-feira (30), à porta do Hospital São Luiz Gonzaga, no Jaçanã, na Zona Norte de São Paulo, um segurança avisava os pacientes: “não tem médico”. No pronto-socorro adulto, apenas um ortopedista e um ginecologista estavam de plantão. No balcão de atendimento, um novo informe. “Hoje, só SAMU, viatura e ambulância.”, repetia a funcionária. O hospital trabalhava com equipe reduzida e direcionada somente para casos emergenciais. Pacientes eram orientados a procurar outro hospital da região.
O São Luiz Gonzaga é o único hospital público no subdistrito Jaçanã-Tremembé. Também dá apoio a municípios próximos, como Guarulhos e Arujá.
Em 2013, o centro médico fez, em média, 241 mil atendimentos de urgência, 2250 partos e 69 mil consultas ambulatoriais.
O hospital foi fundado em 1904 como um leprosário. Em 1940, era um dos principais centros de tratamento de tuberculose. Ficou cerca de nove anos fechado, e foi reativado com a inauguração do pronto-socorro em 1994, e a maternidade e centro obstétrico dois anos depois.
Desde 2008, o centro médico é uma Organização Social de Saúde (OSS) municipal administrada pela Santa Casa de Misericórdia. Na semana passada, a irmandade fez eclodir sua crise financeira interrompendo o serviço no pronto-socorro do Hospital Central, em Santa Cecília.
Os problemas econômicos já respingaram em um dos oito hospitais gerenciados pela irmandade. Nesta terça-feira, o G1 adiantou que a Santa Casa tinha pedido ao governo para deixar a administração do Hospital Estadual de Franco da Rocha, uma das quatro Organizaçoes Sociais de Saúde Estaduais. Após reunião na Secretaria de Estado da Saúde, entretanto, a instituição decidiu continuar à frente do Hospital.
No Jaçanã, após as 19h, segundo funcionários e pacientes entrevistados pela reportagem, as portas estão fechadas às segundas, quartas e finais de semana quinzenais. O problema ocorre há cerca de três meses. Nesta quarta, havia mais seguranças do que médicos no Luiz Gonzaga.
Questionada sobre a situação, Secretaria Municipal de Saúde disse que repassa mensalmente à Santa Casa R$ 7.916 milhões para a gestão do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga.
A gestão municipal alega que nesta quarta, a equipe médica estava composta por 12 profissionais, "entre ortopedistas, cirurgiões e ginecologistas/obstetras. Na falta do clínico, um dos cirurgiões foi deslocado para atendimento exclusivo aos pacientes que estavam em observação."
Quanto à falta de médicos, a secretaria revela que além do processo seletivo para a contratação de clínicos, desde julho publica no site as vagas disponíveis nas Organizações Sociais de Saúde que atuam na cidade. E afirma ter aderido ao Programa Mais Médicos  para a contratação de profissionais para a Rede Básica e hospitalar. A Santa Casa não respondeu aos questionamentos do G1 até a publicação desta reportagem.
Pacientes aguardam atendimento de ortopedista no PS do Jaçanã (Foto: Lívia Machado/G1)Pacientes aguardam atendimento de ortopedista
no PS do Jaçanã (Foto: Lívia Machado/G1)
A dona de casa Zilá Rodrigues da Silva, de 55 anos, foi ao hospital acompanhar a amiga Cristina Dias, de 54 anos, que estava com fortes dores nas mãos.
“Viemos à tarde, mas não tinha ortopedista. Mandaram voltar às 19h, que ele estaria aqui. Mas é o único médico que tem agora à noite”, disse Zilá. Cristina teme perder o emprego já que não consegue trabalhar há nove dias por conta dos sintomas.
Ela é auxiliar de cozinha de um restaurante na Avenida Paulista. Já buscou ajuda em dois postos de Atendimento Médico Ambulatorial (AMA) e ao menos um hospital. Ao deixar o São Luiz Gonzaga, não achava que seu problema seria resolvido. "Não fiz exame nenhum, a consulta durou menos de cinco minutos. Ele deu um remédio e mandou embora", lamentou.
Enquanto aguardava a amiga sair da consulta, Zilá revela ter visto um rapaz de 22 anos, com diversos ferimentos pelo corpo, ser barrado de entrar no centro médico. “Ele estava todo ensanguentado, com machucados na cabeça, nos braços. Tudo em carne viva. Nunca vi isso na minha vida, um hospital que não tem um médico pra fazer curativo. O garoto morrendo de dor, nervoso.”
A falta de profissionais, de acordo com Doroteia Lemos, de 44 anos, é uma constante. Ela aguardava atendimento para o filho de 13 anos, com dores no peito. O menino tinha se machucado durante uma brincadeira na escola.
“Viemos à tarde e não tinha médico, só pediatra. A situação está bem critica mesmo, o hospital está sem médico há uns dois meses. A gente fica revoltado, né? Mas não pode fazer nada. Vai brigar com quem?”.
Aline Oliveira Leal, de 25 anos, estava com enjoos, tontura e dor de estômago. Chegou ao Luiz Gonzaga por volta das 20h30. Com a negativa no atendimento, disse que tentaria a sorte no Hospital Geral de Guarulhos. A equipe de reportagem ainda conversou com ao menos 10 pessoas não conseguiram atendimento no hospital no período noturno. "Atendimento público de saúde é isso, peregrinação e rezar para ter a sorte de encontrar profissional", alegavam os pacientes ao deixar o local.

Ala da UTI do Hospital Geral da BA é desativada por conta de goteira


Cinco leitos da unidade de saúde foram interditados nesta quinta-feira (31).
Segundo a Sesab, situação não atinge pacientes e demanda é cumprida.

Do G1 BA
HGE funciona em dia de protesto em Salvador (Foto: Imagem/ TV Bahia)Entrada do Hospital Geral do Estado. UTI da Unidade
de saúde funciona normalmente, diz Sesab.
(Foto: Imagem/ TV Bahia)
Uma ala da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado da Bahia foi interditada por conta de uma goteira na manhã desta quinta-feira (31), em Salvador.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), cinco leitos da UTI foram desativados e os paciente encaminhados para outros leitos do mesmo hospital. Quatro deles já haviam sido desativados para a realização de uma obra de impermeabilidade no local.
Por causa da obra e da forte chuva que atingiu a capital baiana nesta quinta-feira, o problema na unidade foi agravado. Contudo, de acordo com a Sesab, a infiltração no teto não foi considerada de grande escala e a obra está sob controle.
A Secretaria informa que os paciente não foram lesados com a ocorrência e que mesmo com a intervenção, a unidade de saúde continua atendendo as demandas direcionadas a ela.

Tradicional terreiro do Gantois recebe visita de rei nigeriano em Salvador


Alaafin de Oyo, Oba Adeyemi III participou de cerimônia na capital baiana.
Rei agradeceu o acolhimento e disse estar emocionado com a visita.

