Feira de troca, festa e abertura de planilha propõem alternativa ao consumo.
Preços exorbitantes foram um dos motivos para 'pague o quanto quiser'.
Kamala
Aymala tirou um ano sabático para conhecer formas alternativas de lidar
com o dinheiro (Foto: Arquivo Pessoal/ Kamala Aymala)
Em tempo de preços "surreais"
no Rio, como brinca o movimento com mais 200 mil curtidas na web,
alternativas para modificar a relação com o dinheiro têm feito sucesso
na cidade. Alguns propõem o "pague o quanto quiser", outros abrem a
planilha dos custos para mostrar o valor cobrado, outros sugerem uma
proposta de troca."A ideia do meu projeto surgiu dessa sobrevivência desesperada. Tem toda uma geração nessa. Eu voltei e encontrei todos os amigos mudando de bairro, ficando mais longe do trabalho e com menos tempo para se encontrar. Eu fui ficando muito incomodada. Voltei no auge dessa situação e foi angustiante. Fui percebendo que eu não conseguia encontrar as pessoas. Quem não tem casa própria, mora de aluguel, teve que migrar. Vi que tinha alguma coisa muito errada e decidi conhecer gente que esteja fazendo diferente. E quem conhece se encanta, é algo contagioso", contou Kamala, que iniciou um crowdfunding para comprar equipamento e registrar todas as iniciativas.
Próxima edição da Feira Grátis da Gratidão será no domingo (3) (Foto: Divulgação/ Feira Grátis da Gratidão)
Também para estimular a ideia, Kamala fez o Bazar Pague e Pegue o que
Quiser, com objetos próprios e doados. Fotos dos produtos foram
colocados em fotos no Facebook e os usuários da rede social colocavam
abaixo quanto queriam pagar por eles. Não era um leilão, o primeiro
preço era o escolhido. Para conhecer outras iniciativas, Kamala viaja
com o filho de 11 anos e, com ele, já visitou ecovilas em Minas Gerais e
feiras de trocas no Rio.É o caso da Feira Grátis da Gratidão cujo lema é "Traga o que quiser ou nada e pegue o que quiser ou nada". Com edições em diversos estados do país, a feira já aconteceu em muitos bairros do Rio. Doações de modo geral (material e imaterial, exceto remédios) são bem-vindas. Entre os objetivos está o "exercício diário e aprendizado de um novo jeito de viver, desapegando de excessos materiais". A próxima edição, marcada para o domingo (3), acontecerá na Praça Paris, na Glória, Zona Sul do Rio.
João
Freitas, Léo Sales, Edu Araújo e Jorge Badauê criaram a festa Tem Que
Dar, onde paga-se quanto quiser para entrar (Foto: Divulgação/ Tem Que
Dar)
No mesmo dia, acontece a festa Tem Que Dar, cujo nome é
autoexplicativo. Algo tem que ser dado para entrar no local, não importa
quanto, desde que a pessoa esteja com o nome na lista
(temquedarfesta@gmail.com). Com estreia na boate La Cueva, em
Copacabana, a Tem Que Dar surgiu em um bate-papo entre quatro amigos. O
artista plástico Leo Sales, o fotógrafo Jorge Badaue, o publicitário Edu
Araujo e o designer de moda João Freitas queriam reunir os amigos, dar
uma festa, mas sem incorporar o espírito "Rio Surreal", em que os preços
altos assustam todo mundo.O Curto Café, no Centro, há um ano funciona neste modelo. Cada um paga o que quiser pela bebida. Em um quadro, são escritos os gastos do mês. Há cafés variados, inclusive capuccino. O cliente coloca em uma caixa uma ficha que corresponde ao produto que consumiu. Assim, o coletivo que administra o café pode saber o valor do custo do produto mais o valor agregado pelo consumidor. No mesmo quadro, os dias do mês e a quantia que falta para fechar as contas são escritos. A proposta é que cada um dê o valor que se sinta bem em dar.
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