MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Centros de Tradições Gaúchas reúnem movimento cultural popular


Local mantém viva a história e tradição do povo gaúcho.
Centro de Tradições Gaúchas movimentam recursos em todo país.

Do Globo Rural
Os Centros de Tradições Gaúchas, CTGs, fazem parte de um movimento de cultura popular extraordinário, porque é organizado e centralizado. O repórter José Hamilton Ribeiro contou essa história em 2011.
Muitas cidades têm uma estátua como símbolo, mas, em Porto Alegre, há duas particularidades: a estátua foi escolhida em uma eleição com mais de 500 mil votos e foi baseada em um modelo vivo, uma pessoa do mundo rural, Paixão Cortes. “É bom ser estátua, mas é melhor estar vivo”, diz.
Mas o que fez Paixão Cortes para se transformar em monumento em vida? “Dancei, cantei, sapateei e tenho a minha família. Fora esses aspectos artísticos, duas coisas eu distingo”, afirma.
A criação de ovelhas é cenário da primeira coisa que o Paixão fez. É do tempo em que ele, depois de formado em agronomia, era especialista em ovinos da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul.
A tosquia tradicional de ovelha no estado era sempre feita com uma tesoura, em um corte denominado “de martelo”. Paixão foi contra esse corte porque, além de ter de amarrar as quatro patas da ovelha e eventualmente feri-la, produzia lã de segunda linha. E o tosador, ficando em posição incômoda, rendia pouco. Introduziu, então, a tosa por maquininha;
Para lembrar a segunda coisa mais importante de sua vida, Paixão, aos 85 anos, monta de puxa uma linha de sete cavalos arriados, vazios. Repete a caminhada que fez em 1947, entre o Colégio Júlio de Castilhos e o centro de Porto Alegre.
Ele e mais sete estudantes tinham se vestido de gaúchos, e foram os oito participar de um cortejo que acompanhava os restos mortais de um herói da Guerra dos Farrapos. Esse conflito, que os gaúchos preferem chamar de Revolução Farroupilha, foi um movimento contra o Império na primeira metade do século XIX e que durou dez anos.
Já em sua casa, um apartamento classe média em Porto Alegre, Paixão parece receber de volta a energia da juventude quando relembra aquele fato. “Passou uma pessoa desavisada que me viu com roupas típicas e gritou para mim ‘o carnaval já terminou, palhaço, que fantasia é essa?”, diz.
Vindo do campo, o estudante Paixão estranhava, na cidade grande, o preconceito que havia contra o gaúcho, isto é, o homem simples da estância, da lida com gado. Resolveram então fundar uma entidade, em 1948, para cultuar a história e a cultura do Rio Grande, principalmente em relação ao mundo rural. Foram três dias de reunião só para escolher o nome.
Afinal, veio o batismo: 35 CTG. CTG, de Centro de Tradições Gaúchas. 35, para lembrar 1835, ano do início da Revolução Farroupilha. Mas a ideia, três anos depois da fundação, não estava dando muito certo. “Vivi grandes emoções aqui. Uma delas foi quando um cidadão, que tinha sido patrão da casa, me procurou e falou que estava com uma missão muito triste para ser cumprida, que precisava fechar as portas do CTG 35. Estava com dívidas e não tinha sede. Falei ‘não faça isso, pelo amor de Deus. Precisamos lutar”, afirma o agricultor Ody Pedro.
Começou, então, um movimento de pessoas e recursos tão forte que, não só o 35 não fechou, como passaram a surgir CTGs não só no Rio Grande do Sul, mas no país inteiro. Hoje, existem em quase todos os estados.
A relação de CTGs por estado é: Roraima, 1; Acre, 1; Amazonas, 3; Rondônia, 33; Tocantins, 1; Rio Grande do Norte, 1; Bahia, 5; Goiás, 10; Mato Grosso do Sul, 19; Mato Grosso, 19; Espírito Santo, 1; Rio de Janeiro, 7; Minas Gerais, 2; São Paulo, 28; Paraná, 255; Santa Catarina, 586; Rio Grande do Sul, 1.611. Há 12 no exterior.
No Brasil, os CTGs movimentam pessoas e recursos. Erival Bertolini, dirigente nacional do movimento, lembra que os Centros têm áreas esportivas, recreativas e sociais e campeiras. Fixando-se, porém, apenas no aspecto artístico, músicos envolvidos, dançarinos de danças típicas e participantes de fandangos, com roupas a caráter, o número de pessoas é grande, mais de um milhão.
Paixão e outros colegas foram participar de uma festa de gaúchos no Uruguai. Viram apresentação de danças e músicas, comida típica, vestuário, tudo próprio da região. Ficaram mordidos. Começaram, então, uma busca da cultura de raiz do povo gaúcho, uma empreitada particular sem apoio de governo ou patrocínio comercial.

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