MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Residência sempre manteve portas abertas para o povo

Cleidiana Ramos A TARDE

  • Fernando Vivas | Ag. A TARDE
    Dona Canô em frente à sua casa, em Santo Amaro da Purificação
Quem vai a Santo Amaro pela primeira vez não precisa de muita informação. Qualquer coisa é só perguntar onde fica a Casa de dona Canô. Se for em dia de festa, vai ser recebido com pompa e circunstância, pois a porta sempre aberta é uma das características do endereço famoso da cidade. Além disso, vai poder saborear iguarias especiais. Aliás, a culinária era uma das suas principais artes. Não à toa, a filha Mabel compilou  receitas no livro  O Sal é um Dom, lançado em 2008.
A obra traz 100 receitas saídas da cozinha de dona Canô a partir do seu próprio tempero. "Mais do que receitas é um livro sobre vida. É o nosso dia a dia, a nossa casa. As refeições aqui são tratadas como um momento importante e, prova disso é que, até hoje, minha mãe faz questão que todos se sentem ao redor da mesa", disse a autora na época da publicação.
O livro tem a apresentação de ninguém menos do que o professor Vivaldo da Costa Lima, o mestre dos estudos sobre a culinária baiana, que morreu  em 2010. A receita do famoso ensopado de maturi, além das de doces e biscoitos foram reunidas. Mabel copiou as receitas apenas observando a mãe cozinhar, pois como uma boa  matriarca, dona Canô usava o faro, o talento ou "a mão" como se diz para temperar seus pratos.

Festa -  Além do sabor especial, as refeições na casa dos Velloso, invariavelmente acabavam em samba de roda. Aliás, esse clima musical embalou a infância e foi um dos ingredientes indispensáveis para o despertar do talento de Caetano e Maria Bethânia.
"Se seu Zezinho gostava de poesia, dona Canô prezava o teatro em casa. Ela gostava muito de cantar, principalmente as músicas de Orlando Silva, de Nora Nei. A casa dos Velloso sempre foi cercada por essa atmosfera cultural. Tinha ainda os jograis da igreja, os ternos de rei", lista o jornalista e antropólogo Marlon Marcos. Não é à toa que, o clima na festiva Santo Amaro hoje ganha tons de cinza.

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