MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

'Está tudo muito sujo na Assembleia', diz mãe de PMs em greve na BA


Dona Maria José tem dois filhos que participam da paralisação.
Parte da Polícia Militar está em greve desde o dia 31 de janeiro.

Do G1 BA

A nutricionista Maria José Santos, de 65 anos, tem dois filhos policiais militares na Bahia, um que é sargento aos 32 anos e uma que é soldado aos 28 anos. Eles estão entre os manifestantes dentro da Assembleia Legislativa do Estado, ocupada por PMs que decretaram greve desde o dia 31 de janeiro. Na manhã desta terça-feira (7), ela conseguiu levar mantimentos e remédios para os filhos, que solicitaram o material por telefone. "Desde domingo não conseguia levar nada para eles. Hoje eu já vi minha filha duas vezes, agora mesmo ela ligou. Cheguei na barreira e um soldado pegou o saco com o material e entregou a ela", disse.
Greve de PM na Bahia (Foto: Egi Santana/G1)Familiares de PMs improvisam acampamento do
lado de fora da Assembleia (Foto: Egi Santana/G1)
Ela afirma que a filha fez aniversário no dia em que a greve começou. Desde a segunda-feira (6), quando houve confronto entre os policiais militares e os homens do Exército, ela decidiu ficar o dia inteiro no local da manifestação. “Ontem eu estava muito tensa, quis ficar mais perto dos meus filhos. Todo dia a gente fica em estado de tensão por causa da profissão deles. Hoje eu estou sentindo que as negociações estão avançando. Antes a gente sentia que eles [o Exército] iam invadir a Assembleia, mas hoje a gente sabe que isso não vai acontecer, tranquilizou a gente e eles [os policiais manifestantes] também”, afirma.
Maria José lembra da paixão do filho, que está na PM há oito anos, pela profissão. “Ele estudou no Colégio da Polícia Militar e sempre foi apaixonado pela polícia. Já falei várias vezes para ele sair, mas ele não me ouve. Acho que ele influenciou um pouco a entrada da irmã na PM, ela está há quatro anos na profissão”, completa.
A nutricionista revela, com base no relato dos filhos, como tem sido a rotina de acampamento dentro da Assembleia Legislativa. “Eles disseram que está tudo muito sujo lá, já levaram vassouras, remédio, feijão... Eles querem fazer um feijão coletivo lá dentro. Até domingo eles ainda estavam saindo, pegando material em casa, mas depois ficou um pouco difícil até para tomar banho. Eles estão se revezando... Eu espero que a greve acabe hoje”, diz.
Entrega de alimentos
Militares que atuam no cerco à Assembleia Legislativa autorizaram a entrada de alimentos e material de higiene no local na manhã desta terça-feira. A liberação por parte da Comissão de Negociação ocorreu "para atender às necessidades de quatro crianças que estão dentro do prédio", segundo um comunicado divulgado pela Secretaria de Comunicação do Estado.
Segundo o tenente-coronel Márcio Cunha, chefe de comunicação do Exército, foi feito o pedido de liberação em nome das quatro crianças, mas ele alegou não saber se há apenas quatro crianças no local, ou se o número é maior. Ele também alegou não ter detalhes a respeito do material que foi entregue aos grevistas.
"Houve um avanço nas negociações com os manifestantes. Os mantimentos estão sendo entregues sem revista como um voto de confiança aos grevistas, que mantêm um clima de tranquilidade desde a madrugada desta terça-feira. O material está sendo jogado para a área onde eles estão e também estão sendo entregues por familiares e militares que estão do lado de fora", afirmou.
Crianças começam a deixar sede da Assembleia ocupada por PMs na BA (Foto: Vaner Casaes/Agência A Tarde/AE )Crianças deixaram a Assembleia na noite de
segunda (Foto: Vaner Casaes/Agência A Tarde/AE )
Desde as 21 horas de segunda-feira (6), nove adultos e sete crianças deixaram espontaneamente a Assembleia Legislativa, segundo Cunha. "Elas pediram pra sair, nós
verificamos a situação de cada um, se havia pendências com a Justiça, e como não havia mandados, nem nada desse tipo, liberamos", disse, em comunicado. Doze mandados de prisão foram expedidos pela Justiça da Bahia contra policiais miliatares considerados líderes do movimento. Um deles foi preso.
O chefe de comunicação do Exército informou ao G1 que a madrugada desta terça-feira foi tranquila na Assembleia Legislativa. Segundo ele, não houve confrontos. Nesta manhã, o que se viu também foi um ambiente sem muitas movimentações, apenas troca de turno dos policiais que estão no local. "Estamos aqui para criar condições favoráveis ao fim da greve", disse.
As vias de acesso ao Centro Administrativo da Bahia, onde funciona a Assembleia, foram liberadas para funcionários dos órgãos públicos que têm sede no local. A entrada deles havia sido bloqueada por conta do risco à segurança em decorrência de confrontos armados entre manifestantes e tropas especiais que patrulham a área.
A segurança em torno da Assembleia Legislativa conta com 150 homens do Exército, 220 policiais militares que não aderiram à greve e 20 homens da Força Nacional. Na manhã desta terça-feira, diversas viaturas de grupos especializados da PM chegaram ao local para dar reforço às equipes. Não há informações oficiais, segundo o Exército, sobre o número de policiais militares grevistas que mantêm a ocupação no órgão público.

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