Do G1 BA
O tradicional terreiro do Gantois, no bairro da Federação, em Salvador, recebeu nesta quinta-feira (31) a visita do rei nigeriano da cidade de Oyo, Alaafin de Oyo, Oba Adeyemi III. Juntamente com uma comitiva de mais de 20 pessoas, ele visitou o memorial da mãe Menininha e palestrou para uma casa lotada de adeptos do Candomblé. (Veja no vídeo acima como foi parte da cerimônia de acolhimento ao rei Alaafin).
"Eu realmente gostaria de dar saudações, profundamente, do coração. Estou muito emocionado, e esta mãe, que está aqui ao meu lado, lembra-me de todas as grandes mães que já moraram no nosso palácio de Oyo", disse o rei, em referência a mãe Carmem, filha de Mãe Menininha e atual Iolorixá do terreiro.
"O povo do candomblé celebra essa união, esse vínculo forte que existe entre a África, o Brasil e a Bahia. Nesse momento nos sentimos alegres e felizes em ver irmaos unidos no mesmo objetivo, que é a fortificação do axé, é um momento de muita emoção, estamos que não aguentamos de felicidade, e ele também, sinto uma recíproca maravilhosa", disse a Ialorixá do terreiro.
 A visita da comitiva nigeriana encerra a programação do I Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria, que começou na segunda (28) e vai até esta quinta-feira (31).

Bolsa da Argentina fecha em queda de 8% após calote


País está em calote técnico por não conseguir acordo com fundos credores.
Agência de risco Fitch rebaixou nota do país, seguindo ação da S&P.

Do G1, em São Paulo
A bolsa da Argentina fechou em queda de mais de 8% nesta quinta-feira (31), após o país ultrapassar o prazo para pagar a dívida renegociada com credores, que venceu na quarta. De acordo com a Bloomberg, o Merval foi o índice que mais caiu no mundo.
 
A imprensa local afirma que a queda ocorre depois de a bolsa alcançar sua máxima histórica na quarta-feira, quando ainda havia esperanças de um acordo que conseguiria evitar o calote.
Segundo a Reuters, as ações da petrólifera estatal YPF chegaram a cair 6,4% durante as negociações.
De acordo com a agência EFE, o índice Merval perdeu 8,38%, para 8.188 pontos. O Índice Geral da Bolsa também teve forte de baixa, de 6,8%, para 379.926 pontos, e o Merval 25 caiu 8,39%, para 8.224,96.
O volume de negócios foi de 272,1 milhões de pesos (US$ 33,1 milhões), com 16 altas, 65 baixas e um título estável.
No fim da tarde desta quinta, a agência de risco Fitch também rebaixou a nota de risco da Argentina, seguindo a ação da Standard&Poor's, na quarta. Ambas as agências colocaram a nota em default seletivo ou restrito.
Batalha jurídica
Uma decisão judicial determinou que o governo argentino pagasse aos fundos que não aceitaram renegociar a dívida, bloqueando o pagamento a credores que já haviam renegociado.
O país tinha de quitar uma parcela com estes segundos credores até quarta e, para conseguir isso, tinha de chegar a um acordo com os fundos. Sem, isso a Argentina entrou do que é considerado um calote técnico – porque há dinheiro para o pagamento.
Após o fracasso da reunião de quarta, o mediador nomeado pela Justiça dos Estados Unidos, Daniel A. Pollack, divulgou comunicado afirmando que a Argentina "não alcançou nenhuma das condições, e, como resultado, vai estar em default (calote)".
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5 pontos para entender o calote da argentina (VALE ESTE) (Foto: G1)
Nesta quinta, no entanto, o juiz dos EUA que decidiu em favor dos fundos agendou uma nova reunião de negociação para sexta-feira (1º).
Calote seletivo
O "default" de agora, entretanto, é diferente da moratória de 2001 porque dessa vez o país tem o  dinheiro para pagar, mas está impedido pela Justiça. O calote de agora só afeta os US$ 539 milhões que não chegaram a ser efetivados por estarem retidos no Bank of New York Mellon (Bony), por determinação da Justiça dos Estados Unidos.
O juiz americano Thomas Griesa bloqueou o depósito de US$ 539 milhões feito pela Argentina, vinculando a sua liberação ao pagamento de US$ 1,33 bilhão exigidos pelos fundos especulativos.
O governo argentino rechaça o termo "calote" uma vez que efetuou o depósito.
"É uma bobagem atômica dizer que entramos em default", afirmou o ministro da Economia, Axel Kicillof. "Calote é quando não se paga", acrescentou o ministro, que acusou o juiz Griesa de estar favorecendo os "abutres" ao impedir que o dinheiro depositado pelo governo argentino chegue aos credores.

Dilma diz que não vai haver tarifaço, mas conta de luz e gasolina devem ir às alturas se ela for reeleita.


No primeiro evento que reuniu os três principais candidatos ao Planalto, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi acusada pelos adversários de segurar o reajuste de preços de combustível e luz com objetivo eleitoral e, na resposta, negou que promoverá um "tarifaço" após o resultado da disputa eleitoral.
"O que justifica essa hipótese do tarifaço? Significa a determinação em criar expectativas negativas no momento pré-eleitoral. Pregar esse tarifaço agora é para assustar as pessoas e as empresas", disse a petista durante evento nesta quarta-feira (30) na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Última a discursar --os adversários falaram e responderam a questões do empresariado separadamente--, a presidente comparou os rumores de tarifaço às projeções de que o país passaria por racionamento de energia. "São profecias que não se realizarão", afirmou Dilma.
Mais cedo, Eduardo Campos (PSB) afirmou que a adversária vai apresentar a conta após as eleições. "Acho que o governo atual está segurando [os preços] até outubro. Estamos numa situação em que o governo viabiliza o financiamento para o setor elétrico e diz que vai compensar com aumento da tarifa. E quando o aumento vem? Ah, depois da eleição", disse.
"O ano de 2015 já está precificado pela desarticulação do setor elétrico, pela situação da Petrobras, que precisará ter seu papel na economia brasileira redefinido", afirmou Aécio Neves (PSDB
BLOG DO CORONEL

Sem saída...........

Sem saída, Dilma sanciona projeto do tucano Aloysio Nunes que acaba com a roubalheira das ONGs instalada nos governos petistas.

Tentando de adonar do projeto,  Dilma Rousseff sanciona, nesta quinta-feira, a lei que institui o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (ONGs). De autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o projeto de lei do Senado (PLS 649/2011) obriga as entidades interessadas em parceria com o poder público a observar princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência.
A partir de agora, os estatutos dessas organizações devem coibir a obtenção de vantagens indevidas por seus dirigentes e prever a divulgação anual de relatório de suas atividades e de suas demonstrações financeiras. A lei impõe mais rigor na seleção das entidades parceiras do governo, exigindo, por exemplo, escolha por concurso público e tempo mínimo de três anos de funcionamento da organização. As entidades interessadas nos convênios devem estar previamente cadastradas na administração federal.
No caso de convênios de maior porte, as entidades parceiras devem se submeter a regulamentos de compras e de contratação de obras e serviços, como a Lei 8.666/1993. A lei de Aloysio Nunes estabelece ainda sanções contra infrações, aplicáveis tanto às entidades parceiras como aos agentes públicos que derem causas às irregularidades.
A lei formulada por Aloysio Nunes  determina ênfase no controle e na fiscalização preventiva. O objetivo, como esclareceu, à época das discussões no Senado, "é preencher a ausência de monitoramento da execução de convênios, bem como de avaliação dos resultados obtidos."
BLOG DO CORONEL

Rejeição geral!

Nos estados, nenhum candidato do PT lidera nas pesquisas. Hoje partido não elegeria governadores.

