MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 29 de março de 2012

Símbolos da cidade, baianos fazem viagem pelas tradições de Salvador


Fundador do Capelinha e 1ª baiana a se aposentar falam de iniciativas.
Mãe-de-santo e mestre abordam religiosidade e cultura dos saveiros.

Brenda Coelho e Tatiana Maria Dourado Do G1BA
Para a maioria dos moradores ou visitantes, Salvador tem o cheiro de dendê dos acarajés; o gosto gelado das frutas tropicais do picolé Capelinha; a energia sincrética da fé de influência africana dos terreiros; e a paisagem do mar da Baía-de-Todos os Santos com seus saveiros.
São tradições típicas da cultura soteropolitana, algumas delas espalhadas pelo Brasil e mundo, que são recordadas pelas memórias daqueles que ajudaram a construí-las. A reportagem do G1 estimulou uma “volta ao tempo” a dona Angelita Santos, de 83 anos, primeira baiana de acarajé a se aposentar pelo ofício; a dona Elza de Araújo, de 89 anos, nascida e criada no terreiro de Mãe Menininha do Gantois; a Jailton Pureza, de 49 anos, mestre saveirista e barraqueiro da Feira de São Joaquim; e a seu Antônio Santos, de 73 anos, fundador do mais famoso picolé da cidade, o Capelinha.
A moça do tabuleiro
O acarajé, bolinho de feijão frito no azeite-de-dendê, é uma das iguarias mais procuradas por quem visita Salvador. Acompanhado de pratos típicos da região como caruru e vatapá, além da pimenta e do camarão, o acarajé tem origem africana.
Comercializado tradicionalmente por mulheres, o quitute é associado às baianas de acarajé, caracterizadas por usarem saias, batas e turbantes brancos. O tabuleiro, onde os produtos vendidos pela baiana são expostos, é complementado por iguarias como as cocadas e o 'bolinho de estudante'.
Hoje o ofício da baiana de acarajé já é regulamentado, mas na época de Dona Angelita, a primeira baiana de acarajé a se aposentar pela atividade, a situação era bem diferente. "Eu pagava o INPS [Instituto Nacional de Previdência Social] como autônoma e por isso pude me aposentar", orgulha-se Dona Angelita pela iniciativa.
Criada por uma tia após a morte dos pais, Dona Angelita começou a trabalhar ainda menina, onde aprendeu o ofício de baiana. “Fui criada sem pai, sem mãe... e não dei pra ruim! Eu ficava olhando, lavava o feijão e pensava: 'Quero aprender pra fazer pra mim, quero vender'”, lembra. E é a história de pioneirismo e dedicação ao acarajé que Dona Angelita conta no vídeo acima.
No mar liso da baía, os saveiros
As embarcações artesanais à vela que, resistentes ao tempo, navegam pelas águas salgadas da Baía-de-Todos os Santos, no século 19 eram típicos meios de transportes de mercadorias entre as cidades do Recôncavo e a capital baiana. Por elas, os mestres saveiristas e seus marinheiros descarregavam frutas, verduras, cimento, louças ou cerâmicas para a comercialização.
O mar era a pista de mais de mil saveiros, número reduzido a pouco menos que vinte na atualidade. A paixão pela tradição, no entanto, permanece inalterada.
Conheça simbologias de Salvador contadas por seus personagens  (Foto: Tatiana Maria Dourado/ G1 BA)Mestre Jorge conduz saveiro Sombra da Lua
(Foto: Tatiana Maria Dourado/ G1 BA)
“É engraçado, quando estou no mar, esqueço os meus problemas de terra”, conta Antônio Jorge, mestre do saveiro Sombra da Lua, única embarcação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecimento pela originalidade, ocorrido no ano passado.
 Jailton Pureza é um dos que foram criados dentro de um saveiro, já foi dono, mas agora é mestre saveirista, e guarda todas as lembranças da cultura, para um dia voltar a revivê-las. É ele quem conta suas experiências no vídeo acima.
Filha de terreiro
Os templos de candomblé são formados por roças, com casas, terra, árvore e animais, utilizados para o culto aos orixás, caboclos, exus e outras entidades africanas. Cidade negra, Salvador é constituída por 1.165 desses espaços sagrados, de acordo com catalogação realizada pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceafro).
Dentre eles, um dos mais famosos é o do Gantois, ou Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê. Foi lá que nasceu e se criou Dona Elza de Araújo, educada por Mãe Menininha, ialorixá filha de Oxum. Orientada pela matriarca, Elza também se tornou mãe-de-santo, a Mãe Senhora, em 1960, e abriu o terreiro Ile Axe Oni Ewá no bairro de Praia Grande, Subúrbio Ferroviário de Salvador. Seu orixá é a feminina Ewá, que representa Santa Rita no culto católico. O sincretismo religioso tão característico das celebrações baianas está presente no vídeo acima, onde é possível conhecer um pouco mais da história de Mãe Senhora.
O sucesso da 'fruta no palito'
O clima quente de Salvador estimula o desejo por algo que cause a sensação de refrescância. Além de um bom banho de mar, ou de uma água de coco, o picolé Capelinha está entre a preferência de baianos e turistas quando se deseja aliviar o calor.
O Capelinha geralmente é comercializado por ambulantes nas praias da capital baiana. Nos 41 anos de existência, ganhou a confiança e popularidade da freguesia, que aprecia desde sabores tradicionais como coco e amendoim até opções mais inovadoras, como jaca e pinha.
Foi o local em que a sorveteria foi instalada que deu nome ao picolé mais popular de Salvador. "Como a sorveteria fica no bairro da Capelinha de São Caetano, quando as pessoas provavam o picolé perguntavam ao vendedor de onde tinha vindo e ele respondia: 'Da Capelinha'. Ai foi pegando", explica Seu Antônio dos Santos, fundador do picolé Capelinha.
A busca por qualidade, revelada no cuidado durante a escolha das frutas; as dificuldades enfrentadas no negócio e as conquistas alcançadas são contadas por Seu Antônio no vídeo acima.

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