Senador acusa ex-presidente de 'manchar a própria biografia' quando defende os réus do mensalão
Vannildo Mendes - Enviado Especial - Agência Estado
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de agir "como líder de facção" e de manchar a
própria biografia, quando defende os réus do mensalão e ataca a oposição
"de forma extremamente agressiva" nos palanques eleitorais. "O que nós
estamos percebendo é que o lulismo da forma que existia, quase
messiânico, que apontava o dedo e tudo seguia na mesma direção, não
existe mais", afirmou o senador, para quem os ataques do petista não têm
surtido o efeito que ele desejava.Em entrevista dada nesta sexta-feira num hotel na orla de Maceió, Aécio deu resposta às declarações ácidas de Lula contra os tucanos nos palanques eleitorais, principalmente em São Paulo. Segundo Aécio, o lulismo está enterrado e os ataques mostram desespero do ex-presidente. "Claro que ele (lulismo) sempre terá avaliações positivas em algumas regiões de sua influência, mas da forma como existia no passado, estamos percebendo que não existe mais", enfatizou.
Segundo o senador, ao agir com virulência, Lula "está na verdade abdicando da condição de ex-presidente de todos os brasileiros para ser um líder de facção. Não é bom para ele, nem para sua história", afirmou. Ele disse que a tática tem surtido efeito inverso, como no caso de Belo Horizonte, onde Lula fez ataques ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Parece que o incomoda ainda bastante a figura do ex-presidente (FHC), mas sua ida não alterou em nada as pesquisas eleitorais (em Minas)", relatou.
Afiado, Aécio disparou também na direção do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, que o chamou de despreparado para ser presidente da República e o aconselhou a ler mais - um livro por semana, ao menos. "Acho que ele passou ali um recado ao presidente Lula (que não tem curso superior e tem fama de ler pouco). Ele não me parece satisfeito com o apoio do ex-presidente", observou o tucano, lembrando que, apesar do "tsunami de recursos financeiros investidos", a campanha de Haddad não deslanchou.
Aécio disse que preferia ser lembrado por Haddad com mais gentileza. "Achei que ele fosse me cumprimentar, por ter levado Minas Gerais, com mais de 850 municípios, a ser, segundo o Ideb, o Estado que tem a melhor educação fundamental do Brasil", observou. "Se ele me perguntasse a receita, eu lhe diria: é humildade e competência, duas características que ele não demonstrou ter ao longo da sua vida pública. É uma oportunidade de ele perceber que, para avançar na vida pública, não basta apenas um padrinho político", alfinetou.
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