A nova rodada de pesquisas Ibope mostra que o PT não lidera em nenhum lugar do país. Confirma os levantamentos anteriores. Perde no Rio Grande do Sul com Tarso Genro para Ana Amélia, no Paraná com Gleisi Hoffmann para Beto Richa, em São Paulo com Alexandre Padilha para Geraldo Alckmin (se elege no primeiro turno), no Rio de Janeiro com Lindbergh Farias para Garotinho, no DF com Agnelo Queiroz para, pasmem!!!, José Roberto Arruda e já empata tecnicamente em Minas Gerais, onde o seu candidato Fernando Pimentel começou campanha muito antes do candidato tucano Pimenta da Veiga. O quadro é desesperador, pois com o início da campanha na TV a rejeição ao PT deve acertar em cheio a candidatura Dilma. 
BLOG DO CORONEL

Aécio elogia Joaquim Barbosa, mas nega rumores sobre ministério.



O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (31) que o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa vai para a aposentadoria como um ministro "exemplar".
A declaração do tucano se deu após ele ser questionado sobre comentários que circulam em redes sociais dando conta de que ele teria convidado Barbosa, cuja aposentadoria foi publicada hoje, para ser seu ministro da Justiça, caso vença a eleição.  Aécio negou o rumor, disse ter "respeito enorme" por Barbosa e afirmou que eles não têm se falado ultimamente. Seguiram-se, então, os elogios.
"Ele é um homem que honrou imensamente o Judiciário e a democracia brasileira. Hoje sai a sua aposentadoria. Então quero aqui de público reconhecer o papel extremamente importante, exemplar, que teve o ministro Joaquim Barbosa. A Justiça brasileira e a democracia devem muito aos seus exemplos", completou o tucano, que inaugurou comitê de campanha em Belo Horizonte.
Barbosa foi o relator da ação penal 470, que denunciou e puniu os envolvidos no esquema do mensalão do PT. Sua conduta no caso sempre foi elogiada pela oposição e criticada pelo PT. O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (31) que o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa vai para a aposentadoria como um ministro "exemplar".
A declaração do tucano se deu após ele ser questionado sobre comentários que circulam em redes sociais dando conta de que ele teria convidado Barbosa, cuja aposentadoria foi publicada hoje, para ser seu ministro da Justiça, caso vença a eleição. Aécio negou o rumor, disse ter "respeito enorme" por Barbosa e afirmou que eles não têm se falado ultimamente. Seguiram-se, então, os elogios.(FSP)
"Ele é um homem que honrou imensamente o Judiciário e a democracia brasileira. Hoje sai a sua aposentadoria. Então quero aqui de público reconhecer o papel extremamente importante, exemplar, que teve o ministro Joaquim Barbosa. A Justiça brasileira e a democracia devem muito aos seus exemplos", completou o tucano, que inaugurou comitê de campanha em Belo Horizonte.
BLOG DO CORONEL

Em resposta à Folha, Aécio restabelece a verdade sobre o aeroporto em Minas.


Vilipendiado por reportagem da Folha de São Paulo - a matéria, aliás, caiu como uma luva para a esgotosfera petista, que a repercute noite e dia -, o senador Aécio Neves obteve direito de resposta. Segue a nota, em linguagem educada que alguns repórteres daquele jornal não merecem:


Nasci no ambiente da política e vivi nele toda a minha vida. Sei que todo homem público tem uma obrigação e um direito: a obrigação de responder a todo e qualquer questionamento, especialmente os que partem da imprensa. E o direito de se esforçar para que seus esclarecimentos possam ser conhecidos.
Nos últimos dias, fui questionado sobre a construção de um aeroporto na cidade de Cláudio, em Minas Gerais. Como o Ministério Público Estadual atestou e a Folha registrou em editorial, não há qualquer irregularidade na obra. Mas surgiram questionamentos éticos, uma vez que minha família tem fazenda na cidade. Quero responder a essas questões.
A pista de pouso em Cláudio existe há 30 anos e vem sendo usada por moradores e empresários da região. Com as obras, o governo de Minas Gerais transformou uma pista precária em um aeródromo público. Para uso de todos.
As acusações de benefício à minha família foram esclarecidas uma a uma. Primeiro, se disse que o aeroporto teria sido construído na fazenda de um tio-avô meu. A área foi desapropriada antes da licitação das obras, como manda a lei. O governo federal reconheceu isso, ao transferir a jurisdição do aeroporto ao governo de Minas Gerais, o que só é possível quando a posse da terra é comprovada. Depois, levantaram-se dúvidas sobre o valor da indenização proposta pelo Estado. O governo ofereceu R$ 1 milhão. O antigo proprietário queria R$ 9 milhões e briga até hoje na Justiça contra o governo de Minas.
Finalmente, se disse que a desapropriação poderia ser um bom negócio para o antigo proprietário, porque lhe permitiria usar o dinheiro da indenização para arcar com os custos de uma ação civil pública a que responde. Não é verdade. O dinheiro da indenização está bloqueado pela Justiça e serve como garantia ao Estado de pagamento da dívida, caso o antigo proprietário seja condenado. Se não houvesse a desapropriação, a área iria a leilão. Se fosse um bom negócio para ele, não estaria lutando na Justiça contra o Estado.
Sempre tomei cuidado em não misturar assuntos de governo e questões pessoais. Durante meu governo, asfaltamos 5.000 quilômetros de estradas, ligando mais de 200 cidades. Apesar desse esforço, deixei sem asfalto uma estrada, no município de Montezuma, que liga a cidade ao Estado da Bahia e passa em frente à fazenda que meu pai possuía, há décadas, na região. Avaliei que isso poderia ser explorado. Foi a decisão correta. De fato, na semana passada, fui acusado de construir um aeroporto em Montezuma. A pista, municipal, existe desde a década de 1980 e recebeu em nosso governo obras de melhoria de R$ 300 mil, inseridas em um contexto de ações para a região. Pelo que me lembro, pousei lá uma vez.
No caso de Cláudio, cometi o erro de ver a obra com os olhos da comunidade local e não da forma como a sociedade a veria à distância.
Tenho sido perguntado se usei o aeroporto de Cláudio, como se essa fosse a questão central. Priorizei até aqui os esclarecimentos sobre o que me parecia fundamental: a acusação de ter cometido uma ilegalidade à frente do governo de Minas. Hoje, me parece que isso está esclarecido. Não tenho nada a esconder. Usei essa pista algumas vezes ao longo dos últimos 30 anos, especialmente na minha juventude, quando ela ainda era de terra.
Depois de concluída essa obra, demandada pela comunidade empresarial local, pousei lá umas poucas vezes, quando já não era mais governador do Estado. Viajei em aeronaves de familiares, no caso a da família do empresário Gilberto Faria, com quem minha mãe foi casada por 25 anos.
Refletindo sobre acertos e erros, reconheço que não ter buscado a informação sobre o estágio do processo de homologação do aeródromo foi um equívoco. Mas reitero que a obra foi não apenas legal, mas transparente, ética e extremamente importante para o desenvolvimento do município e da região.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Por que o discurso intervencionista é tudo de ruim e nada de bom?

