MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Polícia dá 4 dias para vila erguida em área indígena de MT ser desocupada


Comunidade de Posto da Mata deverá ser desocupada até 4 de janeiro.
Após disputa que durou décadas, Justiça reconheceu terra como dos índios.

Dhiego Maia Do G1 MT

A desocupação do vilarejo de Posto da Mata, último reduto de resistência dos não índios contrários à saída da Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, tem data marcada para acontecer. Ocupado por pelo menos 50 agentes da Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e Rodoviária desde este último domingo (30), o lugar terá que ser desocupado definitivamente até o dia 4 de janeiro.
Oficiais de Justiça acompanhados por policiais estão passando de casa em casa para alertar os moradores sobre o prazo de saída. Segundo a Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú, a imagem que impera nesta segunda-feira (31) é a movimentação de caminhões de frete com a mudança dos últimos moradores. Muitos deles também estão desmontando as casas levando consigo partes de telhas, madeiras, tijolos para reconstruir a nova moradia nos municípios vizinhos à comunidade.
O Posto de combustíveis que antes concentrava as lideranças dos produtores rurais foi tomado pelos agentes de segurança. No local, eles formaram uma espécie de 'Quartel General'. Na madrugada deste domingo, quando chegaram ao vilarejo, os agentes identificaram e prenderam cinco pessoas envolvidas no incêndio do caminhão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na última sexta-feira (28) que carregava sete toneladas de alimentos para os índios da região.
Por telefone, o secretário de Articulação Social da Presidência da República, em Brasília, Paulo Maldos, informou ao G1 que o motorista e mais um rapaz da Funasa foram rendidos por um grupo de 20 homens armados. “Eles renderam o motorista e mais um acompanhante e levaram os dois para um hotel. Lá, eles fizeram tortura psicológica e ameaças de morte”, afirmou.
Funai diz que após queimar veículo, moradores roubaram alimentos dos índios (Foto: Rogério Freitas)Após queimar veículo da Funasa, moradores roubaram alimentos dos índios, disse Funai (Foto: Rogério Freitas)
Os alimentos foram saqueados pelos moradores que alegaram estar 'passando fome' na localidade em decorrência da escassez de alimentos. O G1 apurou que as cestas básicas já foram apreendidas pela polícia. Um dos detidos, o gerente do posto de combustíveis do local, teve que pagar fiança de R$ 6,2 mil para ser liberado.
Os moradores relataram que a chegada dos agentes no local causou pânico e desespero. Muitos deles disseram que os homens da Força Nacional de Segurança utilizaram bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. “Saí para conversar com uma vizinha para ver o que estava acontecendo e eles soltaram umas três bombas perto de nós", disse a moradora Neuza Fernandes.
Processo de desocupação
Marãiwatsédé Índios (Foto: Reprodução/TVCA)Marãiwatsédé será entregue ao povo Xavante após
desocupação (Foto: Reprodução/TVCA)
O processo de desocupação dividiu a Terra Indígena de Marãiwatsédé, do povo Xavante, em quatro áreas. Pelo plano, serão desocupadas primeiro as grandes propriedades, seguidas pelas médias e pequenas. A comunidade de Posto da Mata será a última a ser desocupada.
Em comunicado à imprensa, a Funai informou que em quase 20 dias de operação foram vistoriadas 83 fazendas, sendo que 46 delas foram desocupadas. Somente entre os dias 20 e 27 de dezembro foram atingidas mais 30 fazendas, estando 16 desalojadas. A fundação afirmou ainda que em alguns locais as equipes estão tendo dificuldades de acesso e, por isso, há a necessidade do uso de aeronaves para o cumprimento dos mandados.
A área em disputa tem uma extensão aproximada de 165 mil hectares. Ainda de acordo com a Funai, o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.

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