MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

MAIS UM ABSURDO NA SAÚDE DO BRASIL

Com hospitais lotados, ES mantém 120 leitos fechados há 1 ano

CRM denunciou a inatividade no Hospital das Clínicas, em Vitória.
No Hospital São Lucas, pacientes ficam no chão, ao lado do mofo.

Glacieri Carraretto e Mário Bonella Do G1 ES

O Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), conhecido como Hospital das Clínicas, em Maruípe, Vitória, está com 120 leitos fechados há cerca de um ano, segundo denúncia do Conselho Regional de Medicina (CRM) do estado. Mesmo em meio a hospitais públicos lotados e prontos-socorro com atendimento precário no Espírito Santo, os leitos estão sem uso, com equipamentos novos e em quartos amplos. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) informou que disponibilizou médicos, enfermeiros e repassou o dinheiro para o Hucam, mesmo não sendo responsável pelo hospital. Já a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que administra a unidade de saúde, disse que os leitos foram fechados devido a falta de profissionais, mas alegou que devem voltar a funcionar ainda este mês.
Enquanto isso, maca para deitar se torna um luxo no Hospital Estadual São Lucas, em Vitória, referência no atendimento de urgência e emergência. Os paciente ficam pelos corredores, encostados em paredes mofadas e ao lado de roupa suja, e a lixeira vira recipiente para urina. Tudo isso, não é novidade. "Paciente como dreno torácico no corredor e crianças recebendo hidratação venosa em uma cadeia de plástico. Nestas circunstâncias, não tem como um médico fazer uma boa prática médica". Na semana passada, o médico Paulo Roberto Paiva declarou em redes sociais que a unidade hospitalar é o ''rascunho do inferno'' e que até já operou com moscas ao redor.
O Conselho Regional de Medicina chegou a pedir interdição do Hospital São Lucas, mas para fica a dúvida: "O que nós do CRM questionamos é se a interdição do único hospital que trata traumas no estado é uma medida que vais alvar mais vidas ou contribuir com mais mortes? A situação só não é pior pois a equipe médica que atua  lá é muito competente", pontuou o presidente da entidade, Aloízio Faria.
Mas se o Hospital São Lucas fechar, para onde as pessoas vão? As unidades dos bairros não dão conta nem mesmo dos casos mais simples. No Pronto Atendimento de Itacibá, no município de Cariacica, na Grande Vitória, por volta de meio-dia de terça-feira (25) inúmeras pessoas aguardam por um atendimento, desde do início da manhã. "Estou aqui me sentindo humilhada. Não estou pedindo uma esmola, não é um favor, é um direito meu", afirmou a assistente social Estelina Souza, que esperava por uma consulta.  Mas nem mesmo para quem conseguiu o sonhado atendimento médico, a angustia termina . O pai do  pedreiro José Carlos Rodrigues foi atendido, está com problemas pulmonares mas precisou passar a noite no Pronto Atendimento enquanto não conseguia uma vaga em um hospital público para o pai dele ser internado. "Meu pai não foi transferido por falta de vaga. Eu me sinto um fracassado", afirmou o pedreiro quando viu o pai finalmente ser transferido para um hospital.
Segundo o CRM, 627 leitos públicos no Espírito Santo foram fechados nos últimos sete anos, seja por falta de investimento ou porque os dois maiores hospitais públicos, entre eles o Hospital São Lucas, estão em reforma. Com a falta de vagas na rede estadual, o Governo do Espírito Santo paga por vagas nos hospitais da rede particular. Do ano passado para 2012, já foram gastos cerca de R$ 100 milhões. O presidente do Conselho, Aloízio Faria, afirma que o pronto-socorro e a UTI do Hospital das Clínicas também estão fechados desde fevereiro.
Enquanto isso, macas e equipamentos novos e em quartos arejados do Hospital das Clínicas estão vazios, tudo pronto para receber os pacientes.  Durante um ano, os leitos estão fechado enquanto  mais e mais pessoas procuram  por vagas. O médico Aloízio Faria afirma que não há explicação lógica nessa contradição. "Eu não vejo uma explicação administrativa para isso. Falta vontade política. O governo tem que entender que saúde é prioridade e um direito de todos. É obrigação do Estado", ressaltou.
O Hucam é administrado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que apontou a falta de profissionais como a causa para o fechamento. No entanto, a Ufes confirmou que assinou um contrato com uma empresa e deve reabrir os leitos ainda este mês. O Governo Estadual, por meio da Sesa, afirmou que o Hucam não é responsabilidade do Estado, mas alegou que disponibilizou profissionais e recursos para que os leitos sejam abertos. Sobre o Hospital São Lucas, a Sesa informa que a unidade passa por uma reforma que deve terminar no próximo ano.

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