intervencaomilitar
Como sói ocorre quando escrevo contra o discurso da direita intervencionista (que eu já chamei de “marchista” na época da Marcha pela Família, mas agora não se aplica), surgiram protestos e contra-argumentações. Como a direita felizmente usa a dialética ao invés da retórica (não sempre, mas na maioria das vezes), boa parte das objeções foram educadas. O que não significa que não tenham problemas lógicos que precisam ser tratados. Tratar esses problemas lógicos/morais é o objetivo deste novo texto. (O texto de ontem foi Lá vamos nós de novo: mais uma vez tenho que falar sobre discursos infelizes pedindo intevenção militar)
Uma das objeções aparece em forma daquilo que chamo de tática de “beco sem saída”. Ou seja, dizer que nos encontramos em uma situação limite, na qual “não temos outra alternativa senão a intervenção militar”.  Note que mesmo que isso fosse verdade (e não é) não serve para refutar a comparação que fiz ontem a respeito do problema moral envolvendo o raciocínio intervencionista. Relembremos: eu disse que pedir intervenção militar à esta altura do campeonato (como em quase todas as situações) não passa da tática de se recorrer ao tapetão quando não se tem condições (ou principalmente disposição) para tentar vencer em campo.
Antes de refutar este aspecto, quero recomendar dois livros em especial: Gut Feelings, de Gerd Gigerenzer, e The Righteous Mind, the Jonathan Haidt. Em ambos os livros sabemos sobre experimentos nos falando a respeito dos “gut feelings” (ou o que chamamos aqui de reações do fígado), e das péssimas argumentações que, se estivermos desavisados em relação ao fenômeno, podemos fazer. Enfim, quando tentamos justificar um posicionamento político assumido pelas vias não racionais (pode ser pela emoção, imprinting ou mesmo manutenção de uma mania para atender a uma faceta de nossa personalidade), fazemos argumentações flagrantemente ilógicas para sustentar essa posição.
Um exemplo deste tipo de má argumentação pode ser vista na questão do aborto. Muitos direitistas defendem o direito do ser humano não ter o estado intervindo em sua vida, especialmente em questões relacionadas à tomada de risco. Em síntese, uma rejeição ao estado babá. Mas estas mesmas pessoas, se forem de orientação conservadora, podem, em alguns casos, usar o seguinte argumento: “Um dos problemas relacionados ao aborto é que a mãe ficará traumatizada pelo resto de sua vida”. Ué, mas ele não disse antes ser contra o estado babá? Nesse caso, temos uma flagrante contradição e um péssimo argumento criado para sustentar uma posição assumida de forma não-racional. (Eu não estou dizendo que argumentar contra o aborto ou tomar a opção pró-vida é algo automaticamente irracional, mas citando uma situação na qual usam-se argumentos irracionais para defender a posição pró-vida defendida de forma iracional)
Quando chegamos neste ponto, o termo recomendado por ambos autores é “racionalização”, que serve para definir argumentos não necessariamente racionais, mas uma tentativa de fazer algo irracional soar como racional. Tanto Haidt como Gigerenzer fazem um ótimo trabalho nos explicando como temos muito trabalho ao tratar destas racionalizações, por que muitos não as largam, mesmo diante de bons argumentos.
Ouso dizer que a maioria dos argumentos de “beco sem saída”, usados pelos intervencionistas são baseados em racionalizações deste tipo, e, portanto, dificilmente serão abandonados diante da argumentação.
Por exemplo, eles dizem que “está tudo dominado, portanto é impossível a vitória pelas vias democráticas”, mas como a coisa pode estar tão dominada se o PT anda desesperado para censurar a mídia e enfrenta atualmente um altíssimo indice de rejeição nas pesquisas? Fica claro que muitas dessas situações “extremas” são ampliações do real poderio do inimigo. E ainda temos que lembrar de Saul Alinsky nos dizendo que “poder não é o que você tem, mas o que o inimigo pensa que você tem”. Parece que o intervencionista usando o discurso do “beco sem saída” sempre tenta nos convencer que a situação chegou a um ponto diante do qual “não temos outra solução que não a intervenção militar”.
Também temos outro problema: qual é o “ponto” que justifica uma intervenção militar? Para o contra-golpe de 1964 tínhamos um golpe militar proposto pelos marxistas. Logo, era uma situação limite. Se o PT amanhã mesmo propor que as Forças Armadas ajudem na dissolução do Congresso, é claro que teríamos um argumento para uma intervenção militar que impeça o PT de fazer isso. Mas é claro que estamos longe de uma situação similar. Até por que os petistas são gramscianos enquanto os golpistas de 1964 não eram. Eles cometeram a precipitação de tentar um golpe armado (e por isso tomaram um contra-golpe), enquanto a extrema-esquerda atual jamais incorrerá no mesmo erro. Em outras palavras: a justificativa moral existente para o contra-golpe de 1964 não existe para uma intervenção hoje. E nem vai existir.
Mas e se o país estiver com as instituições tão danificadas a ponto de justificar uma intervenção militar? Isso nos leva a insistir no questionamento: qual é o “ponto” onde essa decisão pode ser tomada? A meu ver é um só: o momento onde começarem a ocorrer severas violações de direitos humanos, e exista uma crítica formal dos países mais civilizados do mundo em relação a isso. Algo como ocorre hoje na Coréia do Norte, frequentemente denunciada por violações de direitos humanos. Para quem usa a força para massacrar seu povo, sem qualquer respeito pela Declaração de Direitos Humanos da ONU (esse é um bom referencial), uma intervenção militar seria justificável, inclusive com a participação de outros países.
Mas não é o caso nem na Venezuela, mesmo que o país viva uma situação de caos. Gostem ou não, os governantes de lá foram eleitos por via democrática. Se eles aparelharam o estado de forma a solapar a plena democracia, ainda assim o fizeram a partir das instituições democráticas. Até por que existe um risco inerente na democracia: o domínio tão absoluto de um grupo sobre o outro que muitas vezes a democracia pode ser corrompida a ponto de ser similar à uma ditadura, que é o que ocorre na Venezuela – e tratarei deste ponto daqui a pouco. Mesmo assim, torno a dizer: tudo foi alcançado pela via democrática.
Na América Latina, o único país justificando uma intervenção militar é Cuba, até por que os governantes de lá tomaram o poder pela via armada, e exatamente por isso não possuem argumentos para reclamar do uso da força armada contra eles. Mas em qualquer outro país latino-americano, a tomada de poder socialista ocorreu pela via democrática, e, portanto não temos uma justificação moral para tirá-los do poder via intervenção militar.
Alguns poderiam dizer, com razão: “Mas eles controlam a mídia, os movimentos sociais e tudo o mais, então não temos chance”. Mas a resposta é só uma: eles ainda fizeram o que fizeram pela via democrática (mesmo que a tenham corrompido). E é por essa via que devemos derrubá-los. Eu estou plenamente ciente de que tudo se tornou dificílimo para os venezuelanos, e o mesmo pode ocorrer por aqui daqui a alguns anos. Mas ninguém disse que seria fácil. A direita tem errado por muito tempo em termos de estratégia política e isso é o que tem causado tanta dificuldade para nós.
Alias, a esquerda já abandonou qualquer discurso de tomada de poder por “intervenção militar” há mais de 50 anos, enquanto vemos algumas pessoas da direita ficando nessa conversa intervencionista. Se estamos  deliberadamente atrasados no mínimo 50 anos em termos de estratégia política, em comparação aos ultra-esquerdistas, então o máximo que devíamos fazer era parabenizá-los por serem tão superiores em termos de tomada de poder pelas vias democráticas, que é a única maneira moralmente legítima de se chegar ao poder contra quem chegou lá jogando pelas regras do jogo democrático. (A exceção, repito, é Cuba, pois não quis jogar o jogo democrático ao chegar ao poder via intervenção armada)
Creio que já estressei esse ponto suficientemente, e chego ao segundo, onde os intervencionistas abandonam o argumento de “beco sem saída” e partem para dizer que “é injusto algumas pessoas pagarem pelo erro de outras”. Esse argumento surge quando dizemos a eles o seguinte: “Entendemos que a situação está crítica em vários países socialistas, mas isso ocorreu por erro dos eleitores e dos intelectuais orgânicos da oposição, que escolheram a opção errada. Que convivam com o erro por um tempo, até que a urgência os force a tirar os socialistas do poder”. Reconheço que ao dizer isso muitos intervencionistas se irritam, dizendo algo similar ao seguinte: “Você quer dizer que eu tenho que pagar pelo erro dos outros?”. Minha resposta: “Sim, tem, pois vivemos em uma democracia”.
