MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 30 de junho de 2013

Pipas com cerol colocam em risco a vida de crianças em Macapá


Santana e Macapá registraram 3 vítimas fatais em 2012.
Guarda Municipal inicia campanha de conscientização em julho.

Thaís Pucci Do G1 AP

Pipas ficam presas na fiação elétrica (Foto: Thaís Pucci/G1)Pipas ficam presas na fiação elétrica (Foto: Thaís Pucci/G1)
Todos os anos, durante as férias e as festas juninas escolares, a Guarda Municipal (GM) intensifica a fiscalização nos locais onde é comum soltar pipas. Em Macapá, a Lei Municipal nº 1445, criada em 2005, proíbe o uso de cerol nas linhas de papagaios, e, há cerca de 15 dias, uma lei semelhante foi criada no município de Santana, para regulamentar a brincadeira. Em 2012, foram 3 vítimas fatais por conta do cerol nos dois municípios. A GM já está nas ruas concientizando moradores.
Segundo o inspetor da Guarda Municipal, Mauro Dias da Silveira, que realiza o trabalho de fiscalização desde 2005, quando a lei foi criada em Macapá, a campanha passou a ser comum durante os meses de férias escolares e festa junina. "Fazemos a fiscalização nas ruas periodicamente. Já deslocamos uma equipe para a Fazendinha, uma para a Zona Sul e duas para a Zona Norte. O trabalho está mais intenso durante os finais de semana, mas, a partir de julho, por conta das férias escolares, o trabalho será feito também durante a semana", informou.
O inspetor contou que quando há a abordagem de crianças e adolecentes, para informá-los sobre os perigos do uso de cerol na linha da pipa, e dos cuidados com o trânsito, onde irão brincar, os pais se omitem e dizem não saber que os filhos estão em risco.
"Há uma rejeição muito grande da população de compartilhar com a guarda municipal esta causa. Os acidentes não acontecem apenas por conta do cerol, como muitos imaginam. A travessia desavisada das crianças nas ruas, que esquecem o trânsito e podem ser atropeladas, motoqueiros e ciclistas que caeam ao desviar da linha, e a pipa que muitas vezes enrosca na rede elétrica também causam diversos acidentes", explicou.
De acordo com Silveira, no caso de constatação de cerol na linha da pipa, a GM recolhe a linha, deixando somente a pipa com as crianças. "Na primeira abordagem, fazemos a orientação. Quando são reincidentes, conduzimos ao conselho tutelar, quando menor, ou ao Ciosp, no caso de maior de idade. Quando os pais não aparecem, pegamos os dados das crianças e mostramos um cartaz com vítimas do cerol. As fotos são fortes, é até constrangedor", falou.
Em Macapá, no ano passado, foram registradas 2 vítimas fatais pelo uso do cerol no papagaio. Em Santana, um menino de apenas 4 anos, faleceu no dia 4 de julho, por conta de uma pipa com cerol.

Nova lei em Santana
Anderson Almeida é o autor da lei aprovada no dia 13 de junho, em Santana, que discorre sobre a regularização da prática de soltar pipa. A lei, ainda sem numeração, se chamará Lei Elvis Alves, em homenagem ao menino que morreu no município. "Criei o projeto devido o número crescente de vítimas, não apenas do cerol, mas da prática de soltar pipa. Ela deixou de ser brincadeira e passou a ser perigosa", justificou.
Segundo Almeida, a lei estabele as regras da brincadeira, mas não tem o intuito de banir a prática. "A partir desta lei, estão proibidos o cerol e as pipas na área urbana. A prefeitura vai realizar torneios e campeonatos, com orientações e palestras educativas para concientizar a população. A idéia não é banir a prática, mas sim, procurar o local apropriado para soltar pipas com segurança", comentou.
A prima do pequeno Elvis (morto em acidente com linha de cerou), Iraciara da Rocha Nunes, contou que a morte do menino foi uma tragédia.  "Meu tio saiu com os dois filhos na bicicleta, um na cadeirinha e outro no guidão, para visitar outro filho no bairro Paraíso (Santana). No retorno, a cerca de 100 metros da casa dele, a linha do papagaio cortou a jugular do Elvis. O pai segurou a linha, mas não deu mais tempo", contou.
Segundo ela, Elvis foi socorrido, mas não sobreviveu até o hospital. "Elvis caiu no chão e ficou sangrando. Muitos vizinhos tentaram acudir, e um conselheiro tutelar que passava de carro tentou levá-lo para o hospital, mas ele já chegou morto. Ele não resistiu, pois o corte foi muito profundo, e ele perdeu muito sangue. Durante a perícia médica, em Macapá, o legista comentou que nunca tinha visto um caso assim, e que como era pai também, estava muito triste pela família", comentou, emocionada.
Elvis morreu no ano passado vítima de uma pipa com cerol (Foto: Reginaldo Alves/ Arquivo Pessoal)Elvis morreu no ano passado, vítima de uma pipa
com cerol (Foto: Reginaldo Alves/ Arquivo Pessoal)
Sobre a nova lei de Santana, Iraciara falou que está contente. "Graças a essa nova lei outras vidas poderão ser poupadas desse tipo de tragédia. Nós só temos a agradecer ao Anderson pelo iniciativa de ter criado a lei", comentou.
Segundo Iraciara, até hoje, o pai de Elvis, Reginaldo Alves, não gosta de falar sobre o assunto. "Meu tio ficou arrasado, e até hoje não gosta de falar neste assunto, até porque foi com ele. É uma ferida que ainda não foi cicatrizada. Ele que cuidava dos filhos durante o dia. Os vizinhos comentam que onde ele ia, levava o Elvis na bicicleta", lembrou.

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