MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 26 de março de 2012

Em Goiás, reportagem flagra venda de antibióticos sem receita médica


Em Anápolis, o próprio atendente indicou o remédio e informou a dosagem.
Conselho de Farmácia afirmou que controle informatizado será implantado.

Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera

Com uma câmera escondida, a equipe de reportagem da TV Anhanguera flagrou várias farmácias vendendo antibióticos sem a receita médica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lista 119 medicamentos usados para tratar infecções e todos só podem ser vendidos com a retenção de uma das vias da receita. Mas na capital e no interior do estado, alguns estabelecimentos não estão cumprindo a lei.
Em Goiânia, os produtores da TV Anhanguera procuraram dez farmácias. A maioria exigiu a receita médica para vender o antibiótico, mas duas se prontificaram a vender. Em uma delas, a atendente fica em dúvida sobre qual dosagem indicar.
“Quinhentos ou 25 miligramas”, pergunta ao cliente, que indaga se tem alguma diferença.
“Deixa eu verificar aqui”, responde a atendente. Na dúvida, pergunta ao farmacêutico: “Criança de 5 anos pode de 500?”
Em Catalão, uma atendente de farmácia, que não quis se identificar, explica como funciona o esquema para tapear a fiscalização. “Os médicos indicam a medicação, o cliente vai até a farmácia compra o remédio e acha que a receita vai ficar retida como medicamento controlado, só que é batido apenas um carimbo da vigilância, que atrás o funcionário coloca o CRM do médico e é arquivado na farmácia. Se por ventura, algum momento a fiscalização vir, vão ter as receitas lá, mas para passar para vigilância, não tem o programa ainda”, explica.
Em Anápolis, o produtor chega à drogaria e pede um remédio para a filha que está com dor de garganta. O próprio atendente indica o antibiótico: “Esse aqui é o antiinflamatório e esse é o antibiótico. Ela vai tomar um comprimido de 12 em 12 horas e outro de 8 em 8 horas. No final, o farmacêutico oferece a medicação sem o receituário médico: “Agora tá precisando de receita, mas eu vou arrumar um aqui para você”, diz.
Controle
O médico Gilvan Neiva Fonseca reprova a atitude das farmácias e afirma que vender antibiótico sem receita pode comprometer a saúde dos pacientes: “Parece um verdadeiro balcão de negócios. Isso é grave e passa por uma série de controles do Conselho de Medicina, de profissionalismo médico, de capacitação médica e das Agências Reguladoras estaduais e federais. Além disso, tomar o remédio sem orientação pode induzir a alterações no organismo, resistências bacterianas, efeitos colaterais, infecções generalizadas e até risco de óbito”.
O secretário municipal de saúde de Catalão, Anuar Safatle, informou que a vigilância sanitária fiscaliza a retenção das receitas nas farmácias e também a venda dos medicamentos controlados. O secretário explicou ainda que a vigilância não recolhe as receitas, faz somente a conferência. Ele não soube dizer com que frequência a fiscalização é realizada nas farmácias.
A presidente do Conselho Regional de Farmácia, Ernestina Rocha, afirma que a fiscalização existe e que os farmacêuticos sabem da responsabilidade: “Eles sabem da legislação porque o conselho tem feito o trabalho de divulgação. O problema é que ainda vamos ter o controle informatizado nas drogarias, mas somente a partir de setembro que vamos ter os primeiros testes, e em janeiro do ano que vem é que vamos ter o controle efetivo destes medicamentos. Então, vai facilitar o trabalho do fiscal, que vai chegar na farmácia e vai ter como verificar o estoque”.

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