Quando esses protestos surgem sinto que há uma falta de visão a respeito do que significa a política, como um todo, e especialmente o que significa a noção de responsabilidade política, tema que tratei no texto Aperitivos da Guerra Política – III – O princípio OZ.
Eis a dura realidade: em política não existem apenas “eles [os eleitores] errando”, mas, principalmente, nós, intelectuais orgânicos da luta direita X esquerda, ou seja, qualquer pessoa que se assuma como formador de opinião. Somos nós que direcionamos a opinião pública, independente do grau e da abrangência de nossa ação. A maioria absoluta da população vai bandear pro lado que tiver os melhores formadores de opinião e que estejam executando as melhores estratégias.
Não seria cego ao ponto de negar uma hegemonia esquerdista nos meios de comunicação, além do uso de ações censórias por parte da extrema-esquerda contra pessoas que se rebelam, mas esse item é apenas um dificultador, jamais um impossibilitador. Isso significa apenas que nós temos que ser mais perspicazes ao selecionarmos nossas estratégias, assim como colocar a censura petista como um dos principais aspectos sob nossa crítica. A meu ver não temos sido duros o suficiente na denunciação das tentativas de censura petista.
Um dos princípios fundamentais da democracia se baseia na soberania do povo, que toma decisões a partir do voto. Mas esse reconhecimento traz muitas verdades implícitas, algumas delas doloridas: nós, intelectuais orgânicos, devemos assumir nossa responsabilidade pelos resultados das eleições. Não temos “eles que votaram errado”, mas sim nós, que não fomos suficientemente bons na escolha dos nossos frames, que não escolhemos adequadamente nossas estratégias, e mesmo que tivéssemos ido bem nos dois itens anteriores, não usamos os frames e estratégias adequadas em quantidade suficiente, de acordo com as condições adversas que existem. Dito de outra forma, a responsabilidade dos resultados das eleições é, em grande parte, não do povo, mas dos intelectuais orgânicos.
Esse é o momento mais dolorido, onde uma análise holística da situação política nos leva a ter que aceitar a maior parte da culpa pelo atual estado de coisas. Não é a extrema-esquerda apenas que tem vencido (quer dizer, os intelectuais orgânicos da esquerda, hoje aparelhados pelo estado), mas nós, intelectuais orgânicos da direita, que não temos feito nosso trabalho. Reconhecer isso é o primeiro caminho para pensarmos em revisar nossas estratégias e, principalmente, o grau de nossa atuação.
Sem esse reconhecimento, nada feito. A mensagem dizendo “a culpa é dos eleitores que votam errado” é moralmente errada em vários aspectos, além de estrategicamente desastrosa. Primeiro, ela comunica um desrespeito à escolha do povo. Segundo, ela comunica ao nosso subconsciente a seguinte mensagem: “a responsabilidade não é nossa”. Mas se não reconhecermos essa responsabilidade aí é que os resultados não surgem mesmo.  Faça o teste da não-responsabilização em qualquer contexto e veja os resultados. Tenho certeza que você conseguirá fazer qualquer time fracassar.
Enfim, na democracia, a vitória política não é definida basicamente “na hora da eleição”, mas na atuação dos intelectuais orgânicos de cada lado, o que se refletirá, evidentemente, não só nos resultados das eleições, como nas votações do Congresso, principalmente quando demonstramos de forma clara que muitas pessoas estão contra a aprovação ou rejeição de uma propostas, e fomos nós que as conscientizamos disso. Assim, não existe sentido na afirmação “é injusto que alguns paguem pelos erros dos outros”.
E falando em erro, quero concluir este tratamento de objeções (e creio que tratei algumas das mais importantes delas) lembrando que, além de ser um erro moral (propor intervenção militar é apelar ao tapetão) e um erro tático (estamos deixando de nos responsabilizar por ações relacionadas a vitorias em guerra política, o que devia ser nossa prioridade), é uma estratégia vergonhosamente equivocada.
Faço o seguinte paralelo: imagine que você pertença a um grupo de sujeitos que vão constantemente em bando nas baladas “pegar mulheres” – já sei que vou ser chamado de machista, mas se as mulheres se juntarem para “pegar homens”, é o direito delas. Seja lá como for, temos a constatação de um fato: as mulheres entendem que em qualquer processo de sedução, elas devem ter a ciência de escolherem seus parceiros voluntariamente, isto é, não serem forçadas a isso. E você deve sub-comunicar essa mensagem sempre. O poder da sedução está na percepção de que alguém não é forçado a se deixar seduzir. Agora imagine que um dos caras do seu grupo de baladeiros resolva dizer: “mulher não tem que ter opção de escolha pois não sabe escolher, sedução aqui é no porrete”. Você não morreria de vergonha de estar do lado de alguém usando tal tipo de discurso? Ou mesmo que te confundam com quem usa esse discurso somente por estar no mesmo grupo que ele? Você não procuraria se distanciar de gente que ao abrir a boca somente queima seu filme?
É assim que devíamos encarar o discurso intervencionista: como se fosse uma “doença” que causa danos aos direitistas dispostos a lutar na guerra política de verdade, de acordo com os parâmetros gramscianos de tomada de poder (sempre pelas vias democráticas), e até mesmo os parâmetros sharpianos (cujos métodos são focados na luta diante de ditaduras já estabelecidas). Qualquer outra opção é imoral, infrutífera e só serve para queimar o filme.
E tudo fica ainda mais bizarro quando visualizarmos em um momento singular do atual governo, onde eles tentam implementar o Decreto 8243, censurar empresas como Empiricus e Santander, controlar a mídia e realizar diversas outras ações de ditadura sutil. Nunca tivemos um momento histórico onde pudemos lançar um shaming contra eles a partir do frame mostrando que somos pessoas lutando pela a liberdade, nos opondo a censores. Nunca foi tão fácil mostrar, com evidências, que o rótulo “totalitário” se aplica perfeitamente a eles. E o que fazemos? Deixamos que algumas pessoa da direita façam vicejar movimentos pedindo “intervenção militar”. Quer dizer, perderam o frame “liberdade contra a tirania”, em torno de uma opção politica que fica abaixo da crítica.
Entendo que tratei as principais objeções ao texto anterior, mas também entendo que novas racionalizações vão surgir. Se surgir algo de novo, tratarei em mais um texto. Por enquanto a mensagem que fica é: “fujam do discurso intervencionista como o vampiro foge da luz do dia”.
P.S.1: Para finalizar, não quero ser arrogante de me posicionar como um “Gramsci da direita”, em termos de fornecimento a estrategias para a direita. Mas não posso deixar de citar o fato de que me inspirei no histórico de Gramsci ao ver como ele gastou uma boa parte de seu tempo criticando vários comunistas de sua época pelas estratégias erradas que estes usavam. Se Gramsci incomodou pessoas com as quais se alinhava politicamente em sua época, não me incomodo em fazer o mesmo hoje, e estou ciente de que esse texto vai incomodar algumas pessoas da direita. Peço que se alguém se encaixar entre os ofendidos, que não leve para o pessoal, pois meu único interesse é discutir estratégias que funcionem. Se algum ofendido quiser responder, ótimo, mas peço que não se apele a “gut feelings”, mas a argumentos e citações de estrategistas políticos que validem uma estratégia política baseada em pedir “intervenção militar”. A meu ver, isso não funciona muito, e ao meu lado tenho uma base de autores, tanto da esquerda (principalmente) como direita, endossando minha rejeição a discursos pedindo “intervenção militar”. Mas, como já disse, se há contra-argumentos, que se apresentem.
P.S.2: Hoje foi um dia atípico, pois trouxe dois textos longos para este blog (e outros dois textos curtos, sendo o outro texto logo O que Andrew Napolitano está querendo nos dizer a respeito da fraude na democracia?). Esse que você acabou de ler, editado no Word, deu mais de 10 páginas. Ambos foram feitos no espaço de 2 horas, a partir das 20 horas (sim, eu sei, eu sempre escrevo neste período, entre 20 e 21 hrs., mas hoje ultrapassei o limite). Por causa a quantidade e da rapidez, posso ter deixado alguma coisa passar batido em termos de variação de terminologias, maneirismos e coisas do tipo. Mas vai ficar assim mesmo, pois eu não poderia deixar passar de hoje para publicar esse texto.

