MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Guerra (nada) gelada: as cervejas oficiais vão ter trabalho diante do concorrente


A Schin conquistou por R$ 10 milhões o direito exclusivo de vender seus produtos no circuito do Campo Grande. Já a Itaipava, fez o mesmo acerto, pelo mesmo preço, mas para o comércio na Barra-Ondina
Joana Rizério (joana.rizerio@redebahia.com.br)
CORREIO 24 HORAS

Skol faz campanha de preço agressiva para tentar conquistar os consumidores durante o Carnaval
O combate é árduo dentro do circuito do Carnaval de Salvador. De um lado, as duas empresas controlam a venda de um dos produtos mais preciosos da festa: a cerveja. Do outro, a empresa que foi excluída, mas não derrotada, que está fazendo o que pode para não passar a Quarta-feira de Cinzas no prejuízo.

A Brasil Kirin, que controla a Schin, conquistou por R$ 10 milhões o direito exclusivo de vender seus produtos no circuito do Campo Grande. Já o Grupo Petrópolis, que fabrica a cerveja Itaipava, fez o mesmo acerto, pelo mesmo preço, mas para o comércio no perímetro da Barra-Ondina.

Os dois têm um forte oponente em comum: a Ambev, empresa, que fabrica a Skol e Brahma, e que patrocinava o Carnaval de Salvador desde 1981. “Realmente, nos conhecemos de outros carnavais”, brinca o diretor de comunicação da Ambev, Alexandre Loures, fazendo alusão à campanha publicitária da empresa espalhada por táxis e outdoors pela cidade.

Entre as ações mais importantes da Skol, cujo comércio está vetado nos dois circuitos citados, está a venda da unidade da lata de 269 ml (a famosa piriguete) por R$ 1. Tanto a Itaipava quando a Schin propagam que suas piriguetes sairão, nas mãos dos ambulantes cadastrados, pelo valor de três por R$ 5.

“O dinheiro que não colocamos no patrocínio resolvemos dar em desconto para o consumidor. Esse é o nosso negócio. A gente adoraria ter continuado como patrocinador da Carnaval da Bahia, mas como os concorrentes venceram, a gente escolheu baixar o preço para conquistar os consumidores”, explica Loures.

Ele salienta que a empresa condena a venda de Skol onde não é permitida. “Temos orientado, explicitamente, os nossos ambulantes a não dar um passo dentro da região de restrição. Se tiver algum, ele está errado. Onde puder, a gente quer que eles vendam, só não queremos  que invadam o espaço conquistado pelos concorrentes”, afirma.

Resposta
Dougals Costa, diretor de mercado do Grupo Petrópolis, dispara que “quem concorre baixando preços perdeu a confiança em seus produtos”. Crescemos na Bahia mais de 400% em seis meses. Não temos que nos preocupar com uma ação de preços de concorrentes. Quando algum concorrente baixa preço demonstra que, ele sim, está preocupado conosco”.

Já o diretor comercial da Brasil Kirin na Bahia, Aurélio Leiro, acredita que a Schin trabalha com um preço adequado e que é natural que os preços das marcas sejam diferentes, oscilando para cima ou para baixo. “A gente já faz o Carnaval da Bahia há 11 anos e não vamos fazer nenhum preço fora da realidade do mercado”.

A reportagem do CORREIO encontrou a unidade de 269 ml (conhecida como piriguete) de Skol sendo vendida nos supermercados Extra, Hiper Bompreço e GBarbosa por até R$ 0,79, valor mais barato do que  a Schin, que é vendida por até R$ 0,95, e do que a Itaipava, que pode ser encontrada por até R$ 0,85.

Irregularidades
A punição para quem for flagrado vendendo produtos irregulares é a apreensão da mercadoria. Cerca de 1,1 mil agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) vão fazer a vigilância dos dois circuitos. “A fiscalização não vai parar. Começa às 7h e vai até as 19h, trocando de turno com outros agentes”, explica Iuri Dias, coordenador-geral do Carnaval da Semop.

Os materiais confiscados serão mantidos em poder da secretaria, e o ambulante terá até 60 dias para resgatá-los mediante pagamento de valor estipulado de acordo com o tipo e quantidade da mercadoria. Além das cervejas de outras marcas, estão banidos nos circuitos alimentos e bebidas com embalagens de vidro e comidas servidas em espetos de madeira e bebidas artesanais. “O forte da apreensão de quarta-feira foram garrafas de uísque”, relata Iuri.

Riscos
O aposentado Mário Ferreira dos Santos aproveitou a promoção da Skol no supermercado Extra e levou dez caixas de piriguete a R$ 0,79 cada unidade. Pagou R$ 118,50 por tudo e disse que vai beber bas tante, mas também tentar vender, sem se preocupar com a fiscalização. “Quantas vou beber e quantas vou vender é a boca que vai dizer”, disse.

A vendedora ambulante Núbia Peixoto Lopes, 40, não quis dar sorte ao azar. Cadastrada na prefeitura há seis anos, ela participou das palestras oferecidas pelas patrocinadoras sobre como proceder no comércio das cervejas durante o Carnaval. “Se vendermos outra marca, a fiscalização pode levar tudo”, aprendeu.

“Vai ter fiscalização muito dura esse ano, vou vender só Itaipava mesmo. Com esse prefeito vai ser difícil fazer qualquer coisa por fora”, acredita Núbia. Seu colega, o também ambulante Adebaldo Santos da Silva, 52, não vai descumprir a regra por princípios. “Eu gosto de andar direito para ter direitos. E também não acho justo que uma empresa invista alto para outras ficarem ‘mamando’”, opina.

Vai faltar

Um terceiro colega de Núbia, Edmilson Menezes Ferreira, 28, porém, acha que a restrição da
venda de cervejas de outras marcas nos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande pode fazer com que o produto fique escasso nas avenidas. Ele começou a vender na noite de quarta-feira.“Quando deu duas horas da manhã, já tinha acabado nos depósitos. E olha que tinha pouca gente na rua. Acredito que hoje (ontem) eles vão aumentar a carga, porque precisa”, afirma.
A reportagem do CORREIO esteve no circuito Barra-Ondina por volta de 1h da madrugada de anteontem e encontrou isopores da Itaipava vazios.

Apesar das negativas, a promotora de vendas da Skol, Débora Mendes, 25 anos, acredita que tem muito ambulante que vai tentar descumprir as regras e recomendações e vai tentar burlar as limitações.

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