MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 28 de julho de 2012

Beleza e simplicidade encantam os visitantes de Algodoal, no Pará


Charretes e pousadas rústicas dão clima bucólico à ilha.
Energia elétrica só chegou ao local em 2005.

Ingrid Bico Do G1 PA

Algodoal é uma das quatro vilas que formam a Ilha de Maiandeua, localizada no município de Maracanã, na região do Salgado, nordeste do Pará. Como Algodoal é a vila mais conhecida do local, e também a maior da ilha, o nome acabou se sobrepondo ao original, "Maiandeua", que do tupi, significa "mãe da terra". Por ser muito próximo de Algodoal, o porto de Marudá, distrito de Marapanim, é utilizado como referência de acesso à ilha.
Os 19 quilômetros quadrados de praias com grandes extensões de areia, manguezais, trilhas ecológicas, passeios de canoa e a pesca esportiva são alguns dos atrativos que mais impressionam os visitantes de Algodoal. Além disso, as festas noturnas da ilha, sempre ao som de reggae e ritmos regionais, como carimbó e tecnobrega, atraem muitos jovens em busca de diversão, principalmente nos períodos de alta temporada do verão amazônico.
Vista aérea da Praia da Princesa, em Algodoal (Foto: Henrique Felício/O Liberal)Vista aérea da Praia da Princesa, em Algodoal (Foto: Henrique Felício/O Liberal)
Diferente de outras praias do estado, a única forma de chegar à ilha é através de barcos, que fazem a travessia de Marudá, distrito de Marapanim, para Algodoal. A viagem dura aproximadamente 40 minutos. A ilha é banhada pela Baía de Marapanim, pelo Oceano Atlântico, e pelo Canal da Mocooca.
Entre pesquisadores e turismólogos do estado, não há um consenso que determine a origem do nome Algodoal, mas há duas hipóteses: a primeira, e mais conhecida, é a de que o nome "Algodoal" se refere a um tipo específico de planta que tem na ilha, cujas sementes têm filetes brancos que lembram algodão. Já a outra hipótese diz que a ilha se chama "Algodoal" por causa das extensas dunas de areia muito branca, que, vistas de longe, também parecem algodão.
Área de Proteção Ambiental
Algodoal tornou-se uma Área de Proteção Ambiental (APA) em 1990, através de uma resolução da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Por isso, veículos de tração motorizada são proibidos de circular na ilha, exceto ambulâncias e viaturas de polícia. Sob essas condições, quem não for adepto de longas caminhadas pode optar por utilizar bicicletas, charretes ou barcos, únicos meios de transporte utilizados pela população local.
A APA Algodoal/Maiandeua foi a primeira Unidade de Conservação (UC) litorânea do Pará, e está dividida em quatro vilas: Camboinha, Fortalezinha, Mocooca e Algodoal, sendo esta última a mais preparada e bem estruturada para receber os turistas.
De acordo com a pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Helena Dóris Quaresma, as primeiras ocupações em Aldogoal foram registradas por volta de 1920, através da criação de ranchos de pesca. Atualmente, segundo a pesquisadora, além da pesca artesanal e coleta de mariscos, o turismo se tornou uma das atividades motoras da economia da ilha.
As praias de Algodoal oferecem um ambiente tranquilo para os visitantes. Na foto, a praia da Princesa (Foto: Frederico Lobo/Arquivo Pessoal)As praias de Algodoal oferecem um ambiente tranquilo para os visitantes. Na foto, a praia da Princesa (Foto: Frederico Lobo/Arquivo Pessoal)
Uma curiosidade sobre o desenvolvimento local: a energia elétrica só chegou à Algodoal em 2005. Antes disso, telefones celulares, internet e até mesmo máquinas de cartão de crédito não funcionavam na ilha.
A chegada da eletricidade deixou muita gente preocupada sobre a preservação do local. Por outro lado, com a instalação das redes de energia a estrutura turística melhorou bastante. "Por muito tempo a questão da luz elétrica foi um entrave, alguns da comunidade queriam, outros não, mas sabemos da importância desse serviço, até porque os próprios moradores precisavam desse elemento. Acredito que a energia elétrica trouxe uma comodidade para a comunidade, que pode ter uma geladeira, guardar seus alimentos. O turismo também foi muito beneficiado, pois os restaurantes e hotéis puderam oferecer aos clientes um conforto maior", explica Diana Alberto, turismóloga da UFPA.
Ambiente rústico e simples é o diferencial da ilha
Quem chega à Algodoal logo percebe que o clima de simplicidade predomina no lugar, com ruas de terra batida e casas de alvenaria de construção rústica. Não há grandes edifícios, mansões, avenidas asfaltadas, carros, ônibus, nem os barulhos costumeiros das grandes cidades.
É exatamente esta tranquilidade que encanta os turistas, como o estudante de farmácia Henrique Rodrigues, de 23 anos. “Algodoal é um local muito lindo, uma ilha bem rústica. Como é tudo muito simples, todo mundo acaba sendo igual: todo mundo fica hospedado nos mesmos hotéis, nos mesmos campings, todo mundo anda junto, vai para as festas junto, ou seja, fica em condições iguais. Lá não tem discriminação de classe, dinheiro, essas coisas”, conta.
Charretes são o principal meio de transporte em Algodoal (Foto: Igor Mota/Amazônia Jornal)Charretes são o principal meio de transporte em Algodoal (Foto: Igor Mota/Amazônia Jornal)
Charretes são o principal meio de transporte em Algodoal (Foto: Igor Mota/Amazônia Jornal)
Além disso, Henrique conta que o contato com a natureza é muito forte, e as paisagens da ilha colaboram para que os visitantes desfrutem de dias muito relaxantes. “Em Algodoal a gente só anda descalço. Quem chega lá, sente que a ilha é um lugar para ficarmos livres, sem estresse, nem preocupações com violência, porque tudo lá é muito calmo”, afirma.
Nas areias das praias, é comum ver rodas de amigos, jovens que se reúnem para conversar, tocar violão e fazer piqueniques na praia. “A gente vai conversando, se divertindo, nem vê o tempo passar”, conta Henrique.
Núcleos "urbanos" e geografia local diferenciam os territórios da ilha
Cada uma das quatro vilas que formam a ilha de Algodoal/Maiandeua tem um tipo diferente de atividade principal, e também fluxos variados de público. As vilas são separadas entre si por áreas de maguezais, e também por alguns pontos de canais de maré. Dentre elas, a mais desenvolvida para o turismo é Algodoal, que absorve o grande número de visitantes durante os períodos de alta temporada.
As vilas de Mocooca e Fortalezinha são mais próximas à Algodoal. Mocooca é um núcleo transitório, em frente à Fortalezinha, por onde as pessoas passam durante alguns passeios, ou até mesmo para conhecer um pouco melhor os arredores da vila. Botos, garças e guarás são alguns animais da fauna local que os visitantes podem encontrar em Mocooca. Já Fortalezinha é uma área com 7 km de extensão, que vem crescendo em ritmo acelerado há cerca de 10 anos, e possui uma estrutura básica para o turismo. A pesca esportiva é um dos atrativos desta vila.
Mais afastada das demais, a vila de Camboinha não desenvolve nenhum tipo de atividade exclusivamente voltada para o turismo. Do ponto de vista de infraestrutura e economia, Camboinha é caracterizada como a vila mais tradicional da ilha, com residências de nativos e a prática da atividade pesqueira.
Ilha oferece opções de praias e passeios para toda a família
Segundo a turismóloga da UFPA, Diana Alberto, a praia é um elemento muito significativo para as pessoas, e isso acaba atraindo muita gente. "Algodoal é procurada desde a década de 1970. Como a praia é um local diferente, traz uma característica subjetiva de paz interior, uma paisagem que se destaca, além de ser uma ilha muito bonita. Assim, as belezas e a cultura local acabam sendo um chamariz para as pessoas”, afirma.
A Praia da Princesa é a mais famosa de Algodoal (Foto: Frederico Lobo/Arquivo Pessoal)A Praia da Princesa é a mais famosa de Algodoal (Foto: Frederico Lobo/Arquivo Pessoal)
A ilha abriga algumas das praias mais bonitas do país, como a Praia da Princesa, que já foi eleita por uma publicação norte-americana como uma das 10 praias mais interessantes do Brasil. São quase 14 km de areias brancas, que podem ser apreciados durante o trajeto da vila de Algodoal até a praia, numa caminhada que dura aproximadamente uma hora e meia, ou ainda, para quem quiser chegar mais rápido, durante um passeio de charrete. Nos feriados prolongados e nos meses de janeiro e julho, considerados como alta temporada para o turismo, vários bares se instalam nas areias da praia, para oferecer aos visitantes refeições como o peixe frito e a caldeirada, típicos do Pará.
Guia rápido Algodoal e Marudá (Foto: Nathiel Moraes/G1)Guia rápido Algodoal e Marudá (Foto: Nathiel Moraes/G1)
A praia da Caixa d’Água é outra opção para quem vai à ilha. A praia fica em frente à vila de Algodoal, e mesmo durante o período de baixa temporada, vários estabelecimentos funcionam no local. Quando a maré está baixa, a praia da Caixa d’Água não é recomendada para banho.
Assim que chegam a Algodoal, os visitantes descem na Praia da Beira, onde aportam os barcos que vem de Marudá para a ilha. Lá não há infraestrutura de bares e restaurantes, e, assim como a praia da Caixa d’Água, durante a maré baixa o banho não é recomendado.
A Enseada do Costeiro é considerada a praia mais perigosa de Algodoal, devido aos registros da presença de tubarões na área. Quem não quiser se arriscar a encontrar um deles, pode conhecer o local através de um passeio de barco, e até mesmo fazer um piquenique na areia.
Um passeio imperdível para os visitantes de Algodoal é ir até o Lago da Princesa, rodeado por cajueiros e ajurus. Para chegar até lá, há duas trilhas, uma mais plana, normalmente mais utilizada pelos turistas, e outra mais íngreme, através das dunas. Os próprios nativos da ilha são os guias turísticos dos visitantes, e para encontrá-los não é muito difícil: basta ir a alguma das praias da ilha e perguntar por eles nos bares e restaurantes.
É possível também visitar a Ilha do Marco, onde já funcionou uma fábrica de vidro e um engenho de cachaça. Para chegar até lá, é só pegar um barco, acompanhado por um guia local, e atravessar o furo da Mocooca. A viagem de ida leva em torno de duas horas, e passa em frente à vila de Fortalezinha. Nas praias da Ilha do Marco é possível ver botos, garças e guarás.
Conhecer a praia da Pedra Chorona é outra opção para os visitantes. A Pedra faz parte do folclore local. Por ver a água brotando da pedra, os nativos mais antigos de Algodoal acreditavam que ela realmente estava chorando, quando, na verdade, trata-se de um olho d'agua. O passeio até a Pedra Chorona pode ser feito de barco a motor ou de carroça. De barco, os visitantes levam 40 minutos para chegar. De carroça, a viagem de ida dura uma hora.
Os surfistas também encontram boas ondas Algodoal, especialmente na praia da Marieta, que tem aproximadamente 26 km de extensão. A viagem de ida até a praia leva cerca de duas horas, atravessando o furo da Mocooca, passando em frente à Fortalezinha e seguindo no oceano Atlântico em direção à praia.
Para os mais aventureiros há a opção de passeio para a Praia da Romana, que fica a três horas de Algodoal. As paisagens da praia são ainda mais rústicas que as de Algodoal, com igarapés de água salgada e territórios quase desertos.
Ritmos paraenses predominam nas festas em Algodoal
Tradicionalmente, em Algodoal, os ritmos predominantes nas festas noturnas são o carimbó e o reggae. Mas o local também é palco de baladas de tecnobrega, MPB e pagode, geralmente realizadas na beira da praia, como um luau. Combinados com as belas paisagens da ilha, as festas atraem muitos jovens, que, sem hora para voltar para casa, curtem a programação até o amanhecer do dia seguinte.
Curtir o pôr do sol em Algodoal é um dos programas preferidos pelos visitantes da ilha (Foto: Morgana Porpino/Arquivo Pessoal)Curtir o pôr do sol em Algodoal é um dos programas
preferidos pelos visitantes da ilha (Foto: Morgana
Porpino/Arquivo Pessoal)
Um dos lugares mais tradicionais da ilha é o Bar da Pedra, que fica na praia da Princesa, e funciona em todos os turnos, sendo restaurante e bar para os veranistas que curtem a praia de manhã, e local de badalação para quem vai em busca das festas na ilha. Muita gente gosta de ir até lá não só pelo agito, mas também para apreciar a natureza. “Ver o por do sol de lá é incrível, recomendo muito”, comenta a produtora cultural Naiana Gaby.
Para quem gosta de música ao vivo, na vila de Algodoal ficam os bares Boiador e Lua Cheia. A programação é definida durante a semana, mas geralmente por lá são apresentados com shows de carimbó e bandas de reggae.
No Raízes do Mangue, outra opção para os visitantes, acontecem festas de música eletrônica, num estilo mais alternativo, diferente da maioria dos estabelecimentos locais, que privilegiam outros ritmos.
O carimbó é um dos ritmos mais presentes nas festas em Algodoal e Marudá (Foto: Ray Nonato/Amazônia Jornal)O carimbó é um dos ritmos mais presentes nas festas em Algodoal e Marudá (Foto: Ray Nonato/Amazônia Jornal)
Marudá
Distrito de Marapanim, na Vila de Marudanópolis fica a Praia de Marudá, que apesar de relativamente pequena - são 1200 metros de extensão - é muito bonita, e bastante frequentada por turistas - na ida ou na volta de Algodoal.
A praia tem a melhor infraestrutura turística da região, com energia elétrica 24 horas, posto de saúde, correios e farmácia. Recentemente foi inaugurada a nova orla da praia, com melhores condições para abrigar os bares e restaurantes que funcionam na área.
Como Marapanim é o berço do carimbó, os visitantes de Marudá também podem aproveitar a noite na cidade para curtir shows deste ritmo paraense, trilha sonora ideal para um verão inesquecível na orla do estado do Pará.
Orla da Praia de Marudá, no Pará (Foto: Carlos Sodré/Divulgação)Orla da Praia de Marudá, no Pará (Foto: Carlos Sodré/Divulgação)
Gráfico Mapa com Fotos - Algodoal (Foto: Nathiel Moraes/G1)

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