Igor Martins chegou a pesar 106kg.
Reeducação alimentar foi feita por conta própria.
À esquerda, Igor com 106 quilos e atualmente com 71 quilos (Foto: Arquivo Pessoal)
Estar acima do peso era uma constante na vida do jornalista Igor
Martins, de 26 anos, desde a infância. Em 2008, após sofrer um Acidente
Vascular Cerebral (AVC) aos 22 anos e pesando 106kg, o jovem tomou uma
resolução e sem o auxílio de especialistas se propôs a entrar num
processo de reeducação alimentar que o fez perder 35 kg.A doença não havia sido causada pelo excesso de peso, mas por uma trombose venosa cerebral. Porém, o rapaz viu a situação como um sinal de alerta para a necessidade de adquirir hábitos mais saudáveis. “Sempre fui gordo, sempre fui bem gordo e os anos foram passando e eu fui ficando mais gordo ainda, mas depois de descobrir que tinha uma doença de fundo genético meio que você para e pensa”, conta.
Entre as mudanças no cardápio, ele cita a substituição do pão comum pelo pão multigrãos, a inclusão de cenoura, brócolis, chuchu e outros legumes, além de granola e iogurte. A diminuição no consumo de carne vermelha que deu lugar ao frango. Na hora do lanche, que ele passou a fazer de três em três horas, entraram as frutas, em especial a banana, a maçã, a pêra e os biscoitos integrais.
Porém, o processo não foi tão fácil. Seis meses depois ao se dar conta que havia perdido apenas 10 kg ele pensou em desistir. “Fiquei muito frustrado, mas depois de um tempo que percebi que tinha perdido muita gordura.Eu não havia parado para pensar que a gente perde muita medida, ganha muita massa muscular e isso faz diferença. Muitas pessoas também não pensam nisso quando estão fazendo dieta e por isso desistem. Mas na época, apesar de ter perdido só 10kg, perdi também quatro manequins de calça, eu vestia 52 de calça e passei a vestir 46”, enfatiza.
É um exercício diário de autocontrole"
Igor Martins
“Comparo a pessoa que tem obesidade, a uma pessoa que tem vício em drogas. Porque o vício pela comida é algo que você não consegue controlar, principalmente quando você já está muito acima do peso. Aí você desconta ansiedades, problemas na comida e tentar mudar isso talvez seja mais difícil que o caso do dependente químico. Dosar o quanto você precisa e não passar para algo que é excessivo é complicado. É um exercício diário de autocontrole”, conta.
O rapaz passou no desafio e nos três meses seguintes conseguiu perder mais 25kg, peso que tem mantido nos últimos três anos. Aliado à reeducação alimentar ele passou a fazer caminhada e natação. “Com o tempo você vai se acostumando, a saciedade vai chegando mais rapidamente, você vai comendo mais devagar, comecei a incorporar fibras que ajudam nessa sensação de saciedade. Hoje tenho menos preocupação com isso, quando tenho vontade como um sanduíche, mas não consigo mais comer como antes”, diz.
'Ainda me vejo como gordo'
Apesar de já ter emagrecido há quase cinco anos, o jovem diz que pensa em si mesmo como uma pessoa acima do peso e conta que isso já quase lhe causou problemas. “Eu às vezes esqueço que emagreci e já entrei em algumas confusões, porque sou muito brincalhão. Um dia estava em uma confraternização e comecei a fazer piadas de gordo e não percebi que havia um colega gordo ao lado. Por sorte, ele sabia que eu já tinha sido gordo. A verdade é que eu ainda me vejo como gordo”, diz.
Mesmo depois de perder 35 quilos, Igor diz ainda se sentir como um gordo (Foto: Arquivo Pessoal)
Nutricionista aprova reeducação alimentarA pedido do G1, o nutricionista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) com mestrado em Saúde Coletiva, Alanderson Ramalho, analisou a dieta de Igor e aprovou a iniciativa . “Entre os novos hábitos, destacam-se positivamente a maior variabilidade alimentar, opção por alimentos mais saudáveis com maior quantidade de fibras, aumento no número de refeições para 5 ou 6 refeições ao dia”, salienta.
Ramalho explica ainda que as medidas adotadas pelo jornalista se assemelham às recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e explica quais são. “Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; limitar a ingestão energética procedente de gorduras; substituir as gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as gorduras trans (hidrogenadas); aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, cereais integrais e leguminosas (feijões); limitar a ingestão de açúcar livre; limitar a ingestão de sal (sódio) de toda procedência e consumir sal iodado”, explica.
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