MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Testes apontam eficácia de planta no combate à asma e depressão


Há 20 anos, pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde desenvolvem um medicamento à base de uma planta muito comum no semiárido: a milona.

Beatriz Castro João Pessoa
Uma boa notícia para os pacientes com asma brota no campus da Universidade Federal da Paraíba. Há 20 anos, pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde desenvolvem um medicamento à base de uma planta muito comum no semiárido: a milona, também chamada de orelha de onça. Eles estão entusiasmados com os resultados e acreditam que a descoberta poderá revolucionar o tratamento dos doentes.
“Essa planta tem um mecanismo de ação muito interessante do ponto de vista imunológico para a terapêutica da asma e tem um mecanismo de ação diferenciado dos medicamentos já existentes no mercado", diz Maragareth Diniz, diretora do Centro de Ciências da Saúde da UFPB.
A curiosidade científica surgiu do uso popular. Os moradores do interior da Paraíba, há muitas e muitas gerações, utilizam a raiz da planta no tratamento da asma e de outras doenças respiratórias. Mas os pesquisadores descobriram que as folhas contêm os princípios ativos semelhantes. Melhor para a natureza, porque ao utilizar a raiz, os moradores acabavam matando a planta, e isso não vai ser mais necessário. Além disso, as folhas possuem outra vantagem.
São menos tóxicas do que a raiz, o que é um sinal animador para o tratamento de pacientes. Falta pouco para a milona virar remédio. Vários estudos foram realizados para comprovar a eficácia terapêutica. O extrato da planta já foi testado em animais, como determina a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O resultado foi surpreendente: os pesquisadores descobriram que a planta, além de tratar os pacientes com asma, também é eficaz no combate às úlceras gástricas.
Outra surpresa durante os testes: a milona apresentou atividade antidepressiva nos camundongos.
“Seria interessante, porque tem casos que tem pessoas que têm asma que também estão sofrendo de depressão, então seria até uma forma de utilizar o único tratamento com as duas finalidades", avalia o Reinaldo Nóbrega de Almeida, pesquisador do Centro de Ciências da Saúde.
Mas nada se compara ao poder da planta para o tratamento da asma. Os pesquisadores comprovaram que a milona tem duas poderosas ações: é anti-inflamatória e antialérgica - um alívio e tanto para os pacientes asmáticos, já que a asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas e, na maioria das vezes, é desencadeada por processos alérgicos.
"A planta diminui a produção de muco. Em um animal tratado com a planta a gente pôde ver claramente a diminuição na produção de muco", afirma Márcia Regina Piuvezam, pesquisadora do Centro de Ciências da Saúde.
Outra descoberta: o extrato de milona produziu resultados melhores do que o uso de corticóides. "Se a gente comparar, temos aqui uma melhor resposta com a planta do que com o próprio corticoide", acrescenta a pesquisadora. Isso significa que a planta foi mais eficaz do que os produtos químicos disponíveis no mercado.
Depois dos animais, os pesquisadores vão testar a milona nos pacientes com asma. Eles pretendem fabricar o remédio em forma de xarope para as crianças e em cápsulas para os adultos.
A fabricação de um medicamento a partir de uma planta medicinal pode levar vários anos e passa por uma série de etapas. Enquanto desenvolvem um produto que será vendido nas farmácias, os pesquisadores testaram um jeito mais simples de usar a milona para combater a asma: em forma de sachê, pronto para virar chá. Tomando o chá, duas vezes ao dia, os pacientes melhoraram e as crises de asma diminuíram.
Conhecedor das plantas medicinais e responsável pelo cultivo da milona nos canteiros que abastecem o centro de pesquisas, o jardineiro José Francisco dos Santos se impressionou com a milona e conhece um jeito mais simples de combater a asma.
"O correto é ferver a água, colocar em uma xícara cheinha, botar quatro folhinhas dentro e abafar. Quando tiver morno, é só entornar. É um santo remédio", conta.
Disso, nem os pesquisadores duvidam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário