Equipe do Hospital do Subúrbio faz abraço simbólico contra invasão

Secretário Estadual da Saúde participou de ato nesta segunda-feira (17).
Familiares de vítima de leptospirose acusam hospital de negligência médica.

Do G1 BA

Funcionários do Hospital do Subúrbio fizeram 'abraço simbólico' em protesto contra invasão à unidade. (Foto: Imagem/TV Bahia)

Os funcionários do Hospital do Subúrbio, em Salvador, fizeram um abraço simbólico na frente da unidade de saúde na manhã desta segunda-feira (17). O secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, e a diretora do hospital, Lícia Cavalcanti, participaram do ato, feito após a invasão da emergência da unidade na sexta-feira (14). Na ocasião, parentes e amigos de um paciente de 23 anos entraram no hospital levando o caixão com o corpo do jovem momentos antes dele ser enterrado. Eles acusam a equipe médica da unidade de negligência. O rapaz morreu na quinta-feira (13) vítima de leptospirose, doença causada por uma bactéria presente na urina de ratos.
"É um ato de desagravo de todos os funcionários e representantes da sociedade da região em função de uma unidade tão importante para assistência da saúde", disse o secretário estadual da Saúde na manhã desta segunda.
Para a diretora do hospital, Lícia Cavalcanti, o ato representa a atenção e cuidado que toda equipe da unidade de saúde tem com os pacientes. "Esse ato representa nosso afeto, nossa atenção, o nosso cuidado e proteção com o Hospital do Subúrbio. Essa proteção nada mais é do que a consciência tranquila de um dever cumprido diariamente, atendendo de forma correta aos pacientes. O que não podemos aceitar é um grupo isolado prejudicar o patrimônio público", afirmou.

Jorge Solla falou ainda que todos os procedimentos necessários para atender bem ao paciente foram tomados tanto no Hospital do Subúrbio, quanto no Hospital Couto Maia. "A apuração foi feita e não há qualquer indício de negligência, de imperícia, de falha no ato médico. Pelo contrário, já analisamos tudo que aconteceu aqui [Hospital do Subúrbio] e no Couto Maia. Em todas as situações, o paciente foi assistido de forma tecnicamente adequada de acordo com os sintomas que ele apresentava. Mesmo assim, vamos encaminhar o caso ao CRM [Conselho Regional de Medicina] e vamos apurar o ato contra o hospital. Houve uma organização do ato, com ônibus, convocação da mídia, foi feita uma articulação clara para que a depredação ocorresse. Foi um articulado para atacar o hospital", afirmou.
O secretário disse ainda que as pessoas que participaram da invasão ao hospital foram filmadas pelas câmeras do sistema de segurança da unidade e que as imagens serão encaminhadas à Secretária de Segurança Pública do Estado (SSP-BA).
Entenda o caso
Segundo a família, a vítima foi atendida e liberada do hospital duas vezes sem um diagnóstico. O pai do jovem disse que informou ao médico que o filho tinha caído em um canal e alertou sobre a possibilidade dele estar com a doença. A direção do hospital negou, e disse que os manifestantes colocaram em risco a vida dos pacientes que estavam sendo atendidos na emergência no momento da invasão. (Veja caso nas imagens abaixo).

De acordo com o pai da vítima, Davi de Santana, eles foram até a unidade de saúde para reclamar de descaso do hospital durante os primeiros atendimentos. "O que estamos levando em conta é o fato de todo esse descaso no Hospital do Subúrbio. Todo mundo que vai para lá é detectado com virose. Eles só querem atender emergência, com tiro e facada. Quando você chega lá com dor no corpo, eles dizem que é virose", relatou Cristiane Santos, prima da vítima.
Segundo o Hospital do Subúrbio, "o paciente deu entrada na unidade hospitalar no dia 10/09/12 e, sem aguardar atendimento médico, evadiu-se. No dia 11/09/12, às 13h45, retornou ao HS com queixa de dor lombar após queda. Foi atendido pelo neurocirurgião, realizou exames de imagem, foi medicado e permaneceu em observação até às 22h14, quando recebeu alta por melhora. O paciente também recebeu as informações para os cuidados necessários", informou a unidade de saúde em nota enviada à imprensa.

Canal onde vítima pode ter contraído a doença.
(Foto: Imagens/TV Bahia)

Leptospirose
Cristiane Santos, prima da vítima, afirma que o rapaz caiu no canal poluído do Rio Vale do Paraguari, no bairro de Periperi, há 10 dias. "Ele caiu e foi para casa, tomou banho e não sentiu nada. Só na segunda-feira (10) ele começou a sentir dores e ficou com febre. Levamos ele no Hospital do Subúrbio e disseram que era virose. Medicaram e mandaram para casa", disse.

Ela conta que, como a febre voltou e ele já vomitava sangue, eles retornaram ao mesmo hospital e, dessa vez, o encaminharam para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Lá eles disseram que era um problema de coluna e nos encaminharam novamente para o hospital do Subúrbio. Lá, eles resolveram fazer um exame de sangue, foi quando detectaram a doença. Por fim, transferiram ele para o Hospital Couto Maia, onde ele veio a falecer".
Segundo informações da Sesab, de janeiro a abril de 2012 foram registrados 26 casos de leptospirose no estado, com duas mortes. Uma em Salvador e outra em Candeias.