Ai-ai-ais e ui-ui-uis por Daniela Mercury, a do lesbianismo estatal e de crachá. Ou: Os poderosos “coitados” do Brasil. Ou ainda: Cristãos voltam à praça nesta quarta
Ah,
mas quanto chororô e ai-ai-ais e ui-ui-uis porque apontei aqui a
estatização do lesbianismo de Daniela Mercury, aquela que dá beijo na
boca no Fantástico, anuncia o casamento com a sua “esposa” em
rede nacional na maior emissora do país, leva 120 paus do governo da
Bahia para fazer proselitismo em favor de sua causa, defende que o
governo federal destitua congressistas de cargos conquistados segundo as
regras da democracia e, ora vejam!, depois de tudo isso, ainda exercita
o charme do oprimido. Gostos sexuais à parte — não é disso que se cuida
aqui! —, quem aí não gostaria de ser uma “oprimida” como Daniela
Mercury? Olhem a qualidade dos heróis de hoje, não é mesmo?
Todos eles dão, realmente, o sangue — dos outros — por uma causa. Dia desses, meus querido amigo Gerald Thomas gerou uma comoção em
certos conventos pagãos ao negar ao diretor Zé Celso, do Oficina, a
condição de grande vítima do teatro brasileiro. Ao contrário — e isto
digo eu: Zé Celso é o verdadeiro burguês do capital alheio da
dramaturgia. Tem tantas regalias que não precisa nem saber se a operação
dá lucro ou prejuízo… Aliás, o burguês de verdade está sempre fazendo
contas, né?, e esse não é o caso de Zé Celso, cujo modelo de civilização
nos manteria lá nas cavernas, só cuidando daquilo naquilo — desde que
ele fosse a chefe das bacantes e ficasse dirigindo a cena… Mas volto ao
ponto.
No Brasil
do coitadismo, os “coitados” se tornam categorias fixas e estanques, não
importa o poder que adquiram. Luiz Inácio Apedeuta da Silva, é
evidente!, é o grande mestre desse modo pilantra de fazer política. Já
chego lá. Essas categorias adquirem o direito de usar o charme do
“perseguido” e nunca mais abandonam o osso. E passam a exercer, então, o
discurso do rancor triunfante. Vejam o caso dos consumidores militantes
de drogas. Praticam livremente o seu vício — ou não? —, conquistaram o
direito de cometer um crime que, na prática, não tem pena (no máximo,
trabalho comunitário, o que não é aplicado por quase juiz nenhum); são
tratados pela imprensa como pensadores superiores (também ela está
eivada de pensamento superior..)… E, mesmo assim, as marchas da maconha
se dão em tom de protesto, de indignação, contra um “Outro Poderoso” que
a gente não tem a menor ideia de quem seja… Quem será? Em horas assim,
respondo: ele devem estar é hostilizando o povo, que é contra a
descriminação das drogas.
Escrevi
ontem aqui e reitero: há algo de profundamente errado e perverso num
país em que ser um “oprimido” de manual é muito mais vantajoso do que
ser um “opressor” de manual. Leio na imprensa que o MST voltou a invadir
uma das fazendas da Cutrale. Lembro-me que, no documentário
“Entreatos”, sobre os bastidores da campanha eleitoral petista de 2002 —
o filme, creio, ficou pronto em 2004 —, a adesão do dono da Cutrale à
campanha de Lula é saudada como um grande conquista. Acho que é Gilberto
Carvalho quem a anuncia. Pois bem! Depois dos índios, o maior “dono” de
terras do Brasil é o MST — alias, deve ser o maior com gestão
centralizada. O movimento manda nas áreas invadidas, nas áreas
assentadas e exerce o controle informal de boa parte do dinheiro que vai
para a agricultura familiar. Mas, saibam: João Pedro Stedile e seus
bravos rapazes e moças — que, às vezes, saem depredando propriedades por
aí — são todos vítimas! Até aquelas senhoras que vão às ruas defender a
legalização do aborto falam como…oprimidas. Contra quem? O opressor é o
feto? O que não pode correr?
