Bares de Uberlândia estão proibidos de tocar música ao vivo

Locais precisam se adequar para que o som alto não propague.
Orientação foi feita por quatro anos, diz diretor de Controle Ambiental.

Hismênia Keller Do G1 Triândulo Mineiro

Bar colocou faixa avisando da proibição.
(Foto: Hismênia Keller/G1)

Doze estabelecimentos comerciais do ramo de bares e restaurantes em Uberlândia estão proibidos, desde a última quinta-feira (2), de tocarem música ao vivo por descumprirem a Lei Municipal nº 10.700/2011 que determinar o volume do som a ser propagado. A determinação é da Secretária Municipal de Meio Ambiente e por tempo indeterminado ou até que os locais se adequem.

De acordo com o diretor de Controle Ambiental, Alessandro Uchitel, os bares e restaurantes notificados ficam no Centro e nos bairros Santa Maria, Santa Mônica, Lídice, Jardim Patrícia e nas redondezas da Avenida Aspirante Mega, no Bairro Jaraguá. “Sabemos da importância fiscal e social que esses locais têm, mas existe uma lei e que precisa ser cumprida. Recebemos reclamações de cerca de 1.200 famílias”, explicou.

Desde a notificação, uma choperia na Avenida Rondon Pacheco afixou uma faixa informando que: “Por determinação da Prefeitura Municipal de Uberlândia, este estabelecimento está proibido de oferecer música ao vivo à população de Uberlândia”. O assunto gerou polêmica na internet entre os uberlandenses. Os manifestos, tanto contra ou à favor da proibição, foram feitos em uma rede social. Em resposta aos manifestos, a página oficial da Prefeitura Municipal na rede publicou uma nota informando sobre o por quê da proibição.
O assunto também divide a opinião de músicos na cidade. Rodrigo Paiva toca em bares de Uberlândia e região há 12 anos e já presenciou esta situação várias vezes. “Não é a primeira vez que isso acontece, já vi vários lugares fecharem por causa desta proibição, por isso acredito que estes locais precisam se adequar. Existe uma lei que precisa ser cumprida e não sei por qual motivo os proprietários estavam protelando isso”, disse o músico.

Michel Ashtar é músico há 14 anos e há seis toca apenas em barzinho. Ele até concorda com a adequação, mas contesta a forma que foi realizada a notificação. “Foi uma decisão drástica, pegou todo mundo de calça curta, principalmente nós. É preciso ter um cuidado para que as pessoas que vivem dos bares não saiam prejudicadas, temos que ter uma alternativa”, argumentou.

De acordo com o diretor de Controle Ambiental, foi feito um trabalho de orientação por quatro anos para que os 1.600 estabelecimentos em Uberlândia se adequassem, destes, apenas 12 ainda não oferecem a estrutura adequada e que impeça a passagem do som. “Atualmente existem vários modelos arquitetônicos e que não descaracterizam o ambiente de happy hour. Acredito que isso não prejudique os proprietários, uma vez que os clientes não procuram os locais apenas pela música ao vivo, mas também pelo atendimento e outros serviços ”, justificou.

Para presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes e dono de dois estabelecimentos notificados em Uberlândia, Leonardo Pomponi, desde a notificação houve uma redução de 30% no movimento do bar em que é proprietário. “Os clientes reclamaram porque era esse o nosso diferencial. O público que vem aqui gosta porque é um lugar aberto e que têm música ao vivo, se quisessem um local fechado iriam para uma boate”, explicou.

Segundo Leonardo, os donos dos restaurantes notificados tentarão um acordo com a Prefeitura até que façam a adequação exigida e apresente os laudos necessários. “Se fecharmos os locais perderemos nosso diferencial. Entendemos as reclamações dos vizinhos e a princípio a proposta de adequação é reduzir o volume do som e a quantidade de caixas e cortar alguns instrumentos”, acrescentou.
A Lei nº 10.700/2011 foi aprovada em 9 de março de 2011 e dispôs sobre a política de proteção, controle e conservação do meio ambiente, onde trata vários assuntos relacionados ao meio ambiente, inclusive da poluição sonora e visual, controle das fontes poluidoras e fiscalização.