Negócios do chamado marketing multinível estão no alvo
Mikaella Campos | mikaella.campos@redegazeta.com.br
Foto: Divulgação
Divulgador da Telexfree mostra o cheque simbólico que recebeu da empresa
Pelas comunidades virtuais, pelos sites de buscas e mesmo pelas páginas de notícias, há uma explosão de vantagens publicadas, que prometem retorno econômico com rentabilidade acima do que o mercado financeiro oferece. O avanço desse tipo de negócio – denominado de marketing multinível, porém, que se assemelha à pirâmide financeira – acende o sinal de alerta de órgãos do governo para possíveis prejuízos bilionários para a economia nacional.
O Ministério da Fazenda chegou a publicar uma nota técnica, no final de maio, para esclarecer, a pedido do Ministério da Justiça, a diferença de marketing multinível do esquema Ponzi.
Os órgãos têm acompanhado de perto possíveis fraudes que começaram, principalmente, no último ano a ganhar força pela internet e que têm conquistado milhares de adeptos num curto prazo.
Em março, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), da Fazenda, em outra nota técnica, afirmou que a Telexfree é insustentável e que se estrutura num esquema de pirâmide financeira.
Na última terça-feira, o grupo, que atua com a venda de VoIP (voz sobre IP) foi proibida de recrutar novos divulgadores e também está impedida de pagar aos associados.
“Apesar de muitas vezes operarem por algum tempo e de, durante esse tempo, atenderem ou superarem às expectativas de retorno de alguns participantes, inexoravelmente, esquemas piramidais irão ruir e dar prejuízos a uma parcela significativa de seus ‘investidores’. A falência de uma pirâmide não decorre, como se observa nos negócios legítimos, de choques de demanda, concorrência com agentes mais eficientes ou outros fatores de mercado, mas do inescapável limite de pessoas propensas a aderirem a ela”, diz a última nota da Fazenda.
O Ministério da Justiça também já afirmou investigar as irregularidades que têm tomado a internet.
Em âmbito estaduais, Procons e Ministérios Públicos já investigam a Telexfree e também analisam o crescimento impressionante de pessoas que têm aderido a empresas que atuam de maneira semelhante.
Entre as companhias sob suspeitas está a BBom, que vende rastreadores automotivos e diz pagar um benefício até o dobro maior do que a Telexfree. Donos do negócio negam que a empresa seja um esquema piramidal.
Outra empresa de marketing multinível que também está sob suspeita é a Multiclick Brasil, da área de brindes promocionais. A empresa diz ser legítima e não realizar fraude.
Telexfree paga R$ 800 milhões em 11 dias
Documentos apresentados pela Telexfree à Justiça do Acre mostram que a empresa pagou uma quantia de R$ 800 milhões a divulgadores em apenas 11 dias e repassou à Receita Federal um valor de R$ 70 milhões referente a impostos de três meses de trabalho dos associados.
A informação foi utilizada pela juiza Thais Queiroz B. de Oliveira Abou Khalil para basear a liminar que proíbe a companhia de vender novas adesões e de pagar os benefícios aos divulgadores.
O texto da decisão não aponta a qual período as quantias se referem. No entanto, segundo a magistrada os números mostram a dimensão e o alcance do negócio. “Se em 30 dias são vendidas cerca de um milhão de contas VoIP, pode-se dizer que, por dia, são realizados cerca de 600 novos cadastros, todos com risco de não recuperar o investimento”, disse.
Segundo a promotora do Consumidor, Nicole Gonzales, apesar de existirem outros esquemas semelhantes ao da Telexfree, num primeiro momento, o MP do Acre vai se dedicar ao processo envolvendo apenas a companhia para depois investigar os novos casos.
“Não podemos fazer vários processos ao mesmo tempo e perder o foco. O que queremos é primeiro combater uma irregularidade para depois anularmos as outras”, diz a promotora.
Site tem que falar da suspensão
A Telexfree até hoje para informar no site que está proibida de vender adesões e de pagar os divulgadores. A decisão da Justiça só não impede os associados de publicarem anúncios na web. Em vídeo no YouTube, o diretor da empresa, Carlos Roberto Costa, afirma que providências já são tomadas e acrescenta: “A empresa é de Deus. Nós respeitamos as decisões judiciais. Mas temos que trabalhar”. Fonte: A GAZETA
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