MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Alta do IPI de motos faz Shineray repensar fábrica de R$ 100 milhões


Alíquota de 35% começa a valer neste sábado (1º) para todas as motos.
Mas só atinge veículos de fora da Zona Franca de Manaus: cerca de 10%.

Rafael Miotto Do G1, em São Paulo

Shineray 50 Eagle (Foto: Divulgação)Shineray 50 Eagle (Foto: Divulgação)
O aumento do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para motos, anunciado pelo governo federal em maio, começa a valer neste sábado (1). A taxa será unificada em 35%. Antes, as motos com motores até 50 cilindradas tinham alíquota de 15%, enquanto as de 50 a 250 cilindradas recebiam cobrança de 25%. Para as motos com mais de 250 cilindradas, o IPI já era de 35%.
Contudo, não haverá impactos nos preços das principais marcas porque cerca de 90% das motos vendidas no país são produzidas ou montadas na Zona Franca de Manaus, onde existe isenção para o tributo, informa a Associação dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).
A principal atingida pela alta do IPI é a Shineray, que atualmente importa suas motos da China e é única das dez principais marcas do Brasil que não tem instalações em Manaus.

As demais importadoras de motos pequenas, como Jonny, Italika, Haobao, Garini, entre outras, representam menos de 1% dos emplacamentos, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A Shineray afirma que, ao menos durante setembro, não haverá aumento no preço de suas motos, mas reavalia os investimentos de R$ 100 milhões na fábrica de Suape, Pernambuco, prevista para entrar em funcionamento em 2013.

“Mantida esta situação, vamos repensar a fabricação fora da Zona Franca de Manaus. O novo IPI inviabiliza o projeto em Suape”, afirma Paulo Perez, diretor da Shineray. Segundo Perez, a marca vendeu 89.600 motos em 2011, o que corresponderia a 3% das motos vendidas no país. Porém, a Fenabrave contabilizou apenas 11.969 Shineray emplacadas no ano passado.
Segundo o presidente da entidade, o mercado de motos importadas de baixa cilindrada compreende 150 mil unidades, mas a maioria não é emplacada. "Grande parte são os ciclomotores, que não são emplacados e são vendidos, na maioria, no Norte e Nordeste do país", explicou Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, em junho, quando o aumento do IPI para motos foi anunciado.
Estas motos de 50 cm³, sucessos de vendas no Nordeste, correspondem ao principal mercado da Shineray. A empresa conta com sete opções desta cilindrada em sua linha, como a Eagle e a Phoenix, que são os chamados ciclomotores.
Foco nas asiáticasDe acordo com a Receita Federal, o objetivo da medida é preservar a indústria nacional. Com a mesma justificativa, o IPI para carros feitos fora do Mercosul e do México sofreu aumento de 30 pontos percentuais a partir de dezembro de 2011, o que afetou sobretudo montadoras chinesas que vinham acelerando suas vendas. A Ásia também é o foco do aumento do imposto para as motos.
"Existe um volume enorme nas motos de até 50 cm³ que são independentes, fabricadas na Ásia. O objetivo dessa medida foi atingir esses produtos", destacou Flávio Meneghetti, presidente da entidade.
“As ‘cinquentinhas’ correspondem a 60% de nossas vendas”, diz o diretor da Shineray. Desse modo, ele aponta que a alta do IPI favorecerá as marcas que têm produtos de mesma cilindrada e estão em Manaus. "Dafra, Traxx e Kasinski são as grandes beneficiadas”, enfatiza Perez.
Das marcas citadas, a Traxx também possui duas motos importadas, o scooter elétrico Vicco e a Dunna 600, prevista para estrear em setembro. Contudo, não serão afetados porque a Dunna é de alta cilindrada, ou seja, já tinha 35% de IPI, e o Vicco é movido à eletricidade, tipo de motorização não afetada pela alta. Os outros 6 modelos são montados na planta manauara da empresa.

Segundo a Abraciclo, a alta do IPI fora da Zona Franca de Manaus serve para “regular o mercado nacional”. Outra medida que beneficia os fabricantes no Amazonas, que sofrem com baixas de vendas e produção em 2012, foi anunciada na quinta-feira (30) pelo Conselho de Administração da Suframa (CAS).
Para estimular a setor de duas rodas na região, o CAS aprovou 48 projetos, sendo o mais expressivo a redução em 50% da cobrança da Taxa de Administração da Suframa (TSA) para os fabricantes finais de motocicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM). De acordo com a assessoria da Suframa, as medidas envolvem investimentos totais, incluindo capital de giro, de U$$ 2,6 bilhões e a geração de 591 empregos e começam a valer neste sábado.
Aumento da Honda CBR 250R
Apesar de ser a maior produtora de motos no Brasil, a Honda importa a CBR 250R da Tailândia e o modelo é o único da empresa, além das motos off-road importadas a serem influenciadas pelo IPI. A empresa já havia afirmado que haveria aumento no modelo, porém, disse ao G1 que, por enquanto, os preços - R$ 15.490 (standard) e R$ 17.990 (ABS) serão mantidos.
Honda CBR 250R (Foto: Rafael Miotto/ G1)Honda CBR 250R (Foto: Rafael Miotto/ G1)
Atraso nos scooters Kymco
Segundo a Kawasaki, a alta do IPI para motos fez a marca mudar a estratégia quanto à vinda dos scooters da Kymco - fabricante taiwanesa parceira da empresa - ao Brasil. A empresa havia dito que até o final do ano os produtos deveriam estar no país, mas haverá atraso. “Estamos repensando a estratégia da Kymco no Brasil”, disse Ricardo Suzuki, diretor de planejamento da Kawasaki.
Kymco Agility 200i tem motor de 163 cm³ que alcança 10,3 cv a 7.500 rpm (Foto: Raul Zito/ G1)Kymco Agility 200i pode demorar mais que o previsto para chegar (Foto: Raul Zito/ G1)
O modelo atingido seria o Agility 200i, que teria de ser montado em Manaus para se tornar competitivo. “A princípio, não seria viável montar os produtos da marca em Manaus”, acrescenta Suzuki.

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