MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Margens do Rio Araguaia viram praias em Mato Grosso


Adeptos da pesca esportiva também visitam São Félix do Araguaia.
Em Barra do Garças, turistas encontram balneários com águas termais.

Ericksen Vital Do G1 MT
Praia em São Félix do Araguaia (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)Praias em São Félix do Araguaia atraem turistas no período de seca (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)
O cenário exuberante ao longo do Rio Araguaia atrai cada vez mais turistas do mundo todo para as cidades do interior de Mato Grosso. O trajeto à margem do rio é repleto de belezas naturais, animais e praias que sempre aparecem no período da seca, de junho a setembro. Um dos últimos recantos ambientais quase intocados no estado, localizado antes da foz do rio, está no município de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá.
O turista chinês Stanley Tang, de 24 anos, atravessou o globo só para conhecer São Félix do Araguaia. Ele afirmou que conhecer a região representou ter vivido por um tempo no “mundo dos sonhos”.
Zoólogo, ele partiu da cidade de Townsville na Austrália, onde estuda, e ficou inicialmente em Goiânia (GO), na casa do amigo Valter Neves Barbosa, de 23 anos. Eles se conheceram há quatro anos pela internet. Da capital do estado vizinho, a dupla partiu de ônibus com um grupo de amigos em uma longa viagem por estradas de chão esburacadas.
O ideal é viajar pelas estradas no período da seca. Durante a chuva, elas ficam intransitáveis. De Cuiabá, capital de Mato Grosso, o acesso até a cidade é feito pela BR-158 e BR-242.
Com uma câmera fotográfica, binóculos e um guia de bolso, Stanley contou que ficou impressionado com o número de aves que vivem na região. Pelas contas dele, foi possível identificar quase 150 aves em duas semanas de viagem. “A maioria das aves eu nunca tinha visto na minha vida”, contou o chinês, que não conseguiu esquecer a viagem feita há dois anos.
Natureza intocada
Stanley destacou que para uma pessoa nativa de São Félix do Araguaia avistar pássaros pode não parecer uma experiência muito emocionante. Agora, para o chinês foi uma das melhores “visões” da vida. “Eles são misteriosos e bonitos”, disse em entrevista ao G1.
Na cidade, os amigos fizeram uma programação extensa durante a temporada de seca, que reúne centenas de turistas aproveitando as águas do Rio Araguaia. Eles curtiram, por exemplo, a praia principal da cidade, que possui estrutura mediana de restaurantes e bares à disposição dos turistas. “Lá tem lugares muito bons e bonitos com comidas deliciosas. Comemos muitos peixes que foram pescados diretamente do rio”, disse Barbosa, que  acompanhou o amigo estrangeiro.
Tuiuiu em São Félix do Araguaia (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)Turista chinês ficou encantado com pássaros em
São Félix (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)
Do cais principal da cidade, é possível ver a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do planeta, onde estão mais de 25 aldeias indígenas.
Pescaria e índios
São Félix do Araguaia também atrai turistas que gostam de praticar a pesca esportiva. De acordo com a empresária Ingrid Isabel Ritter, dona da Pousada Kuriala, o turismo do município está se desenvolvendo para a prática da pescaria esportiva, na modalidade pesque e solte. A empresária relatou que a região tem um turismo sazonal, do período de 1º de março - quando está finalizando o período de chuvas - até por volta do dia 31 de outubro.
Em média, a diária nas pousadas para turismo de pesca, incluindo barco, piloteiro, isca e alimentação, custa R$ 550 por pessoa. Já o pacote por pessoa para quatro noites e cinco dias custa R$ 2,2 mil.
Nas proximidades de São Félix do Araguaia, alguns guias turísticos estão fechando parcerias, a partir de autorizações da Funai e das próprias associações indígenas, para levar viajantes às aldeias indígenas, fazendo o "turismo étnico".
Turismo em aldeia (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)Passeio em aldeia também faz parte do roteiro
turístico em MT (Foto: Stanley Tang/Arquivo pessoal)
O guia Matuzalem Pereira Labschinski Milhomem leva turistas para ver como vivem índios karajas de quatro aldeias da Ilha do Bananal. “Só levamos pessoas autorizadas pela Funai e depois ainda pedimos autorização para as associações indígenas locais. O turismo étnico é o futuro, visto que a nossa região tem muitas aldeias”, comentou.