Escola sem limites: o papel das universidades na crise da autoridade docente


Se a Europa criou o Estado do bem-estar social, o Brasil consolida o Estado do mal-estar geral – que começa com a pedagogia do Marquês de Sade nas escolas, onde a razão, vista com desconfiança pela esquerda, cede lugar aos instintos.

(
Texto apresentado no 1º Congresso Nacional sobre Doutrinação Política e Ideológica nas Escolas, realizado em Brasília pela ONG Escola Sem Partido, com o apoio da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares.)

“A verdadeira ciência não é a que se in­crusta para ornato, mas a que se assimila para nutrição.” Essa máxima de Machado de Assis, “o gênio brasileiro”, na precisa definição de um de seus biógrafos, o jornalista Daniel Piza, precocemente falecido, revela a essência do conhecimento, que é o principal nutriente da humanidade desde os seus primórdios, definindo o homo sapiens diante das demais espécies. Nessa frase, Machado usa o termo “ciência” como sinônimo de “educação”, vista não só em sentido amplo, como um aprendizado que permeia a vida, mas também em sentido estrito, como sinônimo de ensino formal, ou de instrução pública, como se dizia em seu tempo.
E, ao dizer que a ciência não po­de ser mero ornato, o escritor critica a sociedade brasileira, que, historicamente, dá mais valor aos títulos que ao conhecimento – tema que Ma­chado desenvolve num de seus contos antológicos, “A Teoria do Me­da­lhão”, em que um pai ensina ao filho como transformar-se num vencedor não por mérito, mas pelo cultivo das aparências. É que “cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro…” – como também ensina Machado, em outro conto, em que explica a inelutável dualidade do ser, que só é capaz de se enxergar como “eu” porque se vê no espelho dos “outros”.
Essa irônica visão machadiana do homem antecipa o pensamento do francês Émile Durkheim, fundador da sociologia como ciência empírica e também pioneiro da sociologia da educação. Para Durkheim, em cada um de nós existem dois seres. “Um – constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pessoal – é o que se poderia chamar de ‘ser individual’. O outro é um sistema de ideias, sentimentos e hábitos que exprimem em nós, não a nossa personalidade, mas os diferentes grupos de que fazemos parte, como as crenças religiosas, as práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda a espécie. Esse conjunto forma o ‘ser social’”.
Durkheim observa que os vestígios da autoridade moral da sociedade sobre o indivíduo estão por toda parte na história humana, a começar pela mitologia dos mais diferentes povos. Uma prova do que diz o sociólogo pode ser encontrada na mitologia hebraica (que veio a ser a literatura sagrada do Ocidente, através da Bíblia), em que a primeira sanção no âmbito da humanidade (já que a Queda de Adão e Eva ainda se inscreve no plano divino do Éden) foi o banimento de Caim depois que ele assassina Abel. Expulsar o indivíduo de seu meio social é, sem dúvida, uma dura punição, que se repete, ao longo do tempo, nas mais diversas culturas. Sócrates, por exemplo, preferiu a cicuta ao banimento, rendendo-se a autoridade moral da sociedade grega para melhor condená-la como mártir.
A rigor, banir o indivíduo do seu meio social pode ser até mais doloroso do que privá-lo da liberdade. Na prisão, o indivíduo ainda mantém os laços sociais, seja com familiares, seja com os demais presos. Mas se o banimento pudesse ser total, privando a pessoa do contato físico ou psicológico com outras pessoas, isto é, se em vez de banir o indivíduo da sociedade se pudesse banir do indivíduo o seu ser social, sem dúvida, nada poderia haver de mais doloroso e perceber-se-ia o quanto Durkheim tem razão ao enfatizar que o homem é, no que tem de melhor, uma criação da sociedade. A própria linguagem, que nos faz humanos, é uma construção social e histórica, que herdamos da coletividade.
Um dos mais pungentes contos da literatura em língua portuguesa, o belo “A Terceira Margem do Rio”, do escritor mineiro Gui­ma­rães Rosa, ilustra a tragédia do “ba­ni­mento”, com o relato de um pai que se exila do mundo em uma ca­noa, mas não vai a parte alguma, “só executava a invenção de se per­ma­necer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não mais saltar, nunca mais”.
Esquerda adere ao totalitarismo de EspartaDurkheim explica que a finalidade da educação é constituir em cada indivíduo este ser social, ou seja, a educação é, por excelência, a tentativa de conjugar o “eu” com os “outros” formando o “nós”, que é a sociedade. O sociólogo constata que cada sociedade, considerada em uma determinada época de seu desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistível. Durkheim é taxativo: “É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a nos conformar”. Por isso, não existe a educação perfeita, atemporal, apropriada a todos os homens indistintamente – o que existe, de concreto, é uma educação histórica que varia conforme a época e o meio.
Para Durkheim, “quando se estuda historicamente a maneira pela qual se formaram e se desenvolveram os sistemas de educação, percebe-se que eles dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento das ciências, do estado das indústrias, etc; separados de todas essas causas históricas, os sistemas educacionais tornam-se incompreensíveis”.
O historiador da educação Paul Monroe conta que na Grécia Antiga, a educação tinha como objetivo formar guerreiros, cuja principal virtude era a bravura, moderada pela reverência. Em Esparta, a educação era ainda mais rígida: no século IX antes de Cristo, o Estado espartano, governado por Licurgo, instituiu uma rígida educação das crianças, que, a partir dos sete anos de idade, eram retiradas da guarda direta da mãe e iam morar em casernas públicas, custeadas pelo Estado. Como se vê, a esquerda brasileira, que impôs o ensino obrigatório a partir dos quatro anos, é, de certo modo, herdeira do totalitarismo militar de Esparta.
Os sistemas educacionais geralmente atendem a uma necessidade social. Roma, por exemplo, educava as crianças para que se tornassem homens de ação, apaixonados pela glória militar, necessária à propagação e manutenção do Império. Por isso, Durkheim afirma que, se a educação romana tivesse tido um caráter individualista comparável ao das sociedades contemporâneas, a cidade romana viria por terra e, com ela, a própria civilização latina.
Ensino formal é aprendizagem e iniciaçãoCom base no estudo da educação real, que permeia a história, Dur­kheim define a educação como sendo “a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social”, e seu objetivo é desenvolver na criança “certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine”. Nas sociedades menos complexas, como as tribos primitivas, a educação da criança se dá de modo quase natural, pela imitação livre da vida adulta, caçando, pescando, engendrando jogos e lutas que simulam guerras, até que os ritos de passagem se encarreguem de sacramentar seu ingresso na sociedade dos adultos.
Mesmo nas antigas comunidades rurais, a infância, tal como a conhecemos hoje, praticamente não existia. A criança, tão logo conseguia firmar-se nos próprios pés, começava a ajudar os adultos nas lides domésticas ou na lavoura, conforme o sexo. No sertão brasileiro, um filho de peão de fazenda, aos 7, 6 ou até mesmo aos 5 anos de idade, já trabalhava como candeeiro de carro de boi, guiando pelas estradas a parelha de animais – uma atividade que exigia destreza e astúcia para compreender a psicologia dos bois de carro, que, mesmo propensos à mansidão, podiam se assustar e causar um acidente, ferindo o jovem candeeiro. Nesse tipo de sociedade primitiva, tribal ou rural, a sociedade, para se perpetuar nas novas gerações, praticamente prescinde de escola – a educação se dá pelo trabalho.
Já nas complexas sociedades urbanas que surgiram com a Revolução Industrial, a educação escolar não só é imprescindível, como se caracteriza pela diversidade, permitindo a existência das mais diversas especializações, que atendem a diferentes segmentos sociais. Todavia, Durkheim sustenta que, por mais diversificada que seja uma sociedade, ela só pode subsistir se entre seus membros existirem laços comuns – e a função essencial da educação é justamente perpetuar esses laços, inculcando na criança valores essenciais à vida coletiva.
Explica o sociólogo que, se um grupo social vive em guerra com sociedades vizinhas, sua educação tende a refletir um forte espírito nacionalista, capaz de forjar os guerreiros necessários à sua defesa. Se, no entanto, sua competição externa se dá pacificamente no campo econômico, a educação de suas escolas tende a ser mais geral e humanista, reforçando a solidariedade orgânica, que, segundo Durkheim, caracteriza as sociedades modernas, calcadas no aprofundamento da divisão social do trabalho.
A sociedade moderna, ao emancipar o homem da solidariedade mecânica da horda, que anula sua condição de indivíduo, possibilita a emergência de um conceito universal de humanidade. E para que surja este homem universal, é preciso que os valores que o norteiam não sejam apenas sociais no sentido de “históricos”, mas sociais no sentido de “humanos”, isto é, suficientemente universais para captar a natureza transcendente da humanidade — aquela que, para Durkheim, reside na consciência coletiva da sociedade moderna.
Por isso, o filósofo da educação Olivier Reboul afirma que o ensino formal, escolar, é um misto de aprendizagem e iniciação – ele não apenas possibilita à criança o aprendizado de determinados conteúdos e técnicas, como também a introduz na ética da sociedade adulta.
