MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 3 de junho de 2013

41% dos municípios do Nordeste não atraíram médicos pelo Provab


Projeto leva atendimento médico a periferias, interior e áreas remotas.
Balanço foi apresentado nesta segunda-feira (3), em Salvador.

Do G1 BA

O Ministério da Saúde apresentou, nesta segunda-feira (3), em Salvador, o primeiro balanço do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) nos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, todos na região Nordeste. O balanço foi apresentado pelo diretor de programas da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Felipe Proenço.
O foco do projeto é levar atendimento médico a periferias, cidades do interior e áreas remotas, onde a população carente é atendida em Unidades Básicas de Saúde (UBS). "O Provab é um programa de valorização do profissional da atenção básica. Ele visa suprir a carência do profissional da atenção básica neste ano de 2013, principalmente do profissional médico, e também possibilitar que este profissional – muitas vezes um recém-egresso do curso de medicina – tenha uma experiência de trabalho supervisionado na atenção básica", disse Felipe Proenço.
O projeto prevê que os municípios solicitem ao Ministério da Saúde profissionais para o sistema de saúde básica e apresentem o défcit de especialistas no setor em sua cidade. Os médicos, por sua vez, são convidados a escolher a região de sua preferência para atuar por meio do Provab, com bolsa de R$ 8 mil.
Segundo dados do Ministério, o Provab não conseguiu atrair nenhum médico para 41% dos municípios do Nordeste que solicitaram profissionais este ano. Das 1.091 cidades nordestinas que pediram médicos, 457 não receberam nenhum profissional. Com isso, apenas 36% da demanda por médicos na região foi atendida.
Na Bahia, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda-feira, 49% dos municípios não atraíram nenhum médico pelo Provab. Ainda segundo o Ministério, dos 305 que pediram médicos, 156 não receberam nenhum [por falta da disponibilidade de profissionais]. Esse número é referente ao período entre janeiro a maio de 2013.
No ano passado, segundo o Ministério da Saúde, apenas 23 médicos foram contratados pelo programa para atuar em municípios baianos. O estado ficou em segundo lugar, tanto em 2012 quanto em 2013 entre os municípios do nordeste. Em 2012, Pernambuco ficou em primeiro lugar. Já em 2013, o Ceará liderou o ranking.
"Houve um crescimento de quase dez vezes na participação de profissionais de 2012 para 2013. Em 2012, tivemos [no Brasil] 381 médicos participando, e agora em 2013 são 3,7 mil. Para a gente ter um parâmetro do estado da Bahia, em 2012 foram 23 profissionais participando, e agora em 2013 são 468. Isto mostra a importância do projeto para prover médicos para as regiões de maiores necessidades. Outro dado que chama atenção é que mesmo com este crescimento importante do programa em 2013, ainda se mantém uma carência muita grande nos municípios", afirmou Proenço.
Dos 1.942 médicos solicitados pelos municípios, 468 foram para 149 cidades na Bahia. Foi o segundo estado do nordeste que alcançou o maior número de médicos por meio do Provab, atrás apenas do Ceará.
"Na Bahia, foram mais 1.900 profissionais solicitados, e a demanda atendida foi de 468. Dos 305 municípios que pediram profissionais, na Bahia, 152 conseguiram atrair estes profissionais – um programa em que o próprio médico escolhe para onde quer ir", apontou o diretor de programas da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde.
O órgão informou que, em todo o país, 3.800 médicos atuam pelo programa. No nordeste, 2.241 profissionais trabalham em 645 cidades.
Segundo o Ministério da Saúde, os médicos que participam do programa recebem uma bolsa mensal no valor de R$ 8 mil e trabalaham 32 horas semanais nas unidades, além de se dedicaram oito horas semanais a cursos de pós-graduação em Saúde da Família.

Médicos estrangeiros
Segundo Proenço, o Ministério da Saúde, dentro de outras ações, tem estudado o aporte de médicos estrangeiros para atender às necessidades nas regiões mais carentes do país. "A gente tem visto experiência em outros países que têm profissionais estrangeiros – Reino Unido tem 37%, Estados Unidos 25%, Austrália 22%, Canadá 18% de profissionais estrangeiros - , e têm estudado formatos que eles têm utilizado, de profissionais que atendem de forma delimitada a estas regiões de maior necessidade, vindos de instituições com comprovada qualificação, com reconhecimento internacional da qualificação, e que possam estar atendendo esta grande demanda da população de ter mais médicos, garantindo o acesso, com qualidade, ao Sistema Único de Saúde", informou Felipe Proenço.

Segundo ele, há um número insuficiente de médicos no Brasil. "Quando a gente compara com outros países, o Brasil tem 1,8 médicos para cada mil habitantes, enquanto o Reino Unido tem 2,7, a Argentina tem 3,2, Portugal tem 3,9, Espanha tem 4,0, então tem uma questão de falta mesmo de médicos no Brasil. Além da questão da má distribuição, que está acompanhada da própria formação, que ainda é muito focada nos hospitais, então termos dificuldade de ter médicos para a atenção básica. A formação também é muito focada em grandes centros, por isso a importância de abrir vagas de cursos de medicina em municípios mais distantes", completou.
O diretor afirmou ainda que entre 2011 e 2013, o Ministério da Saúde registrou 146 mil postos de primeiro emprego, sendo eles de carteira assinada e de profissionais estatutários. No mesmo período, apenas 93 mil médicos concluíram a faculdade. "São quase 54 mil postos de trabalho a mais do que profissionais egressos dos cursos de medicina. E eles preferem ficar mais perto dos locais onde se graduaram, e isto acaba gerando esta necessidade do interior, das áreas de extrema pobreza, das áreas de saúde indígena, e por isso agente tem estudado estas várias medidas para conseguir responder a esta carência", concluiu Felipe Proenço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário