MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mergulhador do ES supera câncer com ajuda de atividades físicas


Célio Henriques descobriu a doença aos 44 anos e emagreceu 18 quilos.
Ele conta que manteve sua rotina e nunca deixou o esporte de lado.

Geovana Chrystêllo Do G1 ES

O mergulhador Célio Henriques, após tratamento contra o câncer. (Foto: Geovana Chrystêllo/G1 ES)O mergulhador Célio Henriques, após tratamento contra o câncer. (Foto: Geovana Chrystêllo/G1 ES)
Quem passa pela orla de Camburi, em Vitória, e vê o mergulhador e esportista Célio Gonçalves Henriques em plena boa forma aos 47 anos, não imagina o obstáculo que ele já enfrentou. Apaixonado por atividades físicas desde a adolescência, Célio foi surpreendido por um câncer no estômago aos 44 anos de idade. O mergulhador perdeu 18 quilos, e mesmo enfrentando quimioterapia e radioterapia, não perdeu o gosto por um dos maiores motivadores de sua vitória, o esporte. Um dia antes da cirurgia para a retirada do tumor, Célio passou a maior parte do tempo no mar.
A descoberta da doença foi em um simples exame de endoscopia. “Eu fui fazer o exame e o médico detectou o tumor, que já estava com aproximadamente dois ou três centímetros, o que para os médicos já é um estágio um pouco avançado”. Em dezembro de 2011, o mergulhador realizou a cirurgia em que 70% do estômago, parte do intestino e a vesícula foram retirados.
Saí da glória para passar pelo momento mais difícil da vida"
Célio Gonçalves Henriques,
mergulhador que enfrentou câncer
Ele contou que, mesmo doente, a rotina era a mesma dos dias atuais. “Acordava às 6h30 da manhã, pedalava de Jardim Camburi até a casa do meu pai, na Praia do Canto, mergulhava quando via que o mar estava bom. Assim como faço hoje. Na época tinha um pouco mais de moderação. Um dia antes da cirurgia, mergulhei o dia inteiro. Sabia que ia ser curado. Quase perdi o horário, de tão descontraído que estava”, contou.
O oncologista André Marinato explicou que, dependendo do tratamento de cada paciente, é possível manter a rotina de atividades. “Existem alguns tratamentos que necessitam de cirurgias e medicamentos que podem debilitar o paciente, mas existem outros que permitem que uma rotina de atividades seja mantida. Só o médico pode avaliar, mas no geral é possível sim”, disse o especialista.
Doença
Foram seis meses de tratamento. Em junho de 2012, Célio concluiu as etapas de quimioterapia e radioterapia. "Fiquei fraco, acabado, não conseguia nem comer direito. Uma médica chegou a falar que eu corria risco de morte, porque tive febre. Mas aprendi a valorizar a vida. Eu era muito forte, achava que nada ia me derrubar. Isso fazia com que eu até tratasse mal as pessoas. Quando eu tive a doença, eu vi que eu não era melhor que ninguém”, enfatizou.
O mergulhador contou que nunca fumou nem ingeriu bebidas alcoólicas, e que sempre teve vida regrada e alimentação balanceada, mas acredita que seu estado emocional tenha influenciado no surgimento da doença. A descoberta do câncer, segundo ele, se deu cinco anos após ter passado por uma separação. “O câncer é uma doença da alma. Eu estava fisicamente bem, mas meu emocional não estava, e para mim, o que alimenta o câncer é a tristeza, o rancor e o ódio”, afirmou.
Em relação ao surgimento da doença, o médico André Marinato explicou que todos podem desenvolver células cancerígenas, porém há alguns fatores de risco que contribuem para o seu surgimento. “O fumo, bebidas alcoólicas e má alimentação podem ser alguns deles, mas não depende só disso. Há a genética também. Apesar de nada cientificamente comprovado, a tristeza e o estresse também podem facilitar no aparecimento do câncer, isso é uma queixa muito comum entre os pacientes, mas não depende só disso”, frisou.
Mergulhador e praticante de frescobol, Célio diz que esporte foi fundamental para sua recuperação. (Foto: Célio Henriques/Arquivo pessoal)Célio diz que o esporte foi essencial para o
tratamento. (Foto: Claudio Rocha/Divulgação)
Esporte
O esporte sempre esteve presente na vida de Célio. A paixão pela atividade física o motivou a escolher a profissão de mergulhador. “Eu mergulho desde os 16 anos, então uni o útil ao agradável. Eu ganho dinheiro me divertindo”, brincou. E na fase mais difícil da vida, como ele mesmo diz, o esporte desempenhou papel fundamental na cura do mergulhador. “O atleta em si já tem a vontade de vencer, e querendo ou não, ele (o esporte) te obriga a se alimentar e a viver melhor. Fora que você convive com pessoas e conhece gente nova”, declarou Célio.
Célio diz que já ganhou cerca de 50 a 60 competições de frescobol, levando nos anos de 2007 e 2008, o título de melhor atleta da modalidade.  Eu pratico frescobol há mais de 25 anos, mas somente em 2005 eu comecei a competir. Já participei de mais de 100 campeonatos”, disse.
Em 2011, apesar de ter ficado na segunda colocação, o praticante de frescobol disse ter participado de seu melhor campeonato. E foi justamente em novembro do mesmo ano, um mês após a competição, que Célio foi surpreendido pela doença. “Fui do céu ao chão. Saí da glória para passar o momento mais difícil da minha vida”.

O esportista acrescentou que buscou motivação para superar a enfermidade também por meio da religião. “Deus nos dá uma força que a gente não imagina. Eu ouvi a voz de Deus dizendo que eu ia ser curado, então, a partir daí eu passei a viver com muita alegria. As pessoas olhavam pra mim e não imaginavam que eu tinha câncer. Eu esqueci de mim e passei a visitar pessoas que também tinham a doença, sempre dando palavras de apoio a elas”, relatou.
Atualmente, ainda em fase de recuperação, Célio divide a agenda entre os esportes, em uma rotina que inclui mergulho, frescobol, pedalada, futebol, entre outras modalidades. Além disso, ainda sonha em se tornar escritor. “Eu penso em escrever um livro e contar toda minha história, já que sou muito utilizado para dar apoio e transmitir alegria às pessoas ”, finalizou.

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