Para promotor, operação resultou em melhora da qualidade do leite.
Duas primeiras fases foram deflagradas nos dias 8 e 22 de maio.
Transportadoras adicionavam água e ureia ao leite
(Foto: Felipe Truda/G1)
O Ministério Público do Rio Grande do Sul
planeja a terceira fase da Operação Leite Compensado, que investiga a
adulteração do produto. De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, a
nova etapa deve ser deflagrada em cerca de 15 dias. As duas primeiras
fases, nos dias 8 e 22 de maio, verificaram que a fraude ocorria no
transporte do produto. Os envolvidos misturavam água e ureia ao leite
para aumentar o lucro.(Foto: Felipe Truda/G1)
O foco da investigação não foi antecipado pelo promotor. De acordo com Rockenbach, as duas primeiras fases da operação resultaram em melhora da qualidade do leite que chega para o consumidor. A indústria já sentiu diferença no fornecimento do produto. “A indústria passou a receber menos leite. Ou seja, deixou de receber água”, disse ao G1.
Ainda segundo o promotor, o Ministério Público está mais dedicado a acompanhar a movimentação e a adequação da indústria. O objetivo é ver se ela está mais criteriosa com a qualidade do leite. Nos últimos dias, três empresas anunciaram recall de leite por suspeita de adulteração.
A fraude não teve reflexo para os produtores rurais, segundo o diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elton Weber. Ele diz que o que se criou foi um sentimento de indignação, já que os criadores de gado de leite também têm exigências em relação à qualidade e aos cuidados necessários na produção. “Não adianta o produtor ter cuidado e depois outras pessoas adulterarem o leite. Isto nos deixou indignados diante dos fatos”, afirma.
O analista de mercado Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, também lamenta o ocorrido. “A fraude do leite tem um reflexo direto na confiança dos consumidores. Isso abala um mercado que vinha melhorando nesse aspecto”.
Conforme o MP, a simples adição de água com o objetivo de aumentar o volume acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia, produto que contém formol em sua composição e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol. Mesmo depois dos processos de pasteurização, ele persiste no produto final.
Entenda a operação
A Operação Leite Compensado foi desencadeada no último dia 8, após investigação. A ação teve como consequências a retirada de lotes do mercado (veja lista aqui) e a interdição de três postos de resfriamento e de uma fábrica em Estrela. Foram investigados núcleos em Ibirubá, Guaporé e Horizontina.
Na manhã do dia 22 maio, uma nova fase da operação foi iniciada, com alvo em duas transportadoras localizadas em Rondinha, no Norte, e Boa Vista do Buricá, no Noroeste do estado. De acordo com a investigação, as transportadoras adulteraram pelo menos 120 mil litros de leite nas duas cidades nos últimos três meses. O MP ressalta que este volume foi apreendido e não chegou ao mercado.
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