Números frustrantes de atividade na
China e nos EUA fizeram as Bolsas cair em todo o mundo ontem, expandindo
para os países desenvolvidos a crise financeira que atingia os
emergentes em janeiro.O
Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, despencou 3,13%, maior
desvalorização desde julho. O índice atingiu seu menor patamar também em
sete meses. Todas as suas 72 ações caíram. As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras recuaram 5,8%, para R$ 13,85, o menor valor desde 2005.
A Bolsa brasileira já caiu 10,41%
desde o início do ano, por causa das dúvidas provocadas pelo crescimento
mais lento da China e os efeitos da recuperação dos países ricos. Os
dois fenômenos afetam emergentes, como o Brasil. A demanda chinesa
menor derruba o preço das commodities e reduz o fluxo de dinheiro para
os exportadores.
Apesar do dado negativo de ontem,
vários indicadores sinalizam a recuperação da economia dos EUA. A
retomada funciona, no curto prazo, como um "aspirador de dólares",
atraindo capital antes investido nos emergentes. Essa
migração de recursos para os EUA se acelerou no mês passado, com a
decisão do Fed (banco central americano) de cortar as injeções de
dólares na economia.A saída de dinheiro agrava problemas estruturais dos emergentes, elevando ainda mais a incerteza de investir.
DÓLAR EM ALTA
Com investidores tirando dinheiro do
Brasil, o dólar à vista (referência no mercado financeiro) subiu 0,74%,
para R$ 2,433. Entre 24 moedas emergentes, 17 caíram. Os
fundos negociados em Bolsa dos mercados emergentes registraram resgates
de US$ 4,4 bilhões (4,8% de seus ativos) na semana passada. Ao longo do
ano passado, sofreram queda de 15,8%.
Embora no longo prazo a retomada
americana --a maior do mundo-- seja benéfica para os emergentes, no
curto prazo ela provoca perda de divisas e alta de juros (como forma de
tentar segurar os recursos investidos). Nas
últimas semanas, a turbulência acentuou a perda de valor do peso
argentino e provocou alta de juros na Turquia, na Índia e na África do
Sul. O Brasil já vinha
subindo a taxa básica, a Selic, mas uma recente pressão por um ritmo
maior na alta dos juros passou a preocupar o governo.
Em reação à crise
de confiança dos investidores, a presidente Dilma foi enfática na
mensagem de reabertura dos trabalhos do Congresso. Ela
assegurou que o Brasil está preparado para enfrentar a crise e
alfinetou os países desenvolvidos afirmando que ninguém pode reconstruir
a economia mundial isoladamente. (Folha de São Paulo)
BLOG DO CORONEL
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