MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

'Meu compromisso é com o povo', diz arcebispo após reunião sobre greve


Dom Murilo Krieger assegurou através de nota que não tem alvo de apoio.
Último encontro com governo e PMs grevistas não deu solução ao impasse.

Do G1 BA
O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, que auxiliou nas negociações entre governo da Bahia e policiais militares grevistas, divulgou nota oficial onde classifica as consequências do impasse entre as partes como "tristes acontecimentos dos últimos dias". Krieger afirma que embora tenha se colocado à disposição para pôr fim à greve, não demonstrou apoio a nenhuma das reivindicações, nem propostas apresentadas. "O que posso lhes assegurar é que não me alinhei com nenhuma das partes, porque meu compromisso era e é com o povo da Bahia", diz.
O líder religioso acrescenta que sentiu-se na obrigação de se oferecer para entrar nas negociações porque percebeu a "paz que foi tirada de Salvador". Ainda segundo a nota, a intenção era "pelo diálogo, se conseguir a conciliação", o que não ocorreu mesmo após sete horas de reunião realizada na terça-feira (7).
Negociação
Reunião com arcebispo de Salvador (Foto: Divulgação/Secom)Reunião contou com presença de Dom Murilo Krieger
(Foto: Divulgação/Secom)
A reunião que terminou sem avanços aconteceu na Residência Episcopal, no bairro da Federação, centro da capital baiana. O encontro foi uma segunda etapa de negociações que começaram ainda na segunda-feira (6). "As negociações foram interrompidas depois de 24h [desde o início na segunda-feira], não chegamos a evoluir. A mesma proposta apresentada agora foi a do início da manhã. Lamentavelmente não chegamos a uma negociação", disse Saul Quadros, presidente da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA).
O governador da Bahia, Jaques Wagner, pediu que os policiais militares grevistas retornem ao trabalho imediatamente. A declaração foi feita na tarde de terça-feira, após o fim da reunião, em entrevista à Globo News. Ele também falou sobre a impossibilidade de negociar anistia aos policiais que cometeram crimes desde o início da greve, em 31 de janeiro. Wagner tranquilizou os turistas e baianos que pretendem curtir o carnaval na capital baiana a partir da próxima semana, informando que o esquema de reforço policial na cidade começa na terça-feira (14).
"O próximo passo é o que designei ao comando da Polícia Militar. Os coronéis devem reunir a tropa para que volte ao trabalho imediato e também possa saber o que está sendo proposto pelo governo", disse Jaques Wagner. Segundo ele, a população já está julgando a ação grevista dos policiais. "Aqueles que querem prestar o serviço à população sabem que a oferta é significativa e acredito que isso possa acontecer nas próximas horas. Existe um processo de intimidação de alguns e por isso, nem todos quiseram assumir a proposta feita pelo governo. Dizer que conquistamos a GAP IV e V é algo muito importante para a Polícia Militar da Bahia", afirmou o governador.
Discórdia
Segundo o presidente da OAB, o principal ponto de discórdia na negociação entre governo e PMs é a parte exclusivamente financeira, e disse que há avanços em relação aos outros pontos de revindicações. "Houve flexibilidade no que diz respeito à anistia para aqueles que participaram do movimento, não aqueles que agrediram a sociedade civil, que queimaram ônibus, aí o governo do estado não abre mão e também por parte da polícia militar também eles concordam com isso." As pessoas que participaram do evento, mas que não praticaram nenhum ato de vandalismo, não seriam punidas, "não haveria nem inquérito instaurado contra eles", disse.
Segundo ele, ficou acertado que as pessoas que forem detidas porque tiveram prisão decretada não iriam para presídios de segurança máxima e ficariam na Bahia, em presídios militares, até que a Justiça decidisse a respeito disso.

O encontro aconteceu na Residência Episcopal do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil Dom Murilo Krieger, que participou efetivamente da tentativa de negociação. Desde a segunda-feira, Dom Murilo Krieger, atua na intermediação entre os interesses do governo e de entidades sindicalistas dos policiais militares grevistas.

A reunião foi formada pelo presidente da OAB da Bahia, Saul Quadros; o secretário da Casa Civil, Rui Costa; o secretário da Administração do Estado, Manoel Vitório; o comandante geral da PM, Cel. Alfredo Castro, Rui Moraes da Procuradoria Geral do Estado e os representantes das associações dos policiais: APPM, Associação da Força Invicta, Associações de Jequié e Itaberaba.
Crime
Um Policial Militar foi morto na noite de terça-feira no bairro de São Marcos, em Salvador. Segundo informações do posto policial do Hospital Roberto Santos, o soldado estava em uma pizzaria quando o local foi assaltado. Ainda de acordo a polícia, os assaltantes atiraram contra o soldado quando perceberam que ele estava armado. A vítima era lotado na 23ª Companhia da Policial Militar de Tancredo Neves. Segundo informações da 23ª Companhia, ele entrou na corporação em março de 2005.
De acordo com um dos grevistas que segue na Assembleia Legislativa (Alba) e que não quis se identificar, a vítima participava ativamente do movimento e estava dentro da Alba até o início da noite. "Ele deixou a Assembleia no início da noite para ir ver a família. Ele estava aqui desde o primeiro dia de greve, participando ativamente do movimento", disse o grevista, lotado na 3ª Companhia Independente da PM. "Amanhã [quarta-feira, 8] iremos fazer uma homenagem ao nosso colega", completou.
Não há confirmações oficiais de que o crime tenha envolvimento com a greve.
Habeas Corpus
Cinco dos 12 policiais militares da Bahia que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça tiveram o pedido de habeas corpus negado nesta terça-feira, segundo o advogado Jonas Benícios, que os representa.
Segundo Benícios, a Justiça utilizou como argumento para negar o habeas corpus a ausência de provas para a liberação dos policiais, que são suspeitos de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público. Os PMs também devem passar por um processo administrativo na própria corporação.
Ainda de acordo com Benícios, os advogados dos policiais ficaram sabendo dos mandados de prisão através da imprensa. "Eu não tive como preparar a defesa porque não tive acesso aos autos do processo que pede a prisão. Mas agora, com base nos fatos atuais, vou levantar dados e provas para entrar com novo pedido", diz o advogado.
Entre os cinco policiais representados por Benícios, está Marco Prisco, líder do movimento grevista.

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