ONG de pesquisadores usa técnicas inovadoras para monitorar animais.
Estudos buscam entender padrão de distribuição das espécies no estado.
Toninha (acima à esq.) pode ser extinta; carcaças são marcadas com tinta spray (Foto: Reprodução/RBS TV)
Um grupo de biólogos e estudantes percorre há 20 anos o Litoral Norte
do Rio Grande do Sul para avaliar espécies marinhas ameaças de extinção.
Apenas na última semana, foram percorridos 180 quilômetros, entre a
praia de Tramandaí e a Lagoa do Peixe, no município de Tavares, como mostra a reportagem do Nossa Terra (veja o vídeo abaixo).Ligados à ONG Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do RS (Gemars), os pesquisadores utilizam técnicas inovadoras para monitorar os animais que são encontrados mortos à beira da praia e, assim, qualificar os resultados dos testes. A marcação com tinta é uma dessas práticas.
O Gemars foi criado há duas décadas pelos então estudantes Maurício Tavares, Daniel Schiavon e Ignácio Moreno. Atualmente, a equipe que percorre as praias gaúchas é formada por biólogos da entidade e também estudantes e funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Ilhéus, na Bahia. “Percorremos áreas onde nunca ninguém antes tinha ido coletando mamíferos marinhos. Então logo cedo começamos a descobrir espécies novas, ainda não registradas no Brasil”, conta Ignácio.
Tartarugas também estão ameaçadas no Litoral
(Foto: Marcos Pereira/RBS TV)
Segundo a ONG os animais mortos recolhidos para avaliação, e
posteriormente devolvidos ao meio ambiente, vêm ao litoral gaúcho em
busca de comida. “Essa área é uma fonte de alimentos para várias
espécies nos primeiros anos de vida”, diz Maurício. Mesmo assim, esses
mamíferos não resistem às doenças. As principais vítimas são os Pinguins
de Magalhães, provenientes da Argentina. Os mais jovens costumam se
perder do grupo, especialmente no inverno, e adoecem.(Foto: Marcos Pereira/RBS TV)
Outra causa de mortes é a ação do homem na natureza. As tartarugas são vítimas constantes do lixo jogado na água. Muitas não resistem ao excesso de plástico acumulado no estômago. A pesca irregular á outro problema. Golfinhos e baleias de pequeno porte, mamíferos que precisam subir à superfície para respirar, acabam enredados em redes. O albatroz, por exemplo, pode ser vítima da pesca com espinhel ao tentar comer a lula usada como isca nessa prática.
Conforme os biólogos, o animal que corre maior risco de extinção é a toninha, um tipo de golfinho tímido de cor amarelada que só existe abaixo do litoral do Espírito Santo. Em apenas 50 quilômetros percorridos no litoral do RS foram encontrados 15 animais mortos. O trabalho de conscientização a preservação da espécie é uma das prioridades do Gemars, que luta pela maior fiscalização na indústria pesqueira e pela certificação em produtos que preservam o meio ambiente.
“Esperamos que com esse material coletado das espécies mortas consigamos descobrir informações que vão ajudar a conservar as que estão vivas. Assim, meus filhos e até meus netos vão poder conhecer um dia esses animais” projeta Maurício.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário