Irmãos de Cacoal, RO, foram diagnosticados em 2004, por meio de DNA.
Ataxia de Friedreich é hereditária e degenera o sistema nervoso central.
Família reunida em frente de casa (Foto: Magda Oliveira/G1)A mãe Alzenide de Souza Carvalho, de 62 anos, cuida sozinha dos três filhos com dinheiro do auxílio doença por meio do INSS, e só tiveram o diagnóstico da doença em 2004, através de um exame de DNA. De acordo com o médico Bruno, o tratamento ainda não foi descoberto e estudos internacionais mostram resultados indefinidos para uma medicação de excelência.
O pai achava que era preguiça, mas não era maldade, pois não sabíamos da doença"
Alzenide de Souza, dona de casa
Alzenide conta que durante uma colheita o filho caiu sem conseguir mais se levantar sozinho. “O Adnaldo deu um grito, quando nós chegamos já estava no chão e desde então nunca mais teve força nas pernas, para se levantar sozinho”, relata a mãe, acrescentando que além de não andar o filho também tem dificuldade para falar, perdeu 40% das forças dos braços, não consegue se manter sentado sem apoio nas costas e está com tuberculose.
A doença em Lenilza Maria de Carvalho, de 42 anos se manifestou quando tinha 22 anos, porém segundo Lenilza desde a infância percebia que havia algo errado. “Eu sempre senti muitas dores de cabeça e nas pernas, então com 17 anos resolvi ir para o Rio de Janeiro para descobrir o que eu tinha”, conta Lenilza que ficou no Rio durante sete anos fazendo fisioterapia e realizando exames para descobrir o motivo das dores que sentia, mas sem sucesso.
Somente após os sete anos longe da filha Alzenide viajou até o Rio de Janeiro e encontrou Lenilza já sem falar e sem andar. “Eu fiquei em choque, não conseguia comer, dormir e nem beber. A Lenilza ficava em pé com a ajuda de um andajar e falava com muita dificuldade”, diz a mãe, completando que além de não andar e ter dificuldade na fala, a filha tem problemas para realizar as necessidades fisiológicas.
Aurilene adaptou o computador e tem o sonho de lançar um livro (Foto: Magda Oliveira/G1)Apesar de procurarem tratamento em outros estados não conseguiam descobrir o diagnóstico da doença. Só em 2004 através de um exame de DNA, tiveram o diagnóstico de Ataxia de Friedreich, realizado em Brasília no Hospital Sarah Kubitschek, onde é feito o acompanhamento da doença uma vez ao ano.
Para o neurocirurgião Bruno, a Ataxia de Friedreich é uma doença hereditária, que representa a ausência ou diminuição da coordenação dos movimentos, podendo impedir o manuseio de objetos. “A Ataxia de Friedreich se manifesta por volta dos 15 até os 20 anos de idade e por volta dos 40 anos o indivíduo perde a capacidade de andar”, explica o médico.
Em Cacoal não é realizado acompanhamento pela Secretaria Municipal de Saúde e nem pelo Hospital Regional de Cacoal, de quantas pessoas sofrem com a Ataxia de Friedreich no município.
Lenilza faz crochê para ajudar na renda família (Foto: Magda Oliveira/G1)Apesar das limitações decorrentes da doença, os três irmãos encontraram uma maneira de fazer atividades adaptadas. Com a ajuda dos amigos Adnaldo construiu um triciclo para poder se locomover dentro da cidade. “Tenho o triciclo há oito anos. Demorei dois anos para construir. O triciclo foi todo montado com peças de motos como ferragem e motor”, explica Adnaldo.
Como não pode trabalhar fora, Lenilza encontrou no crochê uma forma de terapia e também ajudar na renda financeira da casa. “Aprendi a fazer crochê sozinha, vendo nas revistas. Para mim é uma terapia, pois me ajuda a esquecer dos problemas e ainda ajudo a minha mãe, quando vendo os produtos”, disse Lenilza. Para produzir um jogo de tapete, Lenilza demora mais de um mês.
Aurilene fez um curso de informática e frequenta aulas de pintura no Centro de Reabilitação Neurológica Infantil de Cacoal (Cernic). Em casa Aurilene adaptou o computador para facilitar o manuseio. “Eu consegui colocar atalhos no computador, para facilitar o meu uso e como tenho dificuldade para enxergar, aumentei as letras”, conta Aurilene.
Através do computador, Aurilene está escrevendo um livro. “Quero que o mundo conheça a nossa história de vida, as dificuldades para enfrentar a doença”, disse Aurilene afirmando que espera ajudar outras pessoas a descobrirem o quanto antes a doença. “Espero que outras pessoas que tenham essa doença não passem pelo que passamos até descobrir qual era nosso problema”, desabafa Aurilene.
Agnaldo adaptou uma moto com ajuda de amigos (Foto: Magda Oliveira/G1)
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