MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 15 de setembro de 2012

CRIME AMBIENTAL PERDOADO PELO IBAMA

Brigadistas flagram em MT milhares de peixes mortos em ritual indígena

Lagoa da Terra Indígena de Urubu Branco ficou coberta de peixes mortos.
Segundo brigadistas, índios usam substância de cipó para matar os peixes.

Dhiego Maia Do G1 MT

Milhares de peixes morreram em ritual de pesca indígena no interior de Mato Grosso (Foto: Agência da Notícia)Milhares de peixes morreram em ritual de pesca indígena no interior de Mato Grosso (Foto: Agência da Notícia)
Brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) flagraram durante os trabalhos para conter o avanço do fogo na Terra Indígena de Urubu Branco - que é consumida pelas chamas há mais de 20 dias em Confresa, a 1.160 quilômetros de Cuiabá – uma mortandade de peixes em uma lagoa  pertencente à etnia dos tapirapés. Entre os peixes mortos, os brigadistas encontraram espécies de tucunarés, traíras e lambaris.
Em entrevista ao G1, o chefe da Brigada do Prevfogo da cidade, Raimundo Batista de Paula, informou que os peixes morreram durante um ritual indígena de pesca. No ritual, segundo o chefe da brigada, os índios utilizam um cipó conhecido na região como timbó. Em contato com a água, o vegetal libera uma substância tóxica capaz de matar os peixes em questão de minutos. “Eles colocam o cipó na água que acaba retirando o oxigênio. Os peixes morrem e eles só retiram os pescados maiores. Os pequenos ficam na lagoa”, informou.
Ainda de acordo com informações do chefe da brigada, os indígenas preferem deixar os peixes de menor volume na lagoa como alimento para os pássaros. Aos brigadistas, os indígenas também relataram que a substância não faz mal à saúde e sempre foi usada entre eles no ritual.
Ao G1, o secretário de Agricultura de Confresa, José Pereira, ressaltou que registrou oficialmente a mortandade dos peixes, mas adiantou que a prática não configura crime ambiental por se tratar de um ritual que integra a cultura dos índios. “Registramos para o nosso conhecimento. A Funai também foi comunicada sobre o ocorrido, mas não podemos tomar nenhuma atitude pelo fato de ter sido registrado numa terra indígena”, salientou o secretário.
Dificuldades
Além do tempo seco e dos ventos que alastram as chamas de um lado a outro no território indígena, o chefe da Brigada de Combate a Incêndios na cidade disse que enfrenta a insistência dos índios em atear fogo no local. "A gente fez um trabalho muito intenso para apagar as chamas, mas eles (índios) sempre acabam colocando fogo novamente", salientou. Ele informou que um grupo de 20 brigadistas deixou a região nesta sexta-feira (14) rumo a outras áreas com maior volume de focos de calor.
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Segundo brigadistas, índios usam substância tóxica de cipó para matar e recolher o pescado (Foto: Agência da Notícia)Segundo brigadistas, índios usam substância tóxica de cipó para matar e recolher o pescado (Foto: Agência da Notícia)
Para o conselheiro indigenista, Gilberto Vieira, que já atuou na região, a prática de usar fogo, possivelmente, para a caça de animais silvestres é um costume quase que extinto entre os indígenas de Urubu Branco. "Os índios saíram de lá nos anos 50 e retornaram depois no final da década de 1970. Eles têm uma grande preocupação com a preservação da vegetação que já está em transição para uma mata secundária", atestou. Vieira lembrou, porém, que a região já apresenta invasão de posseiros, o que poderia explicar a presença de fogo no local.

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