MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 30 de setembro de 2012

Paragominas, no PA, vira exemplo de desenvolvimento sustentável


Município esteve na lista dos que mais desmatavam a floresta Amazônica.
Ações de fiscalização, punição e manejo adequado foram responsáveis.

Do Globo Rural

Paragominas hoje é considerado um 'município verde'. O título exibido com orgulho contrasta com um passado recente de destruição.
Paragominas fica no nordeste do Pará e assim como outros tantos municípios do estado, cresceu no rastro da construção da rodovia Belém-Brasília, em meados do século passado.
A estrada trouxe o progresso, mas trouxe também uma história triste de desmatamento e ilegalidade.

"Não tem jeito de produzir boi em cima da floresta, então, nós desmatamos. Eu fui um deles, entramos em um processo de desmatar, usar e degradar e desmatar de novo, não soubemos o tempo de parar", diz o criador Mauro Lúcio Costa.
Pois em 2008 eles pararam. Na marra. O nome de Paragominas foi incluído pelo Ministério do Meio Ambiente na lista negra dos municípios que mais desmatavam a Floresta Amazônica.
Depois da lista foi como se Paragominas tivesse ficado com o nome sujo na praça. Os produtores e as empresas locais passaram a sofrer todo tipo de restrição, inclusive de crédito. A imagem comercial dos produtos foi duramente atingida.
Junto com a lista veio a operação "Arco de Fogo", do Ibama e da Polícia Federal, que multou e embargou diversas propriedades, fiscalizou e fechou serrarias. A economia do município entrou em colapso, quase dois mil postos de trabalho foram extintos.
Na época, Paragominas desmatava cerca de 30 mil hectares por ano. Diversos setores da sociedade se reuniram e firmaram um pacto pelo desmatamento zero.
O Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, mapeou todo o território de Paragominas e com a ajuda das imagens de satélite, passou a monitorar mensalmente o desmatamento no município.
Paragominas conseguiu, assim, baixar suas taxas de desmatamento para menos de quatro mil hectares, alcançando um dos critérios exigidos para sair da lista negra do Ministério do Meio Ambiente.
Faltava atingir a segunda meta: inserir pelo menos 80% das propriedades do município no CAR, o "Cadastro Ambiental Rural". Para isso, contou com apoio da ong "The Nature Conservancy", a TNC.
Os esforços foram reconhecidos e, em março de 2012, Paragominas se tornou o primeiro município da Amazônia a sair da lista do desmatamento, mas logo começou a perceber que se quisesse se manter fora dela precisava mudar seu jeito de produzir. Nascia aí o "Pecuária Verde", um projeto do Sindicato Rural de Paragominas.
Para criar esse novo modelo de produção, um time de estrelas foi convocado: o agrônomo Moacyr Corsi, expert em manejo intensivo de pastagens, o professor Ricardo Ribeiro, biólogo, grande especialista em recuperação de áreas degradadas, e Adriano Páscoa, zootecnista, doutor em bem-estar animal.
O dinheiro vem de empresas privadas, o projeto deve durar cinco anos. Nesse período, o trabalho vai se concentrar em seis fazendas, que depois vão servir de exemplo para outras.


A equipe do professor Ricardo não faz só o produtor gastar dinheiro, há planos para ganhar também. Dentro do programa de adequação ambiental e agrícola nas propriedades, uma das grandes novidades é o que eles estão chamando de enriquecimento da reserva legal.
Áreas que antes eram consideradas intocáveis, hoje estão recebendo mudas de espécies nativas que podem ser exploradas no futuro.
As fazendas que participam do projeto piloto recebem toda a orientação para o plantio das espécies comerciais dentro da reserva legal. Um detalhe importante é que em áreas de floresta virgem, intocada, não se mexe. Só as reservas que já sofreram algum tipo de manejo no passado, as chamadas florestas secundárias, são enriquecidas.
Por um lado, o produtor de Paragominas perde dinheiro e área com o reflorestamento, por outro, é incentivado a adotar tecnologias para melhorar o rendimento das pastagens e com isso ganhar mais em um espaço menor.
Os criadores de Paragominas sabem que ainda têm muito o que fazer, regularizar áreas, recuperar crédito, capacitar outros produtores, mas sabem que com todo esse trabalho encontraram finalmente um caminho certo.

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