Vale lembrar que a colonização de São Félix do Araguaia, no século passado, foi marcada por um violento processo de ocupação. Índios e não índios disputaram a região por volta dos anos 1940. Os novos habitantes do local escolheram o nome São Félix, que era uma espécie de padroeiro contra os ataques de índios que buscavam proteger suas terras. Tempos depois, acrescentou-se Araguaia ao nome da cidade, porque na Bahia existe outro município que levava a mesma denominação.
Águas termais
Na região próxima ao começo do Rio Araguaia, o turista pode encontrar um dos lugares mais bem estruturados para receber o viajante: a cidade Barra do Garças, a 500 km de Cuiabá, na fronteira com o estado de Goiás.
No município, os turistas encontram uma série de atrativos extremamente diferentes. Há praias que lotam em alta temporada, águas termais consideradas curativas, opções para praticantes de esportes radicais, serras que permitem experiências místicas e até um misterioso "discoporto" (aeroporto para disco voador).
Misticismo da Serra do Roncador
“A viagem foi a experiência mais emocionante da minha vida. Estou em estado de graça”, contou a terapeuta Iracema Lima Fonseca, de 39 anos, que ficou quase 15 dias na cidade. Ela é natural de Itaparica, na Bahia, e foi até Barra do Garças para realizar o sonho de conhecer a Serra do Roncador, um lugar considerado místico.
A história mais conhecida foi a aventura do coronel inglês Percy H. Fawcett. Em 1925, ele se embrenhou na Serra do Roncador à procura de uma cidade perdida de Atlântida, mas nunca mais foi visto. Muitos acreditam que ele achou uma entrada escondida no meio da Serra para um mundo com seres evoluídos. Já outros mais céticos não têm dúvida que ele morreu. A verdade ninguém sabe.
Iracema ficou 10 dias hospedada em um chalé na Serra, a 70 km da cidade. Ela contou que a região possui inúmeras grutas, cachoeiras, ruínas arqueológicas, vulcões extintos que permitem uma verdadeira “viagem espiritual”. Ela relatou que uma das melhores vivências foi uma trilha noturna, feita com a supervisão de um guia. “A trilha foi tão fantástica que eu não consegui dormir, pois seria perder tempo em um cenário lindo marcado por espiritualidade”, contou. Ela disse que fez todas as sete trilhas da região.
Belezas naturais da Serra Azul
Turismo em Barra do Garças (Foto: Iracema Lima/Arquivo pessoal)Paredões, cachoeiras e clima místico são atrativos
em Barra (Foto: Iracema Lima/Arquivo pessoal)
Outro destino certo para os turistas que curtem contemplar a natureza é o Parque Estadual da Serra Azul, uma unidade de conservação onde viveram índios da etnia bororo. Do alto da serra, o turista consegue ver toda da cidade de um mirante e também a imagem do Cristo Redentor, semelhante à famosa imagem do Rio de Janeiro só que em tamanho reduzido. Não é cobrada entrada.
Muitos peregrinos pagam promessas subindo de joelhos os 1,6 mil degraus para rezar aos pés da estátua. Além do turismo religioso, segundo o diretor da secretaria de Turismo, José Bispo dos Santos, a região é ideal para os jovens que gostam que praticar esporte radical nas várias cachoeiras e fazer trilhas em meio à natureza.
Os turistas também conhecem lá o famoso Discoporto, um lugar reconhecido internacionalmente por ter sido idealizado para supostamente receber naves com seres extraterrestres.
Lugares estruturados
Um dos destinos certos para os turistas que vão até Barra do Garças é o Complexo Turístico Salomé José Rodrigues, popularmente conhecido como Porto de Baé, localizado às margens do Rio Araguaia. Por lá, durante o dia, o viajante encontra uma estrutura organizada de quiosques, bares, restaurantes e cais para encostar lanchas e jet skis para a prática de esportes náuticos. Já à noite, o lugar torna-se agitado devido às boates das proximidades.
O roteiro deve incluir também uma diária no Parque Municipal das Águas Quentes, que fica a pouco mais de 7 quilômetros do centro da cidade. Um local que possui piscinas de água quente, com temperatura em torno de 32º. Cada pessoa paga R$ 5 pela diária, além de pagar R$ 3 para guardar volumes (roupas e bolsas, por exemplo). O turista pode chegar até a região de carro e até de ônibus público. Além dos banhos, o parque oferece uma estrutura com bares, restaurantes, duchas, vestiários e instrutores de hidroginástica e ginástica de alongamento.
Esses roteiros estão abertos o ano todo, m asentre os meses de julho e agosto o Porto de Baé lota para o festival de praia de rio. Os turistas curtem o sol durante o dia e, à noite, assistem aos shows regionais gratuitamente às margens do Rio Araguaia.

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