MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 12 de junho de 2013

'Diálogo nessas condições não é possível', diz Nádia Campeão


Declaração foi dada pela prefeita em exercício sobre protestos em SP.
Vinte pessoas foram detidas no 3º dia de manifestação nesta terça-feira.

Do G1 São Paulo

Manifestantes contra o aumento das tarifas dos ônibus de São Paulo, do Metrô e dos trens protestam nesta terça-feira (11), em São Paulo.  (Foto: Fabio Braga/Folhapress)Manifestantes contra o aumento das tarifas protestam em São Paulo. (Foto: Fabio Braga/Folhapress)
A prefeita de São Paulo em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), afirmou na manhã desta quarta-feira (12) ao Bom Dia São Paulo que não é possível, neste momento, dialogar com os movimentos que reivindicam a redução de tarifa. Na noite de terça-feira, uma estação de Metrô na Avenida Paulista, o Terminal Parque D.Pedro, no Centro, e estabelecimentos comerciais foram depredados. Cinco policiais militares ficaram feridos e 20 pessoas acabaram detidas.

“Acho que, depois dos acontecimentos nessas três manifestações, a vontade dos manifestantes não é dialogar. Os métodos utilizados afastam o diálogo, não aproximam. Não podemos aceitar que o objetivo seja criar transtorno. O diálogo nessas condições não é possível”, afirmou Nádia, que assumiu a Prefeitura nesta segunda-feira (10), enquanto Fernando Haddad participa de um evento em Paris.

Segundo Nádia, representantes da Prefeitura devem participar nesta quarta de uma conversa mediada pelo Ministério Público de São Paulo. Ela disse que administração segue aberta para dialogar sobre o transporte público. "Fazemos apelo para que os manifestantes procurem o caminho do diálogo", disse. A prefeita afirmou que está sendo feito nesta manhã o levantamento dos prejuízos provocados pelo último protesto.
O aumento de 6,7%, que elevou o preço da passagem para R$ 3,20, ficou abaixo da inflação no período – a tarifa dos ônibus custava R$ 3 desde janeiro de 2011. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo valor seria de R$ 3,40, segundo cálculos da Prefeitura. “O reajuste foi o menor possível. Foi aquele que orçamento público poderia suportar”, declarou.

Formação de quadrilha
Dos 20 manifestantes detidos na noite de terça-feira, 10 vão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha, que não prevê fiança. Eles devem ser transferidos nesta manhã do 78º Distrito Policial, nos Jardins, para o 2º DP, no Bom Retiro, onde aguardarão transferência para um Centro de Detenção Provisória (CDP).
Quinze foram detidos em flagrante: um está preso por dano ao patrimônio, porque depredou um posto da Polícia Militar, deve pagar fiançar de R$ 20 mil e ser liberado; quatro pessoas foram detidas por pichação, desacato, impedir a circulação de pessoas e atirar objetos e deixaram a delegacia porque os crimes são considerados mais leves.
Além deles, um adolescente com latas de tinta foi apreendido e devolvido aos pais. Os demais cinco detidos foram liberados durante a madrugada desta quarta-feira (12).
Seis horas
Os detidos participaram da manifestação que voltou a ocupar ruas e avenidas da região central de São Paulo durante aproximadamente seis horas. Nesta terça, ônibus foram pichados e parcialmente queimados, agências bancárias tiveram portas quebradas e o acesso a uma estação do Metrô foi alvo de vândalos.
Houve confronto com a polícia, que utilizou balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás pimenta. Cinco PMs ficaram machucados no confronto com os manifestantes. Uma policial chegou ao 78º DP com o braço imobilizado. Ela levou uma paulada, como informou o Bom Dia São Paulo. Um outro soldado estava com a cabeça enfaixada porque foi atingido por uma pedrada. Os objetos usados na depredação foram levados para a delegacia: pedaços de madeira, extintores, fogos de artifício e pedras.
Segundo o tenente-coronel Marcelo Pignatari, outras duas pessoas foram atropeladas por um automóvel que forçou a passagem após o bloqueio de uma das vias. O atropelador fugiu.
A PM estima que 5 mil tenham participado dos protestos. Cerca de 400 homens da corporação foram destacados. Este é o terceiro dia de manifestações convocadas pelo Movimento Passe Livre. Na semana passada, os protestos também terminaram em vandalismo, confronto com a polícia e prisões.
Na manhã desta quarta-feira, o Terminal Parque Dom Pedro, no Centro, um dos mais atingidos pela depredação, funcionava normalmente. As 70 linhas operavam, segundo a SPTrans. O Metrô também operava sem restrições. Vidros da estação Trianon, que foram quebrados, foram substituídos por tapumes.
Horas de protesto
A manifestação começou por volta das 17h na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes desceram a Rua da Consolação em direção ao Centro. Eles tentaram fechar o Corredor Norte-Sul, uma das principais vias da cidade, mas a Polícia Militar impediu o avanço do grupo em direção à Avenida 23 de Maio.