Educação divorciada da realidadeE assim chegamos ao cerne do problema da educação brasileira – que se agravou com a doutrinação esquerdista, mas está longe de se limitar a esse fenômeno. A rigor, o ensino brasileiro sempre foi ideológico, mais preocupado em imitar modismos importados do que em refletir sobre a realidade, constituindo o ser social que o país requer.
A educação brasileira sempre foi divorciada da realidade da nação e, por isso, nem sempre foi um meio de edificação intelectual e moral do indivíduo – quase sempre foi um salvo-conduto para o sucesso social. Nas nações que levam a sério o conhecimento, o indivíduo primeiro busca o saber e, como consequência, conquista o diploma. No Brasil, costuma ocorrer o contrário: o sujeito busca avidamente o diploma e, se sobrar tempo, vai à cata de algum conhecimento para fingir que não é de todo ignorante.
Essa tendência vem desde os tempos coloniais, quando os jesuítas, segundo o sociólogo Gilberto Freyre, incutiram nos rapazes brasileiros, desde cedo, o gosto pelo bacharelismo. Analisando o ensino jesuíta na França, Durkheim observa que os jesuítas, procurando ser homens do seu tempo, valorizavam o humanismo e seu culto aos gregos e latinos antigos, mas, sabendo que essa cultura podia pôr em perigo a fé cristã, esvaziavam-na de seu conteúdo pagão, limitando-se a usá-la como instrumento de retórica. Vem daí a vocação do ensino brasileiro para o bacharelismo, a discursividade, o apego aos títulos.
Essa tendência só se agravou com o tempo. Raymundo Faoro, no clássico “Os Donos do Poder”, afirma que, na época do Império, “o letrado se torna letrado para conquistar o cargo, para galgar o parlamento, até que o assento no Senado lhe dê o comando partidário e a farda ministerial, pomposa na carruagem solene”. Enquanto isso, segundo ele, reinava na base da pirâmide a apatia, a indiferença, o alheamento, periodicamente acordados pelos capangas, no interior, ou pelos capoeiras, nas cidades. Os bacharéis, diz Faoro, criaram um Estado maior do que a nação, em que a caça febril ao emprego público não tinha correspondência com a atividade econômica. Qualquer semelhança com o nosso tempo não é mera coincidência.
Segundo o professor e crítico Hélio de Seixas Guimarães, autor do livro “Os Leitores de Machado de Assis”, ao longo de todo o século XIX, o índice de alfabetizados nunca ultrapassou 30% da população brasileira. E, de acordo com o primeiro censo realizado no país, publicado em 1872, apenas 18% da população livre e 15% da população total, incluindo os escravos, sabia ler e escrever. Ou seja, entre 70% e 80% da população brasileira permaneceu analfabeta até o alvorecer do século XX. En­quanto isso, em 1878, a Ingla­ter­ra já tinha alfabetizado 70% de sua po­pulação e a França, 77%. Já os Estados Unidos, bem antes disso, em meados do século XIX, já era considerado uma nação de leitores, com 90% da população branca alfabetizada, centenas de jornais e revistas e edições de livros que su­pe­ravam a casa dos 225 mil exemplares vendidos, cifra que até hoje um escritor brasileiro raramente alcança.
Historicamente, as elites brasileiras nunca se preocuparam em educar a população, daí o completo descaso a que sempre foi relegado o ensino público. O jornalista e escritor carioca Benjamin Costallat, em um crônica publicada em 3 de março de 1927, no “Jornal do Brasil”, descreve uma escola pública do Rio de Janeiro, em que as crianças conviviam com animais, entulhos e esgoto a céu aberto, “sem as mais elementares regras de higiene, na promiscuidade sórdida”, como ele próprio afirma. In­dignado com as pocilgas que se faziam passar por estabelecimentos de ensino, obrigando as crianças a chafurdarem na sujeira, Benjamin Costallat não hesitou em defender o fechamento das escolas públicas de seu tempo, fazendo uma dura afirmação: “Melhor é ver aumentar o número de brasileiros analfabetos do que ver aumentar o número dos porcos brasileiros”.
Cenário promissor para o marxismo
O promissor Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, liderado em 1932 por Fernando Aze­ve­do, Anísio Teixeira e Lourenço Filho, que defendia a implantação do ensino público e gratuito no país, não foi suficiente para reverter a situação calamitosa da educação brasileira, que, para usar um vocábulo caro a pensadores de esquerda, como Pierre Bour­dieu, continuou excludente.
As boas escolas públicas da época eram redutos das classes média e alta. A maioria dos pobres era expulsa pelo funil do exame de admissão, chamado de “primeiro cemitério” pelo padre e educador José Vieira de Vasconcelos. Esse exame foi extinto pela reforma educacional de 1971, promovida pelo regime militar, que criou o 1º grau de oito anos, tornando o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos e dando aos pobres uma sobrevida de quatro anos a mais de escolaridade.
Mas a educação brasileira continuou elitista, enganando os pobres com um ensino profissionalizante que não funcionava, por falta de recursos técnicos e humanos, e reservando à classe média e aos ricos as boas universidades públicas e gratuitas, como a USP e as universidades federais, numa completa inversão de prioridades.
Não poderia haver um cenário mais promissor para a propagação das ideias marxistas, que começaram a se infiltrar no ensino superior já na década de 1930, com Caio Padro Junior, um rico representante da nobreza paulista, e na década de 1940, com Florestan Fernandes, oriundo de uma família paupérrima, que começou a trabalhar aos seis anos de idade para ajudar a mãe, que era lavadeira. Florestan Fernandes tornou-se um dos mais respeitados intelectuais do país e elegeu-se deputado federal pelo PT de São Paulo, exercendo dois mandatos consecutivos, até 1994. Publicou, em 1946, uma tradução da “Crítica da Economia Política”, de Karl Marx, e foi o fundador da “sociologia crítica” no Brasil, calcada no marxismo, tendo sido professor de Fernando Henrique Cardoso.
Esses antigos marxistas ortodoxos, entre os quais se incluem o fervoroso machadiano Astrogildo Pereira e o sociólogo e crítico literário Antonio Candido, decano da USP, que está completando 96 anos hoje [quinta-feira, 24], eram todos filhos do iluminismo, como o próprio Marx, e acreditavam na alta cultura, sendo eles próprios leitores de Shakespeare, de Balzac, de Eça, de Zola e até da Bíblia.
Hoje, quando a universidade brasileira tornou-se obcecada por essa estranha mistura de Paulo Freire com Michel Foucault, a esquerda já não quer saber de reivindicar para o proletariado o acesso à alta cultura – o que esses marxistas pós-modernos querem é simplesmente destruir a cultura, transformando a escola numa terra devoluta, onde esperam cultivar o homem novo, fazendo das crianças verdadeiras cobaias de seus experimentos revolucionários. A guerra selvagem contra o sexo biológico, travada pelos corrosivos estudos de gênero, é um exemplo cabal dessa transformação das crianças em cobaias dos engenheiros sociais.
Hoje, nas escolas, impera a pedagogia do Marquês de Sade. A razão é vista com desconfiança. Em seu lugar, a esquerda universitária entronizou o desejo e, por consequência, os instintos, como se viu no recente evento “Xereca Satânica”, promovido na Universidade Federal Flu­minense, em que uma mulher teve a vagina costurada como atividade pedagógica de uma disciplina acadêmica. Esse ataque sistemático à razão enfraquece o papel do professor da educação básica. Se a mente já não conta e tudo se reduz ao desejo, para que serve o professor? Sua autoridade deixa de ser um mandato social exercido em nome dos pais e da sociedade para se tornar uma instável concessão dos próprios alunos.
A esquerda, que outrora acusava a burguesia de ministrar uma educação sexista, hoje impõe uma educação pornográfica. Os textos paradidáticos adotados na educação básica muitas vezes submetem as crianças a um verdadeiro festival de violência, que vai da chacina à tortura, passando pelo estupro e o incesto, sem contar a indefectível e deletéria discussão sobre drogas, que ocupa o lugar dos modelos positivos, tão necessários à formação das crianças. Para a universidade, a infância é uma invenção burguesa, que precisa ser destruída. A morte da infância dispensa a autoridade paterna; com isso, crianças, jovens e adolescentes tornam-se presas fáceis da ideologia revolucionária – sempre em busca de marionetes humanas.
Nada escapa à sanha destruidora dessa esquerda revolucionária. Se a Europa criou o Estado do bem-estar social, o Brasil está consolidando o Estado do mal-estar geral. Todas as políticas públicas do País desde a redemocratização têm como principal objetivo fomentar um sentimento de culpa nas pessoas normais, acusadas injustamente de excluir homossexuais, mulheres, negros, índios, loucos, drogados, mendigos, menores de rua, deficientes físicos, deficientes mentais e toda sorte de excluídos reais e imaginários que povoam a mística esquerdista.
Até os jovens – que são ostensivamente privilegiados em todos os quadrantes da sociedade brasileira – também foram transformados em oprimidos de manual pela esquerda, que, com o malfadado Estatuto da Juventude, deu um golpe etário na Constituição e, em vez de reduzir a maioridade penal, como esperam quase todos os brasileiros, fez foi adiar a infância até a idade de 29 anos. Quem duvida, leia o artigo 227 da Constituição, modificado pela chamada Emenda Constitucional nº 65, a PEC da Juventude.

