MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 23 de junho de 2013

'Não somos bandidos', diz jovem que sobreviveu a atropelamento em SP


Estudante diz que sentimento sobre crime em Ribeirão Preto é de revolta.
Suspeito de atropelar e matar o estudante Marcos Delefrate está foragido.

Thaisa Figueiredo Do G1 Ribeirão e Franca

Vítima do atropelamento que deixou um jovem morto e outras 12 pessoas feridas durante os protestos em Ribeirão Preto (SP) na noite de quinta-feira (20), a estudante universitária Pabline Luana Lalucci, de 20 anos, descreve como sendo de revolta o sentimento em relação ao empresário Alexandro Ishisato Azevedo, suspeito do crime. “Não somos bandidos. Estávamos ali para protestar pelos brasileiros, por ele também”, diz Pabline em relação à declaração dada por Azevedo ao G1, quando ele se refere aos manifestantes como bandidos. O atropelador, que teve a prisão temporária decretada na noite de sexta pela Justiça de Ribeirão Preto, está foragido. Segundo o delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) Paulo Henrique Martins de Castro, equipes da polícia estão empenhadas na prisão.
O carro modelo SUV que era dirigido por Azevedo foi apreendido pela polícia na casa dele, em um condomínio de luxo, próximo ao local do crime. O veículo foi levado para o pátio da Polícia Civil de Araraquara (SP).
Pabline, que é moradora de Pontal (SP), cidade vizinha a Ribeirão Preto, conta que participou do protesto em Ribeirão Preto com mais três amigas. Uma delas é a estudante Nicole Froes, que também foi atropelada e se recupera em casa, após ficar dois dias internada em um hospital de Ribeirão.
Segundo Pabline, as amigas caminharam do Centro até o cruzamento da Rua Professor João Fiúsa com a Avenida José Adolfo Bianco Molina, na Zona Sul de Ribeirão Preto, onde o atropelamento aconteceu. Elas protestavam contra a votação da PEC 37, que retira do Ministério Público a atribuição de realizar investigações criminais.
No momento em que o carro dirigido pelo empresário Alexandro Ishisato se aproximou da multidão, Pabline diz que estava no cruzamento. Uma amiga percebeu que o ânimo do motorista estava exaltado e pediu para que as outras jovens se afastassem do veículo. “Minha amiga disse para sairmos de perto porque ficou com medo de acontecer alguma coisa. Eu fui para o canteiro central em frente ao supermercado e fiquei próxima a sarjeta. Foi nesse momento que ele acelerou e passou por cima de tudo. Eu caí e bati a cabeça, não vi mais nada. Minha amiga disse que o menino que morreu caiu por cima de mim”, conta a estudante.
 A jovem foi socorrida, levada ao pronto-socorro central e transferida para a Santa Casa de Ribeirão Preto, onde permaneceu internada até a tarde de sexta-feira. Ela sofreu um corte profundo na cabeça e levou oito pontos. O ombro, os pés, os joelhos também ficaram feridos e ela teve um deslocamento do quadril.
Na sexta-feira, o empresário suspeito do atropelamento falou ao G1 por telefone. Ele afirmou que foi cercado pelos manifestantes que começaram a agredi-lo e os classificou como bandidos. Azevedo declarou arrependimento por sua atitude. “Eu estou arrependido, não queria ter feito isso, não queria tirar a vida de ninguém. Isso não é da minha índole. Não era um monte de estudante de verdade, era um bando de bandidos. Só tinha bandidos. Eles gritavam 'eu sou bandido mesmo'. Eles davam paulada [no carro], me xingavam. Eu só queria sair dali, longe de mim querer fazer mal para alguém”, afirmou.
O estudante Marcos Delefrate, morto na quinta-feira (20) durante protesto em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)O estudante Marcos Delefrate, morto na quinta-feira
em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)
Sobre a declaração, Pabline se mostra indignada. “É revoltante saber que esse homem nos chamou de bandidos. Todos ali estavam protestando de maneira pacífica, por mudanças. Este homem, por ser empresário, deve pagar altos impostos. Estávamos ali por ele também. Ele agiu sem pensar nas consequências e queria atropelar todos. Ele deve responder na justiça, mas também deveria ir a público e pedir desculpas a sociedade. Ele tem que ser preso e servir de exemplo para que outras pessoas não façam o que ele fez”, afirma.
Pabline não chegou a conhecer o estudante Marcos Delefrate, morto no episódio, mas diz que o caso não pode ser esquecido. “Todos disseram que ele era uma pessoa muito boa e ele estava lutando por nossos direitos. Aí aparece este homem, o atropela e ainda o chama de bandido? Ele tem que ser preso.”
Pelas redes sociais, uma nova manifestação foi marcada para acontecer na terça-feira (25) em Ribeirão Preto.  A estudante, no entanto, não deve participar por causa dos ferimentos. "Estou impedida porque não tenho condições de sair, mas não vou desistir de lutar pelos nossos direitos."
Sexta-feira (21) - Manifestante carrega cartaz citando a morte do estudante Marcos Delefrate, que protestava na noite passada em Ribeirão (Foto: Érico Andrade/G1)Jovem carrega cartaz em protesto pelo luto da morte do estudante Marcos Delefrate (Foto: Érico Andrade/G1)

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