Parentes afirmam que bebê caiu no chão da Maternidade Ana Braga.
Antes do parto, médico teria constatado morte, mas não avisou a mãe.
Bebê foi velado na casa de parentes, no bairro São José, Zona Leste de Manaus (Foto: Carlos Eduardo Matos/G1 AM)
A Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam) abriu inquérito administrativo, nesta quarta-feira (15), para investigar o atendimento médico feito a uma mulher de 37 anos, que fez um parto em cima de uma cadeira de rodas no corredor da Maternidade Ana Braga, na Zona Leste de Manaus. A criança morreu. O fato ocorreu na manhã desta terça-feira (14) e chegou a público após denúncia de negligência médica feita por familiares da paciente.De acordo com a família, a criança caiu no chão após a mãe dar à luz. Segundo eles, a criança já estava morta quando ocorreu a queda, mas a mãe, que tem outros sete filhos, não sabia que a filha estava sem vida.
O tio da criança, Marcos dos Santos, de 29 anos, contou que a irmã estava no fim da gestação e sentiu fortes dores, por isso foi à Maternidade Ana Braga. A paciente foi atendida por um ginecologista, cooperado do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), que informou que ainda havia dois centímetros de dilatação da placenta e que não estava na hora do parto. Em seguida, o médico teria dado encaminhamento à Maternidade Chapost Prevost, no bairro Colônia Antônio Aleixo. Neste local, eles ficaram sabendo sobre o óbito. "O médico disse que a criança estava morta e que deveria voltar à maternidade Ana Braga para terminar o procedimento", afirmou Marcos.
Segundo ele, assim que voltaram à Maternidade Ana Braga, a irmã foi colocada em uma cadeira de rodas, porque não havia leito disponível. "Quando ela chorava com dores, vimos que a criança já estava com a cabeça para fora, então gritamos por socorro. Os enfermeiros demoraram a nos ajudar. O bebê foi expelido do corpo da mãe e acabou caindo no chão, se batendo no ferro da cadeira de rodas. Foi um absurdo", afirmou.
Marcos destacou que o parto ocorreu por volta de 8h e que a criança foi levada ao necrotério às 10h, e às 20h o corpo foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML). "Acreditamos que houve uma sucessão de erros que resultaram em muito sofrimento à minha irmã. Não sabemos há quanto tempo a criança estava morta no ventre dela", afirmou.
Segundo diretores de maternidade, inquérito irá
apurar o caso (Foto: Carlos Eduardo Matos/G1 AM)
'Interrogação'apurar o caso (Foto: Carlos Eduardo Matos/G1 AM)
O diretor técnico da Maternidade Ana Braga, pediatra Antônio Medeiros, confirmou que não havia leitos, por isso, a paciente foi colocada na cadeira de rodas. No entanto, alegou que colocar a paciente em cadeira de rodas é procedimento de praxe. Segundo ele, no prontuário, o médico que a atendeu colocou um ponto de interrogação no item que identifica os batimentos cardíacos do feto. "Não sabemos ainda o motivo de ele não ter informado à mãe que a criança estava morta", disse. "Ainda não tivemos a oportunidade de conversar com ele".
Medeiros explicou ainda que quando há dois centímetros de dilatação da placenta, o trabalho de parto pode ocorrer imediatamente ou durante várias horas, por isso o médico encaminhou a mulher à Maternidade Chapost Prevost. "Esta maternidade atende a casos urgentes, por isso ele a encaminhou a outra unidade", justificou.
A diretora geral da maternidade, Cleomirtes Sales, negou que a criança tenha caído no chão, como denunciaram os familiares. "Ela estava sendo amparada por enfermeiros e técnicos", ressaltou. Segundo ela, não há data prevista para o inquérito administrativo ser concluído. A mãe segue internada na maternidade.
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