Rio Croa corta parte do município de Cruzeiro do Sul.
Lugar encanta por belezas naturais e atrai turistas.
Rio Croa é marcado pelas suas águas escuras (Foto: Genival Moura/G1)Sem a inundação de todos os anos, o rio Croa ganhou caraterísticas diferentes. A pouca correnteza deixou a água mais escura devido à decomposição da floresta, provocando um reflexo com a luz do sol que proporciona uma beleza diferenciada ao lugar. Em vários pontos é possível encontrar as vitórias-régias, uma das maiores e mais belas plantas aquáticas do mundo. Também conhecida como estrela das águas, a planta que faz parte do folclore amazônico, pode atingir até dois metros de diâmetro.
Vitórias-régias chamam a atenção ao longo do Croa (Foto: Genival Moura/G1)“Eu adoro esse lugar aqui é muito calmo e a natureza é muito linda. As pessoas que vêm visitar gostam tanto que não demoram e voltam. Não pretendo sair daqui para lugar nenhum”, comenta João Saraiva de Mendonça, um dos moradores mais antigos da comunidade formada por 52 famílias.
Política de preservação
As características de lago e a consciência dos moradores em preservar o local, fazem do Rio Croa uma fonte fácil de alimentos para a subsistência da comunidade. Segundo o secretário da Associação de Moradores do Rio Croa, Davi Nunes de Paula, ainda é bastante comum a presença de espécies de peixes raras como o pirarucu e a aruanã, além de diversos animais selvagens que habitam nos arredores.
Mais de 50 famílias vivem na comunidade (Foto: Genival Moura/G1)“A comunidade queria a criação de uma unidade de conservação federal, depois houve a proposta de criar uma reserva estadual e não prosperou por questões políticas. Hoje funciona como um projeto de desenvolvimento sustentável que visa garantir a preservação dos moradores no local com regularização fundiária, no entanto, não tem tanto essa preocupação com os projetos de conservação”, explica Pablo Saldo.
Cultura da Ayahuasca
A maioria das famílias que residem às margens do Rio Croa é adepta e faz uso do chá de ayahuasca, bebida usada em rituais religiosos como o Santo Daime. Conhecida como chá, a bebida é preparada a partir do cipó de mariri (Banisteriopsis Caapi) e das folhas de chacrona (Psychotria viridis) plantas encontradas às margens do Rio Croa.
Jorge é curandeiro e recebe adeptos da ayahuasca (Foto: Genival Moura/G1)“Eu fui alcoólatra durante muito tempo até que encontrei essa santa bebida e achei o caminho. Hoje eu sou curandeiro da floresta, além de benzer as pessoas conheço muito bem e recomendo os remédios da floresta. Esse rio é um paraíso, tem seus encantos, quando a gente escuta o canto de um pássaro ou de uma cigarra tem que ficar ligado, porque alguma coisa eles estão dizendo. Eu aconselho muito os moradores a preservar, em um lugar desses quando se corta uma árvore tem que plantar duas”, comenta.
Jackson atua como guia turístico na comunidade (Foto: Genival Moura/G1)“A gente recebe muitos turistas, tanto do Brasil como do exterior. As pessoas vêm em busca de terapia material e espiritual e esse é um lugar perfeito para isso. Além do rio temos as trilhas pela mata onde a gente pode caminhar e desfrutar a exuberância da floresta”, diz.
O jornalista Leandro Altheman sai da cidade com frequência para tomar o chá no Rio Croa. “Pra gente esse é um rio de encantos onde está presente a espiritualidade da natureza e o silêncio, por isso virou um polo para quem toma ayahuasca”, conclui.
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