O grupo, então, se dirigiu à Praça da Sé e ao Parque Dom Pedro. Segundo a PM, houve confronto quando manifestantes tentaram entrar no terminal de ônibus para depredar veículos. A polícia atirou bombas para dispersar manifestantes na Praça da Sé. Apesar da ação da polícia, a multidão deixou um rastro de pichações e destruição em agências bancárias, ônibus, prédios públicos e privados. O grupo de manifestantes se dividiu e passou a realizar protestos simultaneamente na região da Paulista e na região central. Foram quase seis horas de protesto nesta terça. Os manifestantes só dispersaram pouco antes das 23h, quando houve um último confronto com a PM e começou a chover na região da Paulista.
"Acredito que foi o dia mais violento, pela intensidade e pela animosidade dos manifestantes, o ânimo deles, desde o início, de insultar os policiais", afirmou Pignatari. Segundo o oficial, os manifestantes atiraram fogos de artifício e coqueteis molotov contra os policiais. "Pessoas que querem defender uma ideia contra o aumento da tarifa não trazem esses acessórios."
Um integrante do Movimento Passe Livre que se identifica apenas como Marcelo disse que os ataques começaram após a repressão policial contra os manifestantes no Parque Dom Pedro. "Antes disso, houve alguns pequenos focos de conflito sem importância. Não teve nada disso antes de a polícia iniciar a repressão", afirmou.
De acordo com ele, o movimento se dividiu em vários grupos e passou a atuar sem um comando central. Ele disse que O MPL não assume a responsabilidade pelos ataques a ônibus e prédios públicos. "Com mais de 15 mil pessoas, não dá para controlar."
Reunião
O MPL, que já programou um novo protesto para quinta (13) em frente ao Theatro Municipal, disse ter protocolado um pedido de reunião com a prefeita em exercício nesta quarta-feira (12), com pauta única: a revogação do aumento da tarifa de ônibus, que em 2 de junho passou de R$ 3 para R$ 3,20.
Já o Ministério Público de São Paulo informou que organiza também nesta quarta uma reunião com representantes do grupo que faz atos contra o aumento das tarifas. A Secretaria Municipal de Transportes (SMT) disse que vai enviar um representante, já que o secretário Jilmar Tatto não irá comparecer.
Segundo o MPL, “todo aumento de tarifa é injusto e aumenta a exclusão social”. O aumento de 6,7%, no entanto, ficou abaixo da inflação no período – a tarifa dos ônibus, por exemplo, custava R$ 3 desde janeiro de 2011. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo valor seria de R$ 3,40, segundo a Prefeitura.
Antes do anúncio da nova tarifa, o prefeito Haddad disse que fez "um esforço para o menor reajuste possível".
Manifestante é preso no começo do protesto pelo aumento da passagem em São Paulo (Foto: Rafael Stedile)Manifestante é preso no protesto desta terça (Foto:
Rafael Stedile)
'Caso de polícia'
Alckmin criticou os recentes protestos durante entrevista na manhã desta terça à Rádio França Internacional (RFI), em Paris, onde defende a candidatura de São Paulo para a Expo 2020. Ele afirmou que interromper o trânsito em vias importantes é “caso de polícia.”
“Uma coisa é movimento, tem que ser respeitado, ouvido, dialogado. Outra coisa é vandalismo, é você interromper artérias importantes da cidade, tirar o direito de ir e vir das pessoas, depredar o patrimônio público que é de todos. Isso não é possível, aí é caso de polícia e a polícia tem o dever de garantir a segurança das pessoas”, declarou.
Apesar da distância, Alckmin e o prefeito Fernando Haddad prometeram acompanhar os protestos.
Rastro de destruição
Na quinta e na sexta passadas, com o lema “Se a tarifa na baixar, a cidade vai parar”, o grupo percorreu diversas vias importantes e prejudicou o trânsito na cidade.
Segundo informações do Metrô, os atos de vandalismo da semana passada resultaram em um prejuízo avaliado em R$ 73 mil, quando 16 pessoas foram presas por conta dos protestos. Na sexta, de acordo com a CET, a capital chegou a registrar 226 km de vias congestionadas.
Em nota, o Movimento Passe Livre afirmou que “não incentiva a violência em momento algum de suas manifestações, mas é impossível controlar a frustração e a revolta de milhares de pessoas com o poder público e com a violência da Polícia Militar”.
Ônibus pichado no centro de São Paulo durante o protesto. (Foto: Julia Basso Viana/G1)Ônibus é pichado no centro de São Paulo (Foto:
Julia Basso Viana/G1)
O movimento é composto em sua maioria por estudantes e defende o transporte público gratuito. As primeiras manifestações do grupo em São Paulo contra reajustes ocorreram em dezembro de 2006. À época, a passagem dos ônibus tinha aumentado de R$ 2 para R$ 2,30, e a do Metrô de R$ 2,10 para R$ 2,30.

