MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Atitudes Positivas: Um 2013 com mais respeito ao próximo

Diego Barreto A TARDE

  • Marco Aurélio Martins | Ag. A TARDE
    Desrespeito é visto diariamente em vários locais, como filas de banco e hospitais
Quem viaja de ônibus pode garantir: precisar de uma cadeira vaga e ela estar ocupada não é coisa boa. Principalmente se esse lugar é reservado por lei e o usuário que o ocupa não é idoso, gestante ou deficiente físico. Desrespeitos como estes são vistos diariamente em todos os lugares. Em filas de banco, de supermercado, atendimento em guichê de rodoviária ou no hospital, sempre há um apressado para furar a fila e sobressair em qualquer situação.

A prática de levar vantagem sobre o outro é inata aos seres pensantes e, como costumam dizer, é um ato genuinamente do ser humano. O famoso "jeitinho brasileiro", ao mesmo tempo que é usado para resolver algum caso embaraçoso, na maioria das vezes fatalmente deixa alguém com o prejuízo da ação.
De acordo com a socióloga da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Marita Palmeira, isso se deve, principalmente, à falta de educação no lar. Segundo ela, os pais são os responsáveis em ensinar aos filhos os valores morais e princípios básicos de conviver bem em sociedade. O que, na sociedade moderna, cada vez mais fica a cargo de tios, amigos ou da própria escola - que está preparada para ensinar a desenvolver o conteúdo intelectual, não os morais.

A especialista explica que a sociedade está em constante mutação e nesse processo de mudança houve um descuido em priorizar o respeito pelo outro. "Estive na França de férias e, durante um passeio ao shopping, quatro jovens brasileiros, aparentemente de classe média, passaram por mim gritando e xingando em português. Isso só reflete que quando não são oferecidos esses valores morais, mesmo estando em classe social alta, em qualquer lugar do mundo, as pessoas não colocam em prática depois de crescidas".
Necessidade de leis - De acordo com o estatuto do idoso (Lei Federal 10.741/2003), toda pessoa com idade maior ou igual a 65 anos tem direito a gratuidade nos veículos de transporte coletivo urbano. O benefício se estende às pessoas com deficiência. No caso das gestantes, elas tem o direito de entrar no coletivo pela porta da frente e o cobrador vir até o local onde estão sentadas para cobrar a passagem, isso para evitar que as grávidas passem pela catraca (borboleta) com o barrigão.
Além disso, os coletivos possuem lugares reservados para esse público, mas na maioria das vezes, os assentos estão ocupados por pessoas mais jovens, sem deficiência ou que não estão gestantes. O pior é que essa turma, com honrosas exceções, não cede o lugar.
O aposentado Joseilton Brandão tem 62 anos e três dias na semana precisa viajar de ônibus. Ele reclama do desrespeito das gerações atuais para com as pessoas mais velhas e se queixa da falta de bom senso. "O pior não chega nem a ser a falta de educação no ônibus em não ceder o lugar para os de mais idade. Pior é quando estou no supermercado, na fila preferencial para pessoas com mais de 60 anos e aparece algum espertinho querendo tomar a frente e ser logo atendido".
A necessidade da criação das leis acontece baseado nos costumes socialmente aprovados, para viabilizar uma convivência harmônica. Em uma sociedade onde é costume ser cortês, possivelmente não será necessária a criação de tantas leis para obrigar ao respeito aos direitos do próximo. Na Espanha, por exemplo, não há lei para o atendimento obrigatório de idosos em caixas de supermercado.
"Volto a destacar a educação. Quando você não tem quem lhe ensine as coisas, você cresce sendo instruído pelo meio que vive. Quando aumenta a leitura, o convívio em grupo e o processo educativo é de qualidade - tanto em casa, quanto na escola - as pessoas crescem praticando bons costumes. Com as famílias desmanteladas como estão hoje, certamente a sociedade também está. A família é a base da sociedade", frisa Marita.
Causa e efeito - Se é no núcleo familiar que as crianças aprendem a respeitar o outro, as atitudes da sociedade apenas refletem o que é visto em casa. Se há desrespeito, falta de consideração pelo próximo e existe falta de cortesia, cultivar esses valores em família é o recomendado pela socióloga para que as pessoas possam "suportar" umas as outras.
O cidadão baiano tem fama nacional de ser um povo gentil, mas para isso acontecer, de fato, como o mito prega, algumas mudanças de atitude devem ocorrer. Ceder o espaço para os mais velhos, transferir a vez para que uma pessoa com deficiência seja atendida primeiro ou permitir que uma gestante passe à frente não traz prejuízo mas melhora a harmonia e, consequentemente, cria um clima amistoso no ambiente.
Quando o egoísmo satisfaz o ego de uns, prejudica a maioria. E se a maioria precisa de um clima melhor para conviver em sociedade, não faz mal cultivar bons hábitos de respeito ao próximo para 2013.

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