Acima,
digo que Lula é uma espécie de símbolo dessa postura. Ele já era muito
poderoso quando venceu a eleição, em 2002. Seria dispensável dizer por
quê. Comandava boa parte do sindicalismo brasileiro e era, por vias
oblíquas, o manda-chuva último dos bilionários fundos de pensão, que
participaram ativamente das privatizações contra as quais o PT, para
todos os efeitos, lutava… Vocês viram o partido reverter alguma? Pois
bem: elegeu-se presidente com a retórica da vítima triunfante, que
chegou lá. Manteve esse discurso nas disputas de 2006 e 2010. O
confronto é sempre o mesmo: “nós, os pequenos, mas poderosos se unidos”,
contra “eles”, os “grandes”. Mas quem é esse “eles”? Quem é esse “outro
opressor” na fala do Apedeuta e do PT? Dilma acabou de perdoar a dívida
de algumas tiranias africanas. Ela o fez pensando nos “pequeninos” da
África? Para beneficiar os oprimidos? Parece que alguns financiadores de
campanha no Brasil sabem que não.
UMA NOTA ANTES QUE CONTINUE –
Vejam como esse PT é mesmo fabuloso. Oficialmente, o partido quer o
financiamento público de campanha, mas perdoa uma divida dos clientes de
alguns potentados brasileiros que são… grandes financiadores de
campanha!!! Entenderam a lógica? Encerro a nota e volto ao ponto.
Cristãos em Brasília
Evangélicos e, tudo indica, muitos grupos católicos pretendem fazer uma grande manifestação em Brasília nesta quarta-feira. Um dos organizadores é o pastor Silas Malafaia. À diferença do que se tornou moda no Brasil, não é um protesto de “vítimas” em busca de direitos excepcionais, mas em defesa de valores da Constituição. Há quatro palavras de ordem na convocação: em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Publiquei no dia 16 de abril um post em que o entrevisto. Reproduzo o que me disse então:
Evangélicos e, tudo indica, muitos grupos católicos pretendem fazer uma grande manifestação em Brasília nesta quarta-feira. Um dos organizadores é o pastor Silas Malafaia. À diferença do que se tornou moda no Brasil, não é um protesto de “vítimas” em busca de direitos excepcionais, mas em defesa de valores da Constituição. Há quatro palavras de ordem na convocação: em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Publiquei no dia 16 de abril um post em que o entrevisto. Reproduzo o que me disse então:
“Nós somos
contra a equiparação da união homossexual à heterossexual? Sim! Nós
somos a favor do que passaram a chamar de ‘família tradicional’, formado
por homem, mulher e filhos? Sim! Certamente, por razões óbvias, essas
questões surgirão em nossa manifestação. E temos essas opiniões porque
são matéria de convicção, de crença, e porque a Constituição nos
assegura o direito de tê-las. Mas o objeto principal do nosso encontro é
outro. Vamos nos manifestar a favor da liberdade de expressão e contra o
controle da mídia, que vem sendo reivindicado por pessoas que odeiam a
liberdade. Não aceitamos o controle da mídia nem pelo estado nem por
grupos militantes. Querem nos transformar, aos evangélicos, em
antediluvianos, em reacionários. Errado! Nós somos a modernidade
democrática. Nós é que somos por uma sociedade radicalmente democrática,
sem um estado censor e sem a censura de grupos organizados”.
Ou ainda:
“Publiquei um pronunciamento nos jornais
em setembro de 2010 me opondo ao controle da mídia. E lá deixei claro
que sou favorável à imprensa livre mesmo quando ela me agride. Enquanto
vigorar o que eu penso, jornalista jamais será punido por delito de
opinião ou correrá o risco de perder o registro profissional por pensar
isso ou aquilo. Mas tenho visto por aí muitos falsos democratas,
maléficos como os falsos profetas, falando em nome da liberdade para
poder censurar a opinião alheia. Por cima dos evangélicos, eles não
passarão”.
Encerro
Há pessoas que lidam mal com a democracia.
Acham que “liberdade” é apenas e tão-somente a liberdade daqueles que
concordam. Eu me lembro, desde o longínquo 2009, quantas foram as vezes
em que a fala de alguém como Barack Obama me incomodou profundamente.
Por quê? Porque havia a indisfarçável demonização do contraditório em
seu discurso, mas que era ignorada e até aplaudida. Apanhei que deu
gosto! Até de leitores que costumam gostar do blog. Achavam que eu
estava vendo coisas. Afinal, ele teria alcançado um lugar imune à
contestação porque seria a expressão de um humanismo incontestável. Ora,
vimos o governo deste senhor grampear jornalistas ilegalmente e
mobilizar o Fisco para intimidar adversários.
Confira a
alguém bondoso licenças que não estão previstas nos códigos legais
regulados pela democracia, e um anjo da tolerância se torna um déspota.
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