MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SP e Rio anunciam redução de tarifas e MPL promete ato pacífico nesta quinta


SP e Rio anunciam redução de tarifas e MPL promete ato pacífico nesta quinta; para especialistas, movimento deixará população mais vigilante


O estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Após 14 dias de protesto nas ruas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e os prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do Rio, Eduardo Paes (PMDB), cederam à pressão popular e anunciaram a revogação do aumento de tarifas de ônibus, trens e metrô, que entrou em vigor no início do mês. Na capital paulista, a passagem de transporte público - atualmente em R$ 3,20 - voltará a R$ 3 na segunda-feira, como antecipado pelo Estado. Já para os coletivos da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), ainda não havia definição até as 21h.
Governador convocou coletiva não prevista na tarde de terça-feira - Filipe Araújo/AE
Filipe Araújo/AE
Governador convocou coletiva não prevista na tarde de terça-feira
Após cenas de choro e gritos de alegria, com o anúncio da redução, os líderes do Movimento Passe Livre (MPL) mantiveram o ato previsto para esta quinta-feira, 20, na Avenida Paulista, mas destacaram que deverá ser pacífico. À noite, um grupo com cerca de mil pessoas resolveu "festejar" na Avenida Paulista. "A única forma de transformar a realidade é com as pessoas se mobilizando e saindo às ruas. O que tivemos hoje foi uma vitória popular. A gente se organizou, saiu às ruas e, sem baixar a cabeça para nenhum governante, nenhuma empresa, nenhum político, o povo por si só, com sua força, conseguiu baixar a tarifa. Se o povo conseguiu isso, consegue muito mais", afirmou o estudante Caio Martins, de 19 anos, que integra o Passe Livre desde 2011.
Com apoio desse grupo e considerando ainda diversas motivações - do combate à corrupção até as queixas quanto ao uso de dinheiro público em estádios da Copa -, haverá manifestações hoje em pelo menos 10 capitais e em Brasília. Uma delas terá como alvo o Palácio do Planalto, o que obrigou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a montar às pressas uma operação para monitorar a internet. Ontem, houve protestos na periferia de São Paulo e em cidades do Ceará, do Maranhão e do Rio.
Justificativas. Para justificar a redução, Alckmin alegou que a decisão serviu para que "temas legitimamente levantados pudessem ser debatidos com tranquilidade". "A primeira e nossa total prioridade é o transporte coletivo, estimular o transporte coletivo", disse, ressaltando que haverá um "sacrifício grande" para São Paulo. "Vamos ter de cortar investimentos."
Haddad falou da necessidade de sacrificar investimentos e disse que se trata de "um gesto de aproximação, de abertura, de entendimento, de manutenção do espírito de democracia, do convívio pacífico". Ele destacou que a medida foi tomada após reunião com o Conselho da Cidade, grupo de notáveis que, anteontem, apoiou a revogação do aumento. "Precisamos agora abrir a discussão sobre as consequências da decisão, para hoje e para o futuro", disse o prefeito.
Seis horas antes, ao fazer um balanço dos prejuízos causados ao Edifício Matarazzo durante a invasão de terça-feira, Haddad havia adotado tom diferente, dizendo que a redução da tarifa dialogaria com o populismo. "As pessoas têm de compreender que essas escolhas são difíceis para o governante, que a coisa mais fácil do mundo é você agradar no curto prazo. É você tomar uma decisão de caráter populista, sem explicar para a sociedade implicações das decisões que você está tomando."
O prefeito também havia afirmado que tinha duas alternativas para reduzir o preço da passagem. "Ou cortamos de outras áreas ou avançamos na política de desoneração." Durante a coletiva, o petista deu a entender que optaria pela desoneração de impostos na área de transporte público - que deve ser discutida no Congresso. E lembrou que os reajustes que entraram em vigor no dia 2 já foram amenizados pela medida provisória do governo federal que desonerou PIS/Cofins.
Consequências. O impacto econômico da medida ainda precisará ser detalhado nos próximos dias. "Agora, com o orçamento que nós temos, fomos a um patamar de subsídio da ordem de R$ 1,250 bilhão", disse o prefeito. Conforme números apresentados terça-feira, os R$ 0,20 a menos representam, nas contas dele, um acréscimo de cerca de R$ 200 milhões nos gastos da Prefeitura neste ano. Já em relação ao Estado, a manutenção da tarifa em R$ 3 exigirá pelo menos R$ 210 milhões/ano em investimentos da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
No plano federal e político, porém, a redução pode ter efeito contrário. No combate à inflação, a revogação do aumento deve render um alívio de pelo menos 0,21 ponto porcentual no índice oficial de inflação, refletindo neste e no próximo mês - como a medida pode ser adotada "em cascata" por outras cidades, o alívio pode ser maior.
Para especialistas ouvidos pelo Estado, a qualidade do serviço de metrô, trem e ônibus se manterá estável com a redução do preço da tarifa. Isso, porque os protestos - que ainda mostraram o poder de reunião via redes sociais - tornaram as pessoas mais ciosas da questão e o ônus político de sua deterioração tende a ser cada vez maior.
Haddad ainda teve aval político para a redução da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu terça. /ARTUR RODRIGUES, BRUNO RIBEIRO, CAIO DO VALLE, CARLA ARAÚJO e GUSTAVO PORTO

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