MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 9 de junho de 2013

Açaí com camarão ou charque ganha versão em sorvete no Amapá


Sabores exóticos receberam os nomes de Cabuçu e Caboclo.
Pratos são tradicionais na gastronomia amapaense.

Abinoan Santiago Do G1 AP

O açaí com camarão ou com charque, pratos típicos na mesa do amapaense, agora fazem parte do cardápio de sabores na sorveteria de Jean Guimarães, 38 anos, em Macapá. Há cinco meses ele assumiu o estabelecimento do pai, João Gomes Barbosa, 65 anos, e decidiu inovar. O sorvete com camarão recebeu o nome de Cabuçu, e o com charque de Caboclo.
Jean Guimarães criou o sorvete por causa da tradição do açaí no Amapá. (Foto: Abinoan Santiago/G1)Jean Guimarães criou o sorvete por causa da tradição do açaí no Amapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Jean admite que apesar de ser amapaense, não toma o açaí e os sorvetes Cabuçu e Caboclo com frequência: “Eu bebo açaí raríssimas vezes porque nunca tive esse costume típico do estado. Meu sabor preferido é brigadeiro”.

A receita do sorvete surgiu há cinco meses por causa da tradição do dia-a-dia do amapaense em tomar açaí com camarão ou charque. “Tenho amigos que tomam açaí todos os dias,daí tive a ideia de fazer o sorvete. Porque apesar de ser tradicional, nunca havia experimentado o sabor exótico”, contou o empresário.

O sabor causou estranheza até mesmo na família de Jean, que há décadas trabalha com a produção de sorvete. “Quando falei aos meus familiares, eles ficaram com receio porque não haviam visto esse sabor. Os clientes também têm reações com o sabor. Uns se assustam e outros riem, por exemplo”, contou Jean Guimarães.

A avó do empresário, a aposentada Lucia da Costa, 77 anos, toma açaí quase todos os dias. Mesmo sendo diabética, ela dá um jeito de tomar o sorvete. “Eu não deixo de provar os sorvetes de açaí, principalmente quando o meu neto acaba de fazê-los. Eu gosto muito e a ideia dele é muito boa”, acentuou a avó coruja.

O estudante Dyepeson Martins, 21 anos, ficou surpreso ao saber como são os sorvetes Caboclo e Cabuçu. “Me assustei quando li o sabor do sorvete no cardápio da sorveteria, mas, ao mesmo tempo, senti curiosidade de provar porque é feito de um prato típico do Amapá”, contou.
Após provar o sorvete de açaí com charque pela primeira vez, Dyepeson se interessou pelo sabor deixado na boca. “O contraste do doce do açaí com o salgado do charque é um diferencial. Mesmo misturados, eles não perdem seus sabores originais”, destacou.
O estudante Dyepeson Martins, 21 anos, ficou curioso e provou sorvete de açaí com charque. (Foto: Abinoan Santiago/G1)Estudante Dyepeson Martins, 21 anos, ficou curioso e provou o sorvete de açaí com charque (Foto: Abinoan Santiago/G1)
A produção do sorvete acontece de acordo com a demanda dos clientes. Na tabela de preços, o Cabuçu e o Caboclo são os mais caros. O valor varia de acordo com o tamanho. Em casquinho a bola de sorvete custa R$ 4, e no cascão R$ 5. Os demais sabores são vendidos a R$ 3.

Mas segundo Jean, o preço não é problema para quem gosta do fruto. “Uma cliente veio de Santana, a 20 quilômetros de Macapá, somente para tomar o sorvete. Os olhos dela brilharam quando provou o sabor. Teve outro caso que duas mulheres, ao verem o sorvete no cardápio, começaram a rir, mas adoraram”, disse, orgulhoso.

Preparo
A preparação do sorvete segue algumas normas. “Eu não gosto de trabalhar com o açaí na consistência grossa, e compro o de textura mais fina. Bato o fruto no liquidificador com alguns ingredientes especiais que não posso revelar”, detalhou Jean.

“A cada três litros de sorvete de açaí com camarão ou com charque, eu gasto em média R$ 100”, falou Jean, especificando que compra 10 litros de açaí e 1,5 quilo de camarão e charque.

Segundo ele, para chegar a esse resultado, a receita passou por algumas experiências. Entre erros nas quantidades do doce e salgado foram cinco testes. “Eu errei por quatro vezes, mas não desisti porque eu sabia que era possível acertar a medida de cada ingrediente, só deveria ter persistência”, falou, destacando que até a quarta tentativa, o camarão e o charque sempre congelavam.

“Na primeira vez, eu fiz o sorvete apenas com açaí, comprei o camarão já pronto e coloquei no freezer, e um dia depois estava congelado. No segundo dia eu comprei o camarão e o charque ainda crus, mas não deu certo; na terceira tentativa, eu os fervi, mas também congelaram; na quarta, mesmo fritando, ainda não havia ficado com a consistência ideal. Na quinta e última, eu assei o charque e o camarão no forno e finalmente deu certo porque eu acrescentei um ingrediente a mais”, lembrou Jean Guimarães, deixando no ar o mistério de como faz para o camarão e o charque não perderem o sabor e nem congelarem. “É segredo de mestre-cuca”, brincou.

O próximo sorvete exótico a ser criado por Jean é o de bacaba, fruta típica da região Norte. Segundo garante, o sabor ainda não existe no Estado. “Vai ser mais uma experiência que vou tentar até dar certo”, avisou entusiasmado.

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