Vilipendiado
por reportagem da Folha de São Paulo - a matéria, aliás, caiu como uma
luva para a esgotosfera petista, que a repercute noite e dia -, o
senador Aécio Neves obteve direito de resposta. Segue a nota, em
linguagem educada que alguns repórteres daquele jornal não merecem:
Nasci no
ambiente da política e vivi nele toda a minha vida. Sei que todo homem
público tem uma obrigação e um direito: a obrigação de responder a todo e
qualquer questionamento, especialmente os que partem da imprensa. E o
direito de se esforçar para que seus esclarecimentos possam ser
conhecidos.
Nos
últimos dias, fui questionado sobre a construção de um aeroporto na
cidade de Cláudio, em Minas Gerais. Como o Ministério Público Estadual
atestou e a Folha registrou em editorial, não há qualquer irregularidade
na obra. Mas surgiram questionamentos éticos, uma vez que minha família
tem fazenda na cidade. Quero responder a essas questões.
A pista
de pouso em Cláudio existe há 30 anos e vem sendo usada por moradores e
empresários da região. Com as obras, o governo de Minas Gerais
transformou uma pista precária em um aeródromo público. Para uso de
todos.
As
acusações de benefício à minha família foram esclarecidas uma a uma.
Primeiro, se disse que o aeroporto teria sido construído na fazenda de
um tio-avô meu. A área foi desapropriada antes da licitação das obras,
como manda a lei. O governo federal reconheceu isso, ao transferir a
jurisdição do aeroporto ao governo de Minas Gerais, o que só é possível
quando a posse da terra é comprovada. Depois, levantaram-se dúvidas
sobre o valor da indenização proposta pelo Estado. O governo ofereceu R$
1 milhão. O antigo proprietário queria R$ 9 milhões e briga até hoje na
Justiça contra o governo de Minas.
Finalmente,
se disse que a desapropriação poderia ser um bom negócio para o antigo
proprietário, porque lhe permitiria usar o dinheiro da indenização para
arcar com os custos de uma ação civil pública a que responde. Não é
verdade. O dinheiro da indenização está bloqueado pela Justiça e serve
como garantia ao Estado de pagamento da dívida, caso o antigo
proprietário seja condenado. Se não houvesse a desapropriação, a área
iria a leilão. Se fosse um bom negócio para ele, não estaria lutando na
Justiça contra o Estado.
Sempre
tomei cuidado em não misturar assuntos de governo e questões pessoais.
Durante meu governo, asfaltamos 5.000 quilômetros de estradas, ligando
mais de 200 cidades. Apesar desse esforço, deixei sem asfalto uma
estrada, no município de Montezuma, que liga a cidade ao Estado da Bahia
e passa em frente à fazenda que meu pai possuía, há décadas, na região.
Avaliei que isso poderia ser explorado. Foi a decisão correta. De fato,
na semana passada, fui acusado de construir um aeroporto em Montezuma. A
pista, municipal, existe desde a década de 1980 e recebeu em nosso
governo obras de melhoria de R$ 300 mil, inseridas em um contexto de
ações para a região. Pelo que me lembro, pousei lá uma vez.
No caso
de Cláudio, cometi o erro de ver a obra com os olhos da comunidade local
e não da forma como a sociedade a veria à distância.
Tenho
sido perguntado se usei o aeroporto de Cláudio, como se essa fosse a
questão central. Priorizei até aqui os esclarecimentos sobre o que me
parecia fundamental: a acusação de ter cometido uma ilegalidade à frente
do governo de Minas. Hoje, me parece que isso está esclarecido. Não
tenho nada a esconder. Usei essa pista algumas vezes ao longo dos
últimos 30 anos, especialmente na minha juventude, quando ela ainda era
de terra.
Depois de
concluída essa obra, demandada pela comunidade empresarial local,
pousei lá umas poucas vezes, quando já não era mais governador do
Estado. Viajei em aeronaves de familiares, no caso a da família do
empresário Gilberto Faria, com quem minha mãe foi casada por 25 anos.
Refletindo
sobre acertos e erros, reconheço que não ter buscado a informação sobre
o estágio do processo de homologação do aeródromo foi um equívoco. Mas
reitero que a obra foi não apenas legal, mas transparente, ética e
extremamente importante para o desenvolvimento do município e da região.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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