Loja na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, não possui rampa especial.
'Me senti excluída', diz mulher de 60 anos que viveu situação nesta terça.
O impedimento foi causado por um gradil de ferro horizontal instalado no asfalto nas duas entradas do supermercado com o objetivo de evitar a saída de carrinhos de compras com clientes. O equipamento funciona como uma espécie de lombada. É através deles que devem passar os carros e os pedestres. Dona Aureonalda precisou ser carregada por homens que aguardavam ônibus em um ponto em frente à loja e se solidarizaram com a situação.
Acometida por uma poliomielite paralítica, que afetou o movimento das duas pernas, a programadora de informática diz que não se acostuma com os constrangimentos pelos quais é obrigada a passar no cotidiano de Salvador.
Dona Aureonalda foi carregada por moradores
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
"Há três meses, tinha passado por isso, mas voltei hoje sem lembrar. Daquela vez, um dos funcionários me disse para procurar um supermercado mais próximo à minha casa. Hoje, a população, que estava no ponto de ônibus, viu a situação e quatro homens se juntaram para me carregar. Mas essa não é a situação ideal porque minha cadeira pode empenar", afirma a programadora de 60 anos, cuja cadeira é motorizada e pesa 53kg.(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
Segundo o relato, ela foi procurada por dois funcionários já depois de ter entrado na loja, mas que a sensação de "exclusão" permanece.
"Tenho o direito de ir e vir. Eu procuro o supermercado porque preciso comprar algo. É falta de respeito, de cidadania, não pode ser dessa maneira. Isso é exclusão, a não ser que eles pensem que o cadeirante hoje tem asa, porque ali só voando", comenta.
Edmundo Oliveira, 34 anos, que é promotor de vendas, viu o esforço de três rapazes e os ajudou a carregar a mulher, cuja cadeira de rodas motorizada, segundo ela, pesa 53kg. "É um descaso total com o cidadão, com o cliente. Não tem acesso para cadeirante ou pedestre e até os carros correm risco de furar o pneu", relata.
A gerente da loja diz que não tem autonomia para se pronunciar sobre o incidente. Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa informa que o setor de projetos da empresa define uma solução para "facilitar o acesso desses clientes".
Direito ao acessoA acessibilidade é garantida através da lei federal 10.098, promulgada em 19 de dezembro de 2000, pela Casa Civil da Presidência da República. A política de inclusão social é obrigatória nos espaços, mobiliários e edifícios públicos, voltado tanto para as pessoas com deficiencia física quanto para aquelas com mobilidade reduzida, a exemplo dos idosos. Os locais privados devem oferecer "requisitos mínimos" de acessibilidade, de acordo com a lei.
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