MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 13 de março de 2012

Cadeirante esbarra em obstáculo e é carregada para acessar supermercado


Loja na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, não possui rampa especial.
'Me senti excluída', diz mulher de 60 anos que viveu situação nesta terça.

Tatiana Maria Dourado Do G1 BA

Com deficiência física há 14 anos e dependente de uma cadeira de rodas, dona Aureonalda Lisboa, 60 anos, precisou esperar quase meia hora na rua do lado de fora de um supermercado para ter acesso ao estabelecimento na Avenida Vasco da Gama, em Salvador.
O impedimento foi causado por um gradil de ferro horizontal instalado no asfalto nas duas entradas do supermercado com o objetivo de evitar a saída de carrinhos de compras com clientes. O equipamento funciona como uma espécie de lombada. É através deles que devem passar os carros e os pedestres. Dona Aureonalda precisou ser carregada por homens que aguardavam ônibus em um ponto em frente à loja e se solidarizaram com a situação.
Acometida por uma poliomielite paralítica, que afetou o movimento das duas pernas, a programadora de informática diz que não se acostuma com os constrangimentos pelos quais é obrigada a passar no cotidiano de Salvador.
Cadeirante esbarra em obstáculo e é carregada para acessar supermercado (Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)Dona Aureonalda foi carregada por moradores
(Foto: Tatiana Maria Dourado/G1)
"Há três meses, tinha passado por isso, mas voltei hoje sem lembrar. Daquela vez, um dos funcionários me disse para procurar um supermercado mais próximo à minha casa. Hoje, a população, que estava no ponto de ônibus, viu a situação e quatro homens se juntaram para me carregar. Mas essa não é a situação ideal porque minha cadeira pode empenar", afirma a programadora de 60 anos, cuja cadeira é motorizada e pesa 53kg.
Segundo o relato, ela foi procurada por dois funcionários já depois de ter entrado na loja, mas que a sensação de "exclusão" permanece.
"Tenho o direito de ir e vir. Eu procuro o supermercado porque preciso comprar algo. É falta de respeito, de cidadania, não pode ser dessa maneira. Isso é exclusão, a não ser que eles pensem que o cadeirante hoje tem asa, porque ali só voando", comenta.
Edmundo Oliveira, 34 anos, que é promotor de vendas, viu o esforço de três rapazes e os ajudou a carregar a mulher, cuja cadeira de rodas motorizada, segundo ela, pesa 53kg. "É um descaso total com o cidadão, com o cliente. Não tem acesso para cadeirante ou pedestre e até os carros correm risco de furar o pneu", relata.

A gerente da loja diz que não tem autonomia para se pronunciar sobre o incidente. Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa informa que o setor de projetos da empresa define uma solução para "facilitar o acesso desses clientes".
Direito ao acessoA acessibilidade é garantida através da lei federal 10.098, promulgada em 19 de dezembro de 2000, pela Casa Civil da Presidência da República. A política de inclusão social é obrigatória nos espaços, mobiliários e edifícios públicos, voltado tanto para as pessoas com deficiencia física quanto para aquelas com mobilidade reduzida, a exemplo dos idosos. Os locais privados devem oferecer "requisitos mínimos" de acessibilidade, de acordo com a lei.

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