"A queda da indústria deixa evidente que o que está mantendo o país com uma
taxa de crescimento apenas moderada são os problemas no campo da oferta e isso
deve continuar neste ano", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano
Rostagno, que vê expansão de 1,8 por cento do PIB em 2014.
O fim de 2013 havia surpreendido pelos fracos resultados na indústria e no
varejo, que também jogaram água fria sobre as expectativas de recuperação em
2014, um ano eleitoral e que pode dificultar ainda mais a vida da presidente
Dilma Rousseff, que vai tentar a reeleição.
A confiança do consumidor também iniciou o ano mostrando fraqueza. Em
fevereiro, atingiu seu menor nível desde maio de 2009.
"O mercado esperava uma queda no investimento, o que não aconteceu. É
possível que o aumento do investimento tenha a ver com maiores estoques. Assim,
devemos ter um número mais fraco do PIB no primeiro trimestre", afirmou o
economista da gestora de recursos Saga Capital Gustavo Mendonça. "O ano começou
com muita incerteza."
ANO FECHADO
Em 2013 como um todo, a FBCF --medida de investimentos-- foi a boa notícia,
com crescimento de 6,3 por cento sobre o ano anterior, que passou a ter
participação positivo no resultado anual, de 1,3 ponto percentual. Também se
destacou o setor agropecuário, com alta de 7 por cento no período, mas que tem
um peso menor no PIB do que Indústria e Serviços.
O consumo do governo teve expansão de 1,9 por cento no ano passado, enquanto
que o das famílias, de 2,3 por cento. Neste caso, apesar de ter respondido por
1,4 ponto percentual do PIB de 2013, foi o pior resultado desde 2003,
influenciado pelos juros mais elevados e pelo câmbio.
Para 2014, os especialistas, segundo última pesquisa Focus do Banco Central,
apontam que o PIB deve crescer ainda menos, apenas 1,67 por cento, expectativas
que vêm se deteriorando a cada dia. No final do ano passado, elas indicavam
crescimento de 2 por cento.
O IBGE informou ainda que as exportações de bens e serviços cresceram 2,5 por
cento no ano passado sobre 2012, enquanto as importações de bens e serviços
tiveram expansão de 8,4 por cento no período.
(Reportagem adicional de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro, Camila Moreira,
Bruno Federowski e Asher Levine, em São Paulo)
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