MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Biólogos monitoram espécies ameaçadas no Litoral Norte do RS


ONG de pesquisadores usa técnicas inovadoras para monitorar animais.
Estudos buscam entender padrão de distribuição das espécies no estado.

Do G1 RS

Montagem reportagem Nossa Terra (Foto: Reprodução/RBS TV)Toninha (acima à esq.) pode ser extinta; carcaças são marcadas com tinta spray (Foto: Reprodução/RBS TV)
Um grupo de biólogos e estudantes percorre há 20 anos o Litoral Norte do Rio Grande do Sul para avaliar espécies marinhas ameaças de extinção. Apenas na última semana, foram percorridos 180 quilômetros, entre a praia de Tramandaí e a Lagoa do Peixe, no município de Tavares, como mostra a reportagem do Nossa Terra (veja o vídeo abaixo).
Ligados à ONG Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do RS (Gemars), os pesquisadores utilizam técnicas inovadoras para monitorar os animais que são encontrados mortos à beira da praia e, assim, qualificar os resultados dos testes. A marcação com tinta é uma dessas práticas.
A técnica é simples e eficaz - consiste em assinalar as espécies achadas mortas com cores diferentes em spray a cada expedição, para que a contagem não se repita e seja possível monitorar cada exemplar. “Por exemplo, uma tartaruga que marcamos há 15 dias será marcada com outras cores cada vez que a encontrarmos de novo. Pela coloração saberemos há quanto tempo ocorreram essas marcações e isso vai nos dizer o período que essa carcaça levou para se decompor”, explica o biólogo Maurício Tavares, do Gemars. “Ao longo dos anos, vamos montar um quebra-cabeça para entender melhor o padrão de distribuição”.
O Gemars foi criado há duas décadas pelos então estudantes Maurício Tavares, Daniel Schiavon e Ignácio Moreno. Atualmente, a equipe que percorre as praias gaúchas é formada por biólogos da entidade e também estudantes e funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Ilhéus, na Bahia. “Percorremos áreas onde nunca ninguém antes tinha ido coletando mamíferos marinhos. Então logo cedo começamos a descobrir espécies novas, ainda não registradas no Brasil”, conta Ignácio.
Tartarugas no Litoral Norte gaúcho. Projeto Nossa Terra (Foto: Marcos Pereira/RBS TV)Tartarugas também estão ameaçadas no Litoral
(Foto: Marcos Pereira/RBS TV)
Segundo a ONG os animais mortos recolhidos para avaliação, e posteriormente devolvidos ao meio ambiente, vêm ao litoral gaúcho em busca de comida. “Essa área é uma fonte de alimentos para várias espécies nos primeiros anos de vida”, diz Maurício. Mesmo assim, esses mamíferos não resistem às doenças. As principais vítimas são os Pinguins de Magalhães, provenientes da Argentina. Os mais jovens costumam se perder do grupo, especialmente no inverno, e adoecem.
Outra causa de mortes é a ação do homem na natureza. As tartarugas são vítimas constantes do lixo jogado na água. Muitas não resistem ao excesso de plástico acumulado no estômago. A pesca irregular á outro problema. Golfinhos e baleias de pequeno porte, mamíferos que precisam subir à superfície para respirar, acabam enredados em redes. O albatroz, por exemplo, pode ser vítima da pesca com espinhel ao tentar comer a lula usada como isca nessa prática.
Pequenos cuidados na atividade pesqueira estão sendo aos pouco introduzidos e já mostram bons resultados. “Vai desde pintar a isca de azul para disfarçar na água, soltar a linha de noite pra evitar que o albatroz a veja ou usar o toriline, uma estrutura com linhas puxadas atrás do barco como se fosse um espantalho para evitar que o bicho não chegue perto”, relata Maurício.
Conforme os biólogos, o animal que corre maior risco de extinção é a toninha, um tipo de golfinho tímido de cor amarelada que só existe abaixo do litoral do Espírito Santo. Em apenas 50 quilômetros percorridos no litoral do RS foram encontrados 15 animais mortos. O trabalho de conscientização a preservação da espécie é uma das prioridades do Gemars, que luta pela maior fiscalização na indústria pesqueira e pela certificação em produtos que preservam o meio ambiente.
“Esperamos que com esse material coletado das espécies mortas consigamos descobrir informações que vão ajudar a conservar as que estão vivas. Assim, meus filhos e até meus netos vão poder conhecer um dia esses animais” projeta Maurício.
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