MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Emoção e fé marcam a Noite dos Tambores Silenciosos no Recife


Celebração de maracatus e afoxés aconteceu no Pátio de São Pedro.
Ancestrais negros foram lembrados e saudados com cânticos e orações.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Raminho de Oxóssi comanda a Noite dos Tambores (Foto: Katherine Coutinho/G1)Raminho de Oxóssi comandou a Noite dos
Tambores (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Muita emoção, fé e pedidos de paz marcaram a Noite dos Tambores Silenciosos, na passagem desta segunda-feira (20) para a terça (21) no Pátio do Terço, centro do Recife. Aproximadamente vinte nações de maracatus participaram da cerimônia, que foi comandada pelo Tatá Raminho de Oxóssi.
Encontro dos maracatus e afoxés com os orixás, é assim que Maria Auxiliadora da Silva, mais conhecida como mãe Danda, define a Noite dos Tambores Silenciosos. "Quando você vem com paz no coração, sai outra pessoa daqui, mais irradiante, mais feliz, mais leve", acredita Maria Auxiliadora, que explica ser a noite comandanda pelos orixás Yansã e Ogum.

O português se mistura ao iorubá [língua de origem africana] enquanto os ancestrais negros são lembrados, saudados e honrados. "Tem que ter paz. Orixá é natureza, é vida. Esse é um momento único, onde nós nos ligamos aos nossos ancestrais", explica Edson Dandara, um dos coordenadores da Noite.
João Vitor foi com os pais assistir a cerimônia (Foto: Katherine Coutinho/G1)João Vitor foi com os pais assistir a cerimônia
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
A cerimônia começou com todas as luzes apagadas. Enquanto são entoados cânticos e orações, a emoção toma conta do público. "Há dez anos eu participo e não tem jeito, as lágrimas rolam", conta Luiz Carlos Henrique, que foi junto da mulher Jaqueline e do filho João Vítor, de três anos, assistir a cerimônia. "Mesmo se você não tem vivência no maracatu, se emociona. Você sente como se os ancestrais, negros escravos, estivessem mesmo aqui", acredita Jaqueline.
Para o babalorixá José Kênio de Oliveira, rei do Maracatu Axé da Lua há 25 anos, esse é o momento de agradecer. "Mesmo quem não entende iorubá, sente a energia. Esse é a hora de agradecer e pedir paz, amor, saúde", diz José Kênio.
A Noite dos Tambores Silenciosos termina com pombas brancas sendo soltas e fogos estourando no céu. "Que esse seja um carnaval de paz e um ano de muita alegria. Tudo de bom para todos nós, que Yansã abençoe nossa festa", deseja o Tatá Raminho.
Pombas são soltas ao som dos fogos (Foto: Katherine Coutinho/G1)Pombas são soltas ao som dos fogos (Foto: Katherine Coutinho/G1)
HomenageadosA noite contou também com homenagens a dois ícones da cultura afro em Pernambuco. Mãe Elda de Oxóssi, única rainha negra coroada dentro da Igreja Católica a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, é a rainha do Maracatu Nação Porto Rico, fundado em 1913, no Pina. "Eu estou muito emocionada, é uma honra", diz Elda.
Mãe Elda de Oxóssi, do Maracatu Porto Rico, foi homenageada (Foto: Katherine Coutinho/G1)Mãe Elda de Oxóssi, do Maracatu Porto Rico, foi homenageada (Foto: Katherine Coutinho/G1)
O outro homenageado foi o professor Ubiracy Ferreira, coreógrafo do balé afro Bacnaré e presidente do Maracatu Sol Nascente, de 1905. Ele foi o primeiro bailarino negro a dançar no Teatro Santa Isabel, em 1954. "Recebo essa homenagem com muita humildade e muita honra", se emociona o professor, que foi um dos fundadores da Noite dos Tambores Silenciosos. "Faz tantos anos que nem lembro mais quando foi", admite Ferreira. 

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