MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

'Estão tensos, mas ninguém vai se entregar', diz esposa de PM da BA


Acampados na Alba, grevistas cantam hino da PM e escutam Edson Gomes.
Familiares continuam na Assembleia em apoio aos grevistas.

Egi Santana e Tatiana Maria Dourado Do G1 BA

mae de grevista; pms bahia; greve na bahia (Foto: Egi Santana/G1) 'É difícil saber que seu filho está sendo cercado por homens armados', diz mãe de PM (Foto: Egi Santana/G1)
Ao som hino da Polícia Militar, cerca de 300 soldados grevistas se reúnem periodicamente na rampa da Assembleia Legislativa, em Salvador, onde cantam e fazem sinal de continência. Alguns carregam a bandeira da Bahia; outros, a do Brasil. Do carro de som, também saem canções do regueiro baiano Edson Gomes, famoso por letras de resistência, e orientações emitidas por porta-vozes do movimento, entre eles, o coordenador Marco Prisco. “É para dar força”, diz sobre as músicas Silvânia Nascimento, de 36 anos, esposa há 12 de um soldado da PM e que dorme na Assembleia desde o início do movimento, na última terça-feira (31).
Silvânia diz que saiu do prédio da Assembleia às 5h desta segunda-feira (6) para trabalhar e não pôde retornar devido ao bloqueio dos acessos ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde está situado o local, realizado pela Polícia do Exército. “Fiquei lá todos os dias. Falei com ele [marido] há 20 minutos e estão todos muito tensos, mas ninguém vai se entregar. É direito deles, não estão pedindo nada demais. Eles escolheram a profissão porque gostam, mas é super arriscada”, diz a esposa, que tem com o marido dois filhos.
Greve PM-BA (Foto: Editoria de Arte/G1)
Mãe de PM
O filho de dona Adaci, hoje um soldado da PM com 32 anos, faz faculdade de enfermagem e, segundo a mãe, trabalha em três setores da polícia para tentar manter a casa e um filho de 11 anos.
“Eles, que estão aí tratando nosso filhos como marginais, não sabem que por trás dessas pessoas têm pais de famílias, pessoas que trabalham, se arriscam, e ainda acham um tempo para fazer um curso superior, como é o caso do meu filho, que estuda o sétimo semestre do curso de enfermagem”, completa.
Sobre a rotina do filho no movimento grevista, Adaci conta que fala com o soldado muitas vezes por dia, e que ele tenta tranquilizá-la de que está tudo bem.
“A gente sempre se fala, ele diz que está bem e se alimentando. Mas uma mãe sabe o quanto é difícil saber que seu filho, concursado, funcionário público, está sendo cercado por exército, por outros homens armados, tratado como um marginal”, lamenta a mãe.
Merlen, esposa de soldado da Polícia Militar (Foto: Tatiana Dourado/G1BA)Merlen, esposa de soldado da Polícia Militar
(Foto: Tatiana Dourado/G1BA)
Falta ao trabalho
Casada há nove anos também com um soldado, Merlen Solimões, de 29 anos, que é técnica de enfermagem, diz que não vai ao trabalho desde que o movimento foi iniciado.
"É capaz de eu ser demitida, mas tenho que apoiá-los. No primeiro dia dormi no chão gelado. Estou aqui por melhoria de vida para meu marido. Cansei de vê-lo trabalhando com viaturas sucateadas, com pistolas antigas, enquanto os bandidos estão com fuzil. Ele já me ligou em um tiroteio. Não aguento mais", afirma.
Silvânia e Merlen são duas entre algumas dezenas de esposas que puderam ser vistas pela área da Assembleia Legislativa nesses dias de greve. Além delas, havia muitas crianças, que estão sendo retiradas do local nesse início do confronto. Uma mulher grávida chegou a passar mal e foi socorrida por uma ambulância.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) fechou os acessos do CAB, tanto da Avenida Paralela quanto pelo bairro Cabula, desde a manhã desta segunda. Segundo o órgão, eles não podem mais receber alimentos e bebidas. No espaço em que acampam, podem ser visto estoques de mantimentos, principalmente de água.
Um dos manifestantes e sindicalista, Alberto Neves, diz que um dos soldados está ferido desde o confronto, mas não foi permitida a entrada de medicamentos para realização do curativo. Segundo ele, a única pessoa que os conseguiu sair do local foi a grávida que se sentiu mal.
Conflito
Desde o início desta segunda, cerca de 600 homens do Exército, além de 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT)  isolam a área na tentativa de garantir a livre circulação e o funcionamento do Centro Administrativo da Bahia (CAB). O isolamento da área também visa facilitar o cumprimento pela Polícia Federal de 11 mandados de prisão contra integrantes do movimento grevista.
Mais cedo, a presença dos manifestantes no local gerou conflito com os homens que fazem o policiamento na região. Tiros de borracha chegaram a ser disparados contra o grupo, que avançou na direção dos soldados. Os manifestantes passaram a se posicionar em frente ao jardim da Assembleia e a cantar em protesto contra o policiamento.
Dirigente da associação de PMs é presoUm soldado da PM e dirigente da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia (Aspra) foi preso na madrugada de domingo (5), segundo o governo do estado, e encaminhado à sede da Polícia do Exército, na Avenida Paralela, em Salvador.

O PM é lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental (COPPA). Segundo o governo, ele é suspeito de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público, referente à retenção das viaturas. A prisão dele é a primeira cumprida dos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça da Bahia contra integrantes do movimento grevista.

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