MEDIÇÃO DE TERRA

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sábado, 3 de março de 2012

Filme baiano, 'Cuíca de Santo Amaro' concorre no festival 'É Tudo Verdade'


Documentário baiano conta a história de José Gomes conhecido como Cuíca.
Montagem concorre no festival "É tudo Verdade", o maior da América Latina.

Tatiana Maria Dourado Do G1 BA

cuíca de santo amaro: bahia (Foto: Divulgação)Filme será apresentado pela primeira vez no
Festival "é tudo verdade". (Foto: Divulgação)
O documentário ‘Cuíca de Santo Amaro – Ele, o Tal’ é um dentre os sete principais concorrentes do ‘É Tudo Verdade’, maior festival dedicado à cultura do gênero na América Latina, que acontece entre 22 de março e 1° de abril em São Paulo.

O filme é fruto de seis anos de pesquisa do jornalista Josias Pires e do historiador Joel Almeida, cineastas baianos e admiradores de José Gomes o tal de ‘cuíca de Santo Amaro’, personagem-inspiração da história.

A primeira exibição de 'Cuíca de Santo Amaro - Ele, o Tal' será no 'É Tudo Verdade'. "É muito gratificante passar por essa peneira, mostra que a gente conseguiu comunicar. Quando estamos imersos na produção não sabemos como o filme será recebido. Mas ter entrado no festival já é importante e causa curiosidade", aponta Josias Pires. A produção negocia com distribuidoras para que o documentário possa entrar em cartaz nos circuitos de cinema.
O "Cuíca"
Morador do bairro Baixa de Quintas, em Salvador, no começo do século 20, e frequentador assíduo das cidades do Recôncavo, reza a lenda que José Gomes se autonomeou o ‘Cuíca de Santo Amaro’ depois que uma senhora santoamarense, que já havia perdido um filho, resolveu adotá-lo, pelo menos nos fins de semanas. “Ele circulava muito pelo recôncavo e pelo interior da Bahia. Santo Amaro da Purificação era uma cidade muito relevante e era o local do samba, da vadiação. Todo fim de semana ele ia para Santo Amaro. E o ‘cuíca’ é porque ele tirava o som da cuíca no violão”, explica o documentarista Josias Pires.

Ele é aquilo que todo romancista queria ter criado. Personagem de mil faces, de características contraditórias. É o herói e anti-herói. Um poeta livre, das margens, popular. Era o Gregório de Matos sem gramática"
Josias Pires
A história de Cuíca é reconstruída, no filme, através da memória de pessoas que com ele conviveram e de pesquisadores que o tem como objeto de estudo. A narrativa está  baseada em seu comportamento performático, que era parte do cenário das ruas de Salvador naquele tempo, mas também no valor poético da arte de cordel que ele produzia.
“Cuíca era um sujeito muito visível. Qualquer pessoa que circulasse pela cidade tinha notícias dele, porque ele gritava poesias, livrinhos, anúncios na rua. Não se encontra ninguém que viveu aqui nos anos 1940 e 1950 e que nunca tenha visto Cuíca atuar. E a obra dele ficou muito rara, mas conseguimos reunir mais de 300 livrinhos de pesquisadores e pessoas que compraram em Salvador, Feira de Santana, Rio de Janeiro, São Paulo e Estados Unidos”, conta Josias.
Nas memórias coletadas, conta o diretor, fica também aparente o papel de 'jornalista extorquista' do poeta e comunicador de rua. Em suas crônicas de cordel, era sempre assunto a boataria dos escândalos, alvo de curiosidade dos moradores e de preocupações dos protagonistas reais daquelas tramas.
"Eram escândalos, segredos de alcovas,  traições amorosas. Tratava de muitos temas complicados, que incomodam, e que até hoje pessoas que têm amigos que sofreram com isso não querem falar. Trazia essas temáticas que se vê hoje no mundo cão da televisão, casos policiais, mães que estrangularam filha. Mas ele usava essas casos escandalosos para vender", afirma.
cordéis de cuíca de santo amaro (Foto: Divulgação)"Em seus cordéis, Cuíca gostava de contar histórias de traições amorosas, escândalos", diz documentarista. (Foto: Divulgação)
“Ele é aquilo que todo romancista queria ter criado. Personagem de mil faces, de características contraditórias. É o herói e anti-herói. Um poeta livre, das margens, popular. Era o Gregório de Matos sem gramática. O maior comunicador que Bahia já teve. Era nato, em estado bruto”, descreve o documentarista em conversa neste sábado (3). "Ele era baixinho, moreno, boca meio torta, olho meio cego, usava óculos e vestia paletó velho, todo encardido", recorda.

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