Médicos param e população lota postos terceirizados

Nelson Luís A TARDE

• Lúcio Távora | Ag. A TARDE
  
  Rosemary foi a quatro postos e esperava atendimento para o filho em Pernambués

No primeiro dia de paralisação dos médicos da rede municipal de saúde, a procura da população por atendimento nos postos terceirizados foi grande nesta terça-feira, 4.  No 5º Centro de Saúde Professor Clementino Braga, localizado no bairro do Garcia, houve um grande movimento de pessoas durante todo o dia.
No local, os pacientes tiveram que esperar atendimento médico por cerca de sete horas. Foi o caso do casal Natália Santos e Abel de Sá, que chegou ao posto do Garcia às 2h em busca de atendimento para a filha Maísa, que só foi examinada pelos médicos às 9h.
"Esse foi o único posto que encontramos funcionando. Quando chegamos, tivemos que aguardar. Só às 9h fomos atendidos e ainda estamos esperando os resultados dos exames. Minha filha está com fome e ainda não posso levá-la para casa antes do diagnóstico", lamentou Abel.
Quem recorreu ao Centro de Saúde Dr. Edison Teixeira Barbosa, no bairro de Pernambués, também enfrentou longas filas e tumulto na sala de espera.
Antes de buscar atendimento no posto de Pernambués, a dona de casa Rosemary Ferreira contou que já tinha visitado duas unidades de saúde no subúrbio e não encontrou médicos disponíveis. "Esse é o quarto lugar a que venho. Está lotado, mas vou ter que aguardar. Não posso voltar para casa com meu filho doente", disse.
Médicos
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, a paralisação na rede continuará até que a Secretaria da Saúde do Município (SMS) apresente uma contraproposta.
"Tivemos uma adesão muito boa no primeiro dia de greve. Até mesmo médicos que não são vinculados ao município aderiram ao movimento. Estimamos que cerca de 700 profissionais paralisaram as atividades nesse primeiro dia", estimou.
A categoria reivindica reajuste de 20% sobre o vencimento-base dos servidores ativos, inativos, pensionistas e de empresas públicas, além de reajuste de 200% na gratificação, pagamento de insalubridade e melhoria das condições de trabalho.
Município
Por meio de nota, a SMS afirma que já iniciou um levantamento para apontar as necessidades das unidades e convocou o Sindimed para uma nova rodada de negociação.
"É preciso que o diálogo evolua de uma forma responsável e sustentável. Estamos abertos ao diálogo", afirmou o Secretário da Saúde, José Antônio Rodrigues Alves.