MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CGTS mantêm canções e danças tradicionais dos Pampas gaúchos


Existem 2.555 centros no Brasil e 12 no exterior.
Trabalho de resgate da cultura campeira gaúcha é muito respeitada.

Do Globo Rural
A Fazenda Lajeado fica no município de São Francisco de Paula, no nordeste do Rio Grande do Sul. É região dos campos de cima da serra, a 112 quilômetros de Porto Alegre. Os CTGs estavam agitados com a realização de provas de gado e de cavalo em um rodeio que reúne outros 36 CTGs da região. São provas classificatórias para o torneio nacional. O povo foi como pode e montou acampamento em barracas e tendas. A lona de circo reforça o espírito de festa.
Na apresentação das delegações, flâmulas e bandeiras dão o ar de solenidade. Há críticas para o nacionalismo gaúcho mesmo no Rio Grande do Sul. Uma delas é que o movimento romantiza o momento do passado como se nele não houvesse conflito. Outra crítica é que simplifica demais a base cultural do estado, como explica o historiador Tão Golin.
“Na história do Rio Grande do Sul a gente compreende que a parte campeira, a parte do gauchismo, é apenas um dos aspectos da formação geral e complexa do Rio Grande do Sul”, esclarece o historiador.
Globo Rural (Foto: TV Globo)Globo Rural (Foto: TV Globo)
O trabalho de resgate da cultura campeira gaúcha é muito respeitada. O gaiteiro Renato Borghetti, hoje um dos mais importantes músicos do Brasil, se considera um produto do CTG. “Eu comecei no CTG primeiro dançando e declamando. Mas o que realmente começou a me chamar a atenção foi o som da gaita”, revela.
Em novembro de 2010, Paixão Cortes recebeu um marcapasso cardíaco. O folclorista tem uma aposentadoria pequena. Como não para de mexer com as pesquisas, acaba precisando dar cursos e aula de dança para completar o orçamento.
No CTG de Canoas, na chamada Grande Porto Alegre, ele ensinou uma dança nova. Ele é reverenciado. Primeiro, é chamado o gaiteiro. Então, é a vez das moças. Os moços esperam de esporas. Com as rosetas soltas e leves, as esporas são instrumentos musicais. Depois, Paixão mostra a parte dos dançarinos.
Quando acha que o pessoal aprendeu direito, Paixão se senta. Ao sentir que cumpriu a missão e passou para os moços uma peça que apenas os velhos sabiam, ele fica todo faceiro. Então, o salão ouve o riso de satisfação.
Em Luiz Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, há sedes de CTG com sedes suntuosas. Mas há CTG de fundo de quintal, dentro de firma e em galpão alugado. O maior centro, com 21 anos, tem 25 hectares. É praticamente uma fazendinha. A cidade, que tem dez anos, cresceu com a chegada dos gaúchos.
O CTG de Luiz Eduardo Magalhães tem um dirigente de origem italiana e outro de origem alemã. Desde o primeiro, em 1948, até o que foi criado este mês, todos os CTGs são organizados como se fossem fazendas de cria, com divisões de pastos ou invernadas.
“O CTG é administrado por uma patronagem, que é chamado em outros clubes de diretoria. Tem o patrão e o capataz, que é o vice”, esclarece Astor José Stein, agricultor e patrão do CTG.
Depois vem o segundo capataz e outros cargos com nome de função de fazenda até chegar aos peões. São todos homens.
Mas o CTG de São Miguel D’Oeste, a 30 quilômetros da divisa com a Argentina, no extremo oeste de Santa Catarina, mexeu com as regras. A cidade tem um padrão de vida elevado. Há um bom par de anos não se ouve falar de desemprego na região.
Mas em 2007, o CTG não ia bem. “Fizemos uma chapa só de mulheres. Em 29 de dezembro de 2007 fomos eleitas. Mas não foi dada a posse”, lembra Dirce Sehngn, professora e capataz do CTG.
A diretoria entrou na Justiça alegando que no CTG o homem é que é o sócio. Não sendo sócia, a mulher também não pode ser diretoria. O juiz achou que os homens estavam certos. Outro, três meses depois, mudou a decisão e deu 12 horas para a mulherada assumir a chefia.
Leoni Haugg de Conto, professora aposentada, assina pelo CTG e tem de assinar como patrão, pois assim diz o regulamento. “Não temos a faca na bota. Nóstrabalhamos com e sem a faca, mas também ser mais enérgica aparece”.
O empresário Adelar Schneider tem comércio na cidade, mas é na criação de cavalo crioulo que sente todo o lado gaúcho. Ele fala sobre o comando feminino. “A gente já tem um pouco disso em casa. Sabemos que as mulheres dominam um pouco. Elas são a maioria mesmo então a gente deixa elas mandarem no CTG. Não somos obrigados a obedecer tudo que elas pedem”.
Como em todo CTG, o centro das mulheres de São Miguel D’Oeste também tem a parte campeira, a parte esportiva, recreativa e a engrenada artística.
Os CTGs são hoje 2.555 no Brasil e ainda 12 no exterior. Em todos eles se vê o resultado do esforço grandioso para resgatar a alma de um povo na cultura campeira do Sul do Brasil nos mais variados aspectos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário