MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 8 de junho de 2013

Venezuelanos usam tecnologia contra escassez de produtos básicos


Aplicativo ajuda a encontrar papel higiênico em supermercados.
Governo venezuelano atribui a escassez a um plano da oposição.

Da Agência Efe

Na Venezuela, é possível procurar papel higiênico peregrinando de supermercado em supermercado, recebendo uma dica de um amigo e, desde que José Augusto Montiel bateu perna por ruas e ruas, também por meio do "Abastéceme" ("Abasteça-me"), uma rede social que baixada como aplicativo em smartphones.
venezuela papel higiênico (Foto: Reuters)Venezuela tem escassez de papel higiênico (Foto: Reuters)
Assim como outros venezuelanos, o jovem de 21 anos, estudante da Universidade Rafael Urdaneta de Maracaibo, onde está quase se formando como engenheiro químico, vinha sofrendo como a maioria dos venezuelanos com a escassez de produtos vivida pelo país, mas uma semana sem café com leite foi demais para ele.
"Me ocorreu que, assim como a maioria dos venezuelanos, gosto de começar o dia sempre com uma xícara de café com leite (...). Por uma semana não houve leite, e eu não tinha como tomar um café com leite e senti uma frustração fora do normal", contou José Augusto, em Maracaibo, por telefone à Agência Efe.
A escassez de leite e especialmente a busca que seus pais e amigos precisavam fazer pelos supermercados a cada vez que queriam comprar alguma coisa levaram Montiel a sacrificar suas madrugadas para, paralelamente a seus estudos, desenvolver um aplicativo que já foi baixado mais de 6 mil vezes e permite localizar pelo telefone os produtos procurados.
"Abastéceme", por enquanto disponível para Android - embora o jovem esteja desenvolvendo uma versão para BlackBerry e outra para internet -, permite ao usuário encontrar açúcar, leite, arroz e outros produtos de consumo básico em um mapa do Google que localiza o supermercado com o artigo em questão.
Os usuários fazem upload das informações e compartilham de modo que qualquer pessoa possa encontrar o produto em um mapa, em categorias de um, cinco, dez e até 100 quilômetros - se a pessoa tiver muito azar.
"Buscando papel higiênico, por favor espere", diz o navegador se alguém rastreia esse produto no aplicativo, que também permite discriminar a busca por preços regulados e não regulados, entre outras opções.
José Augusto afirmou que "Abastéceme" se tornou um aplicativo "viral" no dia 3 de junho, quando foram feitos mais de mil downloads, e já tem um tráfego que chegou a seis solicitações de informação por segundo.
A falta de produtos de consumo básico é crônica na Venezuela, onde o governo lida com um 'índice de escassez', mas nas últimas semanas ficou mais aguda em setores como os de alimentos e produtos de higiene pessoal.
O governo chegou até mesmo a anunciar a importação de 50 milhões de rolos de papel higiênico para que, nas palavras do ministro do Comércio, Alejandro Fleming, "o povo se tranquilize e compreenda que não deve se deixar manipular pela campanha midiática de que há escassez".
A falta de oferta é um dos elementos que contribuem significativamente para o aumento do índice de inflação na Venezuela, que nos primeiros cinco meses do ano acumula 19,4% e que só em maio viu os preços dos alimentos subir 10%.
O governo liderado por Nicolás Maduro, que também anunciou a compra de 760 mil toneladas de alimentos para atenuar o "desabastecimento intenso", atribui a escassez a um plano da oposição que monopoliza e faz produtos desaparecerem, embora admita que a falta de produtividade e a dependência das importações seja consequência da política de rendimentos do petróleo.
No entanto, os setores empresariais e a oposição política a consideram consequência de políticas como o controle de preços e de câmbio, que dificultam o acesso ao capital e desestimulam o investimento no país.
Enquanto o governo e o sistema econômico socialista resolvem o problema, Montiel, que também é violinista no Sistema Nacional de Orquestras, uma das joias da Venezuela, segue trabalhando para aperfeiçoar seu aplicativo como uma contribuição social.
"Trata-se de fazer um serviço de utilidade pública, não estou tendo nenhum lucro, só a satisfação de fazer isso", disse, acrescentando que está desenvolvendo o programa pela internet para os que não têm acesso a um smartphone.

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