No Norte do RS, catador transforma lixo em presentes para crianças

Seu Chicão separa lixo para reciclagem há 25 anos em Passo Fundo.
Empresas também colaboram com alimentos e brinquedos para as doações.

Do G1 RS

Em Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, um catador de papel encontrou uma forma de alegrar crianças carentes da região no Natal. Valdelirio Nunes de Souza, conhecido como Seu Chicão, separa lixo para reciclagem há 25 anos. De tanto ver brinquedos jogados fora, decidiu que poderia estender a brincadeira a quem não tem condições de comprar diversão, como mostra a reportagem do Bom Dia Rio Grande, da RBS TV (veja o vídeo).
"A gente conserta o ano inteiro. O que vai entrando aqui, se tem condições, a gente vai consertando", diz Chicão.
São bicicletas, carrinhos, bonecas. Alguns precisam de pintura, outros de um pouco de cola, linha e agulha. Recuperados, os brinquedos ficam em caixas à espera dos novos donos.
Apesar da boa vontade, Seu Chicão enfrenta alguns problemas. A velha caminhonete que ele usa para recolher doações, por exemplo, nem sempre colabora. "Ela estraga... A gente vai suprindo, tem os amigos que dão uma força, apelamos para alguém", conta.

Seu Chicão distribui os presentes (Foto: Reprodução/RBS TV)

Chicão recebe ajuda de amigos e empresas que também doam brinquedos e alimentos para ajudar na missão do papeleiro. Depois de um ano de trabalho, muitas vezes solitário, ele é recompensado com vários sorrisos ao assumir a identidade popular de Papai Noel das comunidades carentes.
As crianças costumam formar filas dentro do ginásio onde ocorre a distribuição dos presentes. No local elas ainda ganham cachorro quente e refrigerante.
A dona de casa Fátima da Rosa resumiu o que o Papai Noel catador representa para as crianças da região: "Seria triste, as crianças gostam de ganhar bastante presente. O único que lembra das crianças é ele", diz.
Ao ver tanta alegria, Seu Chicão não segura a emoção. "O brinquedo, por mais humilde que seja, é uma grande coisa, por isso a gente agradece a todos que colaboram e participam", salienta ele, sem conseguir segurar as lágrimas.