Aluno se tornou o verdadeiro regente de salaHoje, esse culto à juventude que emana das universidades tende a transformar o aluno no verdadeiro regente de sala. O psicólogo Yves de la Taille, professor da USP, tece críticas às correntes pedagógicas que, no afã de cativar o aluno, olvidam os limites necessários à educação. A tentativa de facilitar o aprendizado interfere até no conteúdo dos currículos e no modo de ministrá-lo em sala de aula.


La Taille observa que muitas “perspectivas educacionais ditas construtivistas”, que procuram alicerçar o ensino na experiência do estudante, acabam reduzindo a história e a geografia às “experiências íntimas” dos alunos e “aos diâmetros que seus pés ou carros podem percorrer”; passam à criança “a idéia de que suas teorias espontâneas têm tanto valor quanto as teorias científicas; dizem ao aluno que “suas formas de falar têm tanta beleza e estilo quanto as formas literárias”.
“Alegando ter o cuidado de respeitar a inteligência infantil, alguns educadores procedem a uma verdadeira ‘sonegação de informações’, a uma sacralização dos erros, a uma proibição quase religiosa da apresentação de modelos”, afirma Yves de la Taille. O psicólogo deixa claro que educação se faz com limites – título de um de seus livros. Afirma La Taille: “A colocação de limites, no sentido restritivo do termo, faz parte da educação, do processo civilizador, e, portanto, a ausência total dessa prática pode gerar uma crise de valores, uma volta a um estado selvagem em que vale a lei do mais forte”.
Yves de La Taille mostra que o limite é fundamental para o amadurecimento do indivíduo e é ferramenta essencial da pedagogia: respeitando limites, o aluno reconhece o outro e aprende a viver em sociedade; transpondo limites, o aluno alcança a maturidade e a excelência, superando suas próprias fraquezas; impondo limites, o aluno garante seu direito à intimidade, à privacidade, tão necessário ao seu autoconhecimento.
É por essa via que o aluno deixa de ser o mimado “sujeito de direitos” da pedagogia progressista e do Estatuto da Criança e do Adolescente para se tornar senhor de si – consciente de que a liberdade custa o caro preço da responsabilidade. A isso se chama mérito, infelizmente banido da escola brasileira, onde a ciência já não é nem mesmo ornato, pois se tornou bandeira da mais nociva ideologia – a que sacrifica o homem concreto no altar de uma humanidade utópica.


Publicado no Jornal Opção.

José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.