O Ministério Público de São Paulo informou que irá instaurar inquérito civil público contra os responsáveis pelo quebra-quebra na capital durante os protestos. A Promotoria pretende identificar e responsabilizar legalmente os manifestantes que depredaram patrimônios públicos e privados e causaram congestionamentos.
Pichações sao feitas ao longo de todo caminho do manifesto (Foto: Marcelo Mora/G1)Pichações são feitas ao longo de todo caminho do manifesto (Foto: Marcelo Mora/G1)

Manifestação contra o aumento da tarifa segue pela ligação Leste-Oeste acompanhada pela polícia. (Foto: JF Diorio/Estadão Conteúdo)Manifestação contra o aumento da tarifa segue pela ligação Leste-Oeste acompanhada pela polícia (Foto: JF Diorio/Estadão Conteúdo)
Tropa de Choque tenta bloquear caminho dos manifestantes na Avenida Rangel Pestana, no Centro (Foto: Gabriela Biló/Futura Press/Estadão Conteúdo)Tropa de Choque tenta bloquear caminho dos manifestantes na Avenida Rangel Pestana, no Centro (Foto: Gabriela Biló/Futura Press/Estadão Conteúdo)
A PM joga bombas contra manifestantes do Movimento Passe Livre na Praça da Sé, na região central de São Paulo, para tentar dispersar a multidão. (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)A PM joga bombas contra manifestantes do Movimento Passe Livre na Praça da Sé, na região central de São Paulo, para tentar dispersar a multidão. (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)
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Manifestante depreda ônibus na região central de São Paulo durante protesto contra o aumento da passagem (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)Manifestante depreda ônibus na região central de São Paulo durante protesto contra o aumento